Construir ferrovias se torna política de Estado no Brasil

Novo status do setor está ligado a questões ambientais, diversificação dos modais e “custo Brasil”
9 de setembro de 2020

Construir ferrovias se torna política de Estado no Brasil

Construir ferrovias se torna política de Estado no Brasil 1024 683 Cimento Itambé

No 4º Seminário de Infraestrutura de Transporte Ferroviário, o ministério da Infraestrutura deixou claro qual o plano de médio e longo prazo para o modal. Construir ferrovias e ampliar a malha nacional agora é um plano de Estado. Para atingir o objetivo, a estratégia é atuar em duas pontas: aumentar tanto o volume de concessões quanto o investimento público.

As razões para que o setor ferroviário ganhe outro status na política de infraestrutura e logística do governo não são poucas. Entre elas, estão a redução do impacto ambiental, a necessidade de diversificar os modais e o enfrentamento do chamado “custo Brasil”. Estudo da FIESP mostrado no evento revela que os produtos que chegam ao consumidor seriam 5% mais baratos, em média, se transportados por ferrovias.

Modal ferroviário corresponde a 15% da matriz de transporte no Brasil. Meta é chegar a 30% em 10 anos Crédito: MInfraestrutura

Modal ferroviário corresponde a 15% da matriz de transporte no Brasil. Meta é chegar a 30% em 10 anos
Crédito: MInfraestrutura

Atualmente, o modal ferroviário corresponde a 15% da matriz de transporte no Brasil. A meta é chegar a 30% nos próximos 10 anos. O país tem uma malha de 29 mil quilômetros, mas apenas 10 mil quilômetros estão em uso. O que o ministério da Infraestrutura prioriza é recuperar os trechos desativados e interligá-los, criando uma malha nacional.

Os eixos principais a serem conectados são a Norte-Sul, a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), a Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste) e a chamada malha paulista, que permitiria também conexão com o sul do país. Sem esse projeto, em 15 anos o país não dará conta de transportar a colheita do agronegócio brasileiro apenas por rodovias.

Atualmente, de tudo o que o agronegócio colhe, apenas 34% são transportados por ferrovias

Recentemente, a safra 2019/2020 atingiu quase 250 milhões de toneladas e a projeção é que em 2035 esse volume chegue a 400 milhões de toneladas. Estudo do Instituto de Engenharia, intitulado “Ocupação Sustentável do Território Nacional pela Ferrovia”, mostra que uma composição com 134 vagões transporta o equivalente a 500 caminhões nas estradas.

Levantamento da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) revela que desde 1997, quando foram licitadas as primeiras concessões para o setor, a movimentação de carga via transporte ferroviário cresceu quase 130% no país. Nesse período de 23 anos, as concessionárias investiram 75 bilhões de reais nos trechos privatizados. Mas é necessário mais recursos para que se alcance um equilíbrio entre os modais ferroviário e rodoviário.

Hoje, os principais produtos que trafegam por trens no país são minério de ferro, açúcar, farelo de soja, combustível, milho e celulose. Porém, de tudo o que o agronegócio colhe, apenas 34% são transportados por ferrovias. Esse é um dos motivos que fazem o Brasil ser apenas o 17º em competitividade de infraestrutura e logística, em um ranking de 18 países.

A fim de melhorar sua posição, o país necessita investir cerca de 4,15% de seu PIB para garantir a modernização da infraestrutura em um prazo de 20 anos. Atualmente, o investimento está abaixo de 1,5%. Segundo os debatedores que estiveram no 4º Seminário de Infraestrutura de Transporte Ferroviário, é isso que torna urgente transformar a ampliação da malha ferroviária em política de Estado no Brasil.

Assista ao vídeo do 4º Seminário de Infraestrutura de Transporte Ferroviário (entre 5h37min e 7h49min)

Entrevistado
Reportagem com base na apresentação virtual do 4º Seminário de Infraestrutura de Transporte Ferroviário, promovido pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pela Aeamesp (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô)

Contato
eventos@aeamesp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

VEJA TAMBÉM NO MASSA CINZENTA

MANTENHA-SE ATUALIZADO COM O MERCADO

Cadastre-se no Massa Cinzenta e receba o informativo semanal sobre o mercado da construção civil