Construção de edifícios altos exige modelos estruturais diferenciados

27 de outubro de 2011

Construção de edifícios altos exige modelos estruturais diferenciados

Construção de edifícios altos exige modelos estruturais diferenciados 150 150 Cimento Itambé
Empreendimentos com mais de 100 metros de altura não podem prescindir de testes em túnel de vento, classes especiais de concreto e engenheiros com experiência

 

Por: Altair SAntos

O Brasil ainda não atingiu o estágio dos arranha-céus com mais de 100 andares, mas a engenharia estrutural do país já convive com um novo patamar de edifícios. Atualmente, não é raro despontarem prédios com altura acima de 100 metros nas principais metrópoles brasileiras. Sob o ponto de vista construtivo, são projetos que carecem de cuidados especiais. “Não se pode pensar em projetar este tipo de edifício sem o consumo de muitas horas na análise do modelo estrutural”, explica Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural).

Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de tecnologia e qualidade da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural): o ponto de partida para prédios altos é o concreto C40

Empreendimentos que pretendem atingir uma altura superior a 100 metros têm requisitos diferenciados em relação a prédios com menos pavimentos. Entre eles, a forma de cálculo. “Não são todos os escritórios capacitados para este tipo de estrutura”, lembra Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, que ressalta que a parceria com a arquitetura passa a ser fundamental neste tipo de edificação: “Não tem como desenvolver estes prédios sem uma adequação grande da arquitetura ao sistema estrutural, que precisa ser composto por conjuntos de estruturas aporticadas e pilares-paredes. Isto deve estar bem inserido na planta de arquitetura.”

Outro ponto fundamental para projetos desta envergadura envolve testes em túnel de vento. “Para os edifícios altos, obviamente o vento é uma carga muito importante, que deve ser tratada como tal. Essa carga e o tipo de fundação, no entanto, não limitam a altura do edifício do ponto de vista técnico. Podem sim, limitar do ponto de vista econômico, pois a solução pode ficar muito cara para a viabilidade do empreendimento. Por isso, ressalto, a parceria com a arquitetura é muito importante. A solução de arquitetura deve levar em conta os recursos do sistema estrutural necessário, onde existir situações em que haja fatores adversos”, alerta o dirigente da ABECE.

Descuidos nos sistemas complementares de projetos para edifícios superaltos podem causar patologias como fissuras nas alvenarias de vedação e na interface com a estrutura. Por isso, para prédios acima de 80 metros, é obrigatório um projeto tanto de alvenaria de vedação quanto de revestimentos internos e de fachada. “Obviamente, a movimentação deste tipo de prédio não é pequena e este fator deve ser levado em conta nos sistemas complementares de vedação e acabamento”, ressalta Augusto Guimarães Pedreira de Freitas.

Outra exigência para projetos desta envergadura está relacionada à qualidade do concreto. “A classe do concreto aumenta. Para estas alturas, o ponto de partida é o C40, mas concretos ainda mais altos são cada vez mais comuns. Estes concretos, obviamente, têm uma importância enorme e situações de não conformidade, tão comuns ultimamente, são inadmissíveis. Para isto, é fundamental que se tenha um engenheiro responsável pelo controle tecnológico garantindo esta conformidade”, pondera o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade da ABECE, que conclui que o essencial para este tipo de empreendimento é que a equipe de obras tenha um requisito básico: experiência.

Edifícios altos: projetos exigem requisitos especiais e equipes experientes

Serviço
A ABECE promoveu nos dias 26 e 27 de outubro de 2011 o 14º ENECE (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural). Os projetos de edifícios com mais de 100 metros de altura fizeram parte dos debates. Uma das palestras tratou do dimensionamento para concretos de classes mais altas e da revisão da NBR 6118 – Projeto de Estruturas de Concreto.

Entrevistado
Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)  
Currículo
– Graduado em engenharia civil pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) em 1988
– Possui especialização em vários cursos de extensão na área de projeto estrutural de concreto armado e protendido, alvenaria estrutural e garantia de qualidade
– É sócio e diretor administrativo do Escritório Pedreira de Freitas S/C Ltda
– Ocupa a vice-presidência de Tecnologia e Qualidade da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)

Contato: prefixocom@terra.com.br (assessoria de imprensa)

Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
VEJA TAMBÉM NO MASSA CINZENTA

MANTENHA-SE ATUALIZADO COM O MERCADO

Cadastre-se no Massa Cinzenta e receba o informativo semanal sobre o mercado da construção civil