Criptomoedas na venda de imóveis: como funciona?

Grandes players do mercado adotam esse método de pagamento em suas vendas
15 de junho de 2022

Criptomoedas na venda de imóveis: como funciona?

Criptomoedas na venda de imóveis: como funciona? 1016 678 Cimento Itambé
Criptomoedas são seguras e devem atrair público mais jovem.
Crédito: Envato

Desde 2017, algumas construtoras vêm aceitando o uso de criptomoedas na venda de imóveis aqui no Brasil. Há cinco anos, a Tecnisa iniciou este movimento e, mais recentemente, outras marcas adotaram este tipo de pagamento, como Gafisa e a Melnick. Por que estes grandes players vêm apostando neste método? Será uma tendência de mercado?

Como funciona o pagamento por criptomoedas?

Antes de mais nada, a criptomoeda é um ativo, assim como joias ou ações. “Ela é um ativo que chamamos de moeda não-fiduciária, isto é, não tem um controle estatal ou um banco central controlando-a ou gerindo sua emissão. Ela tem o poder de compra e troca, mas é descentralizado”, destaca Elaine Keller, advogada especializada em Direito Digital.

Ao falar da compra de um bem, ela é mais uma alternativa. “Entre tantas possibilidades que você tem para adquirir um imóvel, ela é mais uma. Com isso, abre-se o leque para novas gerações de pessoas que estão entrando no mercado de trabalho e já estão bastante adaptadas ao mercado digital. Muitos empreendedores viram nisso uma oportunidade de captar mais clientes pro seu negócio”, explica Elaine.

Vale lembrar que este é um processo seguro. “Qualquer criptomoeda é transmitida através de um token, que por sua vez passa por um blockchain, que é um sistema de travas eletrônicas, que garante a confiabilidade e segurança dos dados. É como se fosse um super cofre virtual”, afirma Fábio Tadeu Araújo, sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica.

Como funcionam as vendas de imóveis com criptomoedas?

Elaine conta que o procedimento é relativamente simples. “Hoje, uma pessoa é dona de uma determinada quantidade de criptoativos. Ela procura uma corretora de imóveis ou imobiliária que já trabalha com este ativo como meio de pagamento. Com isso, você negocia o valor e faz uma transferência da sua carteira para a da construtora/imobiliária. O único risco é que, por ser uma moeda, ela tem uma volatilidade muito grande, podendo estar em alta em um dia e cair posteriormente. Portanto, isso pode afetar o negócio. Há muitos investidores que optam por usar stablecoins, que são atreladas a uma moeda fiduciária, em geral ao dólar – justamente para diminuir a volatilidade e auxiliar na hora da negociação ”, lembra Elaine.

De acordo com Elisa Rosenthal,  diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário, e Gustavo Zanotto, profissional especialista no ramo imobiliário, é necessário que exista uma cultura de uso de carteiras digitais, que são onde as criptomoedas são armazenadas e, para que isso ocorra, o primeiro passo é criar uma educação do uso de uma moeda cripto. 

“Para ter segurança neste modelo de transação é preciso escolher uma plataforma exchange confiável, saber como executar uma transação em moedas digitais e, por fim, entender que se trata de um mercado de alto risco, com câmbio variável, como o mercado de ações (bolsa de valores)”, expõem Elisa e Zanotto.

Legislação para venda de imóveis com criptomoedas

Ainda não há uma regulamentação formal no uso desta modalidade de pagamento. “Trata-se de uma transação que envolve, na maioria dos casos, o vendedor com o comprador, também conhecido como peer-to-peer, sem acontecer o papel da intermediação imobiliária, ainda carente deste tipo de capacitação e qualificação”, afirmam Elisa e Zanotto.

Segundo Elaine, ainda há uma lei tramitando no Congresso que diz respeito ao uso de criptomoedas. 

As criptomoedas vieram pra ficar?

Na opinião de Elisa e Zanotto, à medida que a cultura da criptomoeda vem se difundindo de forma mais ampla na nossa economia e sociedade, percebe-se que, da mesma maneira que temos um aumento significativo de investidores pessoa física na bolsa de valores, temos um volume maior de investidores em criptomoedas. “Para o mercado imobiliário, especificamente, esta é uma enorme vantagem, pois abre uma grande janela de oportunidade para que mais empresas e profissionais do setor conversem com os novos investidores e promovam maior interação nas relações de negócios, onde produtos se tornam mais atrativos com esta condição de comercialização”, expõem. 

Para Elaine, o brasileiro tem tudo para se tornar adepto deste formato de pagamento. “É um povo que adota inovação com muita facilidade. É o caso do Pix, por exemplo”

Araújo acredita que, em muitos casos, trata-se de uma ação mais publicitária. “Estas empresas facilitaram a vida de quem já investe em bitcoins, ao mesmo tempo em que fez uma ação publicitária”, conclui.

Entrevistados

Elisa Rosenthal é diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Colunista HSM Management, do blog Conecta Imobi, Mundo Zumm e Exame Invest. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Gustavo Zanotto é profissional com 20 anos de mercado imobiliário, atuando com indicação e tecnologia. Advisor e mentor de startups.

Fábio Tadeu Araújo é graduado em Ciências Econômicas e pós-graduado em Economia Internacional pela FAE Business School, possui MBA em Gestão de Projetos pelo IBMEC. É sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica.

Elaine Keller, advogada especializada em Direito Digital, é formada pela FADISP e Mestranda pelo IDP – Direito, Tecnologia e Regulação. Além disso, é Membro da Comissão de Direito Digital da OAB-SP e professora da cadeira de Fundamentos da Lei Geral de Proteção de Dados da UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO e da Faculdade FADISP.

Contatos

Assessoria de imprensa – Elisa e Gustavo – stefani@agenciatemma.com
Eliane Keller – elaine@kellersa.com
Assessoria da Brain Inteligência Estratégica – amanda.alves@viracomunicacao.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

15 de junho de 2022

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