Construção sustentável: ainda há muito para ser feito

Euro-ELECS 2017 revela que tanto as universidades quanto as empresas precisam entender que o tema sustentabilidade vai além das certificações

Euro-ELECS 2017 revela que tanto as universidades quanto as empresas precisam entender que o tema sustentabilidade vai além das certificações

Por: Altair Santos

Realizado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de 10 a 13 de maio de 2017, o Euro-ELECS 2017 teve como tema central “A sustentabilidade em tempos de transformação: desafios e oportunidades”. O evento tratou do assunto em 12 palestras e 236 artigos, nos quais foram debatidas questões referentes a materiais de construção, sistemas construtivos, projetos, meios produtivos, geração de energia, resíduos, mobilidade urbana e práticas sociais.

Campus da Unisinos, em São Leopoldo-RS, sediou o Euro-ELECS 2017
Campus da Unisinos, em São Leopoldo-RS, sediou o Euro-ELECS 2017

Promovido com o apoio da ANTAC (Associação Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído), o Euro-ELECS 2017 teve a coordenação da professora doutora da Unisinos Andrea Parisi Kern. Engenheira civil com especialização em gestão, tecnologia e sustentabilidade, ela trata, na entrevista a seguir, de um dos assuntos debatidos no evento: como o tema sustentabilidade tem sido tratado no âmbito de escolas de arquitetura e engenharia civil. Confira:

Como o universo acadêmico, no âmbito de escolas de arquitetura e engenharia civil, encara o tema construção sustentável?
O tema está em pauta na academia e, devido à complexidade que envolve, deve ser tratado em todas as disciplinas, pois a sustentabilidade inclui desde a escolha dos materiais até o projeto e as questões urbanas. O assunto começou a ser discutido em programas de pós-graduação antes de chegar na graduação. Por exemplo, quando fiz a faculdade de engenharia civil, na década de 1990, as discussões em sala de aula eram extremamente pontuais e tímidas, embora na pós-graduação já existissem pesquisadores desenvolvendo trabalhos em construção mais sustentável. Hoje, o assunto já está na graduação e perpassa diferentes atividades.

Observa-se que as empresas (construtoras) estão cada vez mais focadas no tema sustentabilidade. O ambiente acadêmico acompanha essa transformação no mesmo ritmo?
Não acredito que seja uma regra nas empresas construtoras. Considero que algumas estão focadas, e muitas não. Observamos alguns avanços, mas há muito marketing, e também nada sendo feito. De forma geral, o cenário envolvendo empresas construtoras, fornecedores, projetistas, poder público e também a academia é crescente no sentido dos conceitos de sustentabilidade. Mas não afirmaria que as construtoras estão num ritmo mais acelerado, até porque a certificação, em muitos casos, é proposta por acadêmicos. Ainda existem muitos projetos contratados e executados que não se preocupam com as soluções passivas de conforto térmico, por exemplo. Além disso, ainda geram níveis altos de perdas e desperdícios nos canteiros e aceitam a informalidade na contratação da mão de obra. Temos um longo caminho a ser percorrido, ainda que iniciativas em prol da construção sustentável estejam sendo realizadas.

Andrea Parisi Kern: certificações não garantem que a construção seja sustentável
Andrea Parisi Kern: certificações não garantem que a construção seja sustentável

O Brasil hoje aparece entre os cinco países que mais possuem obras certificadas com selos de construção sustentável. Isso motiva a academia (universidades) a pensar em incluir mais disciplinas voltadas para esse tema?
É bom esclarecer: um prédio certificado indica que alcançou alguns requisitos de sustentabilidade propostos pelo programa de certificação, mas não garante que seja uma construção sustentável. Pode ser um caminho para a sustentabilidade, e certamente é um caminho para o marketing da sustentabilidade. As certificações estrangeiras, por exemplo, são extremamente caras e inacessíveis para uma grande parcela das construções. Muitas vezes, independentemente de certificações, soluções de projeto, de produção, de uso de materiais bem aplicadas podem conferir excelentes resultados em termos de diminuição de consumo de recursos naturais e permeabilidade do terreno. Não considero que as certificações tenham motivado a academia a pensar na sustentabilidade, mas sim os impactos ambientais decorrentes do setor da construção. Acredito em certificações, porém acredito também em legislação, em fiscalização, em conscientização.

Como os graduandos têm saído das escolas de arquitetura e de engenharia civil em termos de conhecimento sobre construção sustentável?
Embora haja muito ainda para ser feito, acredito que os graduandos saem com uma consciência cada vez maior, pois esse assunto está crescentemente em pauta. Da mesma forma, tanto engenheiros civis quanto arquitetos têm demonstrado cada vez mais interesse pelo tema sustentabilidade na construção civil.

Já está definido o próximo Euro-ELECS, e qual tema será abordado?
O próximo Euro-ELECS será na Argentina, em 2019, mas ainda não foi definido o tema.

Entrevistada
Engenheira civil Andrea Parisi Kern, professora doutora da Unisinos, com especialidade em gestão, tecnologia e sustentabilidade

Contatos
apkern@unisinos.br
euro-elecs2017@unisinos.br

Crédito Fotos: Unisinos

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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