"Custo Paraná" já cobra preço alto do Estado

28 de abril de 2011

"Custo Paraná" já cobra preço alto do Estado

"Custo Paraná" já cobra preço alto do Estado 150 150 Cimento Itambé

Economia paranaense perde competitividade por causa de gargalos da infraestrutura e, principalmente, por que tem baixa qualificação de mão de obra

Por: Altair Santos

Dezesseis das maiores empresas instaladas no Paraná decidiram cruzar seus dados para projetar o futuro da economia paranaense daqui a quatro anos. As conclusões a que chegaram é que, assim como o país carrega o chamado “custo Brasil”, o Estado convive com o “custo Paraná”. Ele se materializa em gargalos de infraestrutura, como os que afetam o porto de Paranaguá, na carga tributária alta, na burocracia e, sobretudo, na escassez de mão de obra qualificada.

Carlos Echeverría: “O Paraná está perdendo atratividade e é preciso correr contra o relógio.”

O estudo, cujo relatório foi apresentado ao governo estadual no começo deste ano, esteve sob a coordenação do diretor de recursos humanos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Carlos Echeverría. Ele conclui que, se nada for feito no médio prazo, o Paraná tende a vir a sofrer do “efeito ABC”. Trata-se de um fenômeno semelhante ao que ocorreu no ABC paulista no final do século passado, quando a mão de obra excessivamente cara causou a migração de indústrias para outras regiões do país.

Segundo Echeverría, as empresas que fizeram parte da pesquisa pretendem, até 2014, gerar 18.770 novas vagas. Destas, 5.443 vão exigir formação superior, 8.072 serão para técnicos e 5.255 para trabalhadores com o ensino médio completo. O problema está na capacitação destes profissionais. Boa parte deles não terá como se candidatar às vagas ofertadas, o que vai obrigar a “importação” de mão de obra. “Isso exige que as organizações recrutem profissionais em outras regiões, como São Paulo. Ao efetuar estas contratações em centros mais caros, gera-se incremento de custo na folha de pagamento, tanto na atração quanto na retenção dos profissionais”, explica Carlos Echeverría.

A conclusão é que o Paraná está se tornando pouco competitivo. Dados recentes divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) comprovam essa tendência. Em 2010, o crescimento industrial do Paraná foi de 1,5%, enquanto a média nacional ficou em 3,4%. Já a folha de pagamento no Estado teve um aumento real de 9% em relação a 2009, enquanto a média nacional foi de 6,8%. “Percebe-se que o nível de atividade ficou na metade do nacional, mas o custo da mão de obra cresceu mais do que o nacional. O que acontece? A mão de obra aqui está mais cara. É a comprovação do efeito ABC”, destaca Echeverría.
Para estancar esse desequilíbrio entre crescimento e custo da mão de obra, o estudo baseado em dados das 16 empresas propõe que sejam criados pólos de formação de mão de obra em todo o Estado, para que essas vagas sejam preenchidas pelos jovens que estudam no Paraná. “Hoje nosso mercado se ressente muito de engenheiros civis e mecânicos, de médicos do trabalho, de profissionais de Tecnologia da Informação e de profissionais de nível gerencial”, enumera Echeverría.

O diretor de recursos humanos da PUC-PR avalia que a primeira medida do governo para enfrentar o “custo Paraná” seria diagnosticar as carências de mão de obra qualificada em todo o Estado. Esse mapeamento, sugere, poderia ser feito através da secretaria estadual de Educação. “Ela é o organismo mais preparado para identificar essas carências e preparar as escolas técnicas para executar os pólos de formação”, diz.

Ainda, segundo Echeverría, as 16 empresas que serviram para fomentar o estudo se propõem a ser parceiras de um programa de qualificação. “As empresas estão dispostas a fazer parceria para a formação de mão de obra, seja com investimentos em dinheiro ou disponibilidade de técnicos”, completa, avaliando que as medidas devem ser urgentes. “O Paraná está perdendo atratividade e é preciso correr contra o relógio”, alerta Carlos Echeverría.

Perfil das empresas
O estudo que mapeou o “custo Paraná” englobou empresas que pertencem à indústria (70%) e ao setor de serviços (30%). As 16 organizações pesquisadas são as seguintes: Boticário, Volvo, Renault, GRPcom, Bematech, GVT, Kraft Foods, Philip Morris, Correios, ALL, Case New Holland, Novozymes, AkerSolutions, HSBC, Positivo e Petrobras.

Quantidade de empregos que as 16 corporações pretendem criar até 2014

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Entrevistado
Carlos Echeverría, diretor de recursos humanos da PUC-PR
Currículo

– Graduado em Matemática, Administração de Empresas e Pós-Graduação RH
– Já atuou em empresas como H.B.Fuller Company; Cia. Cervejaria Brahma; Pirelli Pneus; Bosch Divisão Diesel
Contato: carlos.echeverria@pucpr.br ou drh@pucpr.br

Crédito: João Borges/Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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