Cresce número de pequenos apartamentos em áreas nobres de São Paulo

Cidade ganhou 250 mil microapartamentos entre 2014 e 2020 em bairros como Jardins e Vila Mariana
29 de junho de 2022

Cresce número de pequenos apartamentos em áreas nobres de São Paulo

Cresce número de pequenos apartamentos em áreas nobres de São Paulo 1000 667 Cimento Itambé
Moradores contam com diversos serviços de conveniência e lazer dentro do próprio condomínio, além da praticidade de estar próximo a estações de metrô.
Crédito: Envato

Os apartamentos compactos estão ganhando cada vez mais espaço em São Paulo. Entre 2014 e 2020, a cidade ganhou 250 mil novos apartamentos pequenos, de acordo com dados apresentados pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’. Ainda segundo a publicação, existiu uma explosão de studios e apartamentos com até 45 m² que não foram terminados, principalmente depois de 2019.

Sobretudo, as regiões mais procuradas no mercado de microapartamentos são bairros como Jardins, Pinheiros e Vila Mariana. E, essencialmente, estes imóveis se destinam a jovens solteiros que saem da casa de seus pais e buscam morar nas proximidades de onde trabalham/estudam, ou casais sem filhos que buscam pela praticidade de um lar compacto devido à correria do dia a dia. “Pode ser também um atrativo a quem busca uma moradia temporária, ou alguém de outra cidade ou estado que visita frequentemente determinada região e deseja ter um espaço para sua maior comodidade”, definem Talitha Cassettari e Joe Filho, arquitetos do escritório Joe Filho Arquitetos.

De acordo com Talitha e Filho, os imóveis pequenos são uma ótima solução para morar em bairros valorizados por um menor custo de vida se comparado a um imóvel “padrão”. “Com a mudança gradual no estilo de vida das pessoas, o mercado imobiliário deve acompanhar tais necessidades. Em sua maioria, este cenário de empreendimentos de classe média e média alta no conceito `compacto` oferece muita praticidade em sua infraestrutura aliada ao custo-benefício que estas regiões oferecem quanto à mobilidade urbana e qualidade de vida”, apontam Talitha e Filho. 

Outra vantagem destes imóveis é que o valor de IPTU tende a diminuir pela metragem quadrada reduzida. “Ainda os moradores contam com o benefício de possuir diversos serviços de conveniência e lazer dentro do próprio condomínio, a facilidade de ir e vir devido a estações de metrô próximas, e a redução com despesas e gastos com manutenção. E, apesar de pequenos, com um bom projeto arquitetônico e o olhar de um profissional capacitado, é possível valorizar cada cantinho e trazer a sensação de lar junto à identidade de cada morador”, pontuam Talitha e Filho.

Nova lei de Zoneamento

O aumento desses microapartamentos também foi impulsionado por um decreto de 2016, ligado à Lei de Zoneamento. Nesse sentido, ele possibilitou classificá-las como ‘não residenciais’, isto é, podem funcionar como serviço de hospedagem ou moradia.

Além disso, em 2015, o Plano Diretor de São Paulo determinou que prédios mais altos só poderiam passar a ser construídos próximos às estações de metrô ou terminais de ônibus, o que gerou um aumento considerável nos preços dos terrenos nestas regiões abastecidas por transporte público. “Com isto, consequentemente o custo para construção também aumentou, e para distribuir melhor este impacto foi usado como uma das principais estratégias a redução de metragem de plantas para aumentar a quantidade de unidades vendidas”, destacam Talitha e Filho.

Consequências para a cidade

Na opinião de Talitha e Filho, ao mesmo tempo em que, com o aumento da densidade populacional, algumas regiões e bairros precisarão se reestruturar em questão de mobilidade, trânsito e segurança, também se valorizam pelo novo modelo de movimentação econômica e ressignificação de espaços que anteriormente não tinham seu potencial explorado positivamente para acompanhar o avanço dos estilos de moradia e evolução da cidade como um todo.

Entrevistados

Talitha Cassettari e Joe Filho são arquitetos do escritório Joe Filho Arquitetos.

Contato: contato@joefilhoarquitetos.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

29 de junho de 2022

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