COP27: Aumento da construção gera alta de emissão de carbono

ONU acredita que é possível reverter situação ao utilizar materiais alternativos
23 de novembro de 2022

COP27: Aumento da construção gera alta de emissão de carbono

COP27: Aumento da construção gera alta de emissão de carbono 1024 683 Cimento Itambé
Emissões de carbono pela construção civil cresceram 5% em 2021.
Crédito: Envato

Durante as negociações climáticas da COP27, no Egito, foi apresentado um documento da Organização das Nações Unidas (ONU) que apontou que as emissões de carbono pela construção civil cresceram 5% em 2021, sendo 2% maior que no pico pré-pandemia, em 2019.

Intitulado Relatório de Status Global para Edifícios e Construção (Buildings-GSR), ele fornece um instantâneo anual do progresso do setor de edifícios e construção em escala global e analisa o status de políticas, finanças, tecnologias e soluções para monitorar se o setor está alinhado com as metas do Acordo de Paris. Ele também fornece evidências às partes interessadas para persuadir os formuladores de políticas e a comunidade geral de edifícios e construção a agir.

O relatório de 2022 constata que, apesar de um aumento substancial no investimento e sucesso em nível global, reduzindo a intensidade energética dos edifícios, o consumo total de energia e as emissões de CO₂ do setor aumentaram em 2021 acima dos níveis pré-pandêmicos. 

De acordo com a ONU, a demanda de energia dos edifícios aumentou cerca de 4% de 2020 para 135 EJ – o maior aumento nos últimos 10 anos. As emissões de CO₂ das operações de edifícios atingiram um recorde histórico de cerca de 10 GtCO2, um aumento de cerca de 5% em relação a 2020 e 2% acima do pico anterior em 2019.

Neste ritmo, a organização aponta que não será possível cumprir as metas estabelecidas no acordo de Paris. 

“No entanto, o setor pode mudar. Por exemplo, o aumento dos custos dos combustíveis fósseis torna o investimento em eficiência energética mais atrativo – embora a erosão do poder de compra possa desacelerar investimento. A solução passa por direcionar os investimentos em construção de baixo e zero carbono por meio de recursos financeiros e não incentivos financeiros, especialmente para aqueles que são mais vulneráveis ​​a choques de preços de energia. Também há oportunidades em repensar os materiais. O setor pode reduzir seu impacto por exemplo, olhando para materiais alternativos e cimento descarbonizante. O uso de materiais alternativos é particularmente relevante para o continente africano, foco especial do relatório. Grande parte das novas habitações e o estoque nas próximas décadas será construído na África. Para evitar o aumento das emissões e criar edifícios que são resilientes aos impactos das mudanças climáticas, os países devem olhar para a construção sustentável de materiais e técnicas, em que o continente é rico”, afirma Inger Andersen, subsecretária-Geral da Organização das Nações Unidas e Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Emissões na indústria do cimento brasileira

De acordo com Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), hoje a indústria brasileira do cimento apresenta um dos menores índices de emissão específica de CO₂ no mundo, graças a ações mitigadoras que vêm sendo implementadas pelo setor nas últimas décadas. “Enquanto o mundo em média emite 620 quilos de CO₂ por tonelada de cimento, a indústria brasileira emite 564 quilos. Além disso, de acordo com a Get the Numbers Right (GNR), em 2014, o Brasil tinha 15% de uso de combustíveis alternativos (entre biomassa e resíduos industriais) para produção do cimento. Em 2019, este índice subiu para 31%. Embora seja um número bom e tenha ocorrido uma aceleração, ainda é longe da média dos países europeus, que é de 50%. Em países como Alemanha e Áustria, chega a 90%”, aponta 

Segundo o Roadmap Tecnológico do Cimento, há uma meta de redução da intensidade carbônica em 33% até 2050 no Brasil, com base nos valores atuais. Veja iniciativas da indústria do cimento para reduzir os impactos ambientais.

Fontes

Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

2022 Global Status Report For Buildings And Construction

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Assessoria de imprensa – celso.souza@fsb.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

23 de novembro de 2022

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