Em webinar promovido pela ABCP, sob o título “Concreto projetado: cuidados na elaboração e na aplicação”, o professor do departamento de engenharia de construção civil da Poli-USP, Antonio Domingues de Figueiredo, relata quais os melhores procedimentos para aproveitar toda a eficácia desse tipo de material.
O especialista fez a seguinte observação em sua palestra: “Teoricamente, qualquer tipo de cimento pode ser usado para fazer concreto projetado. Já houve cimentos produzidos especificamente para concreto projetado, mas hoje os cimentos com alta resistência inicial e com adição de escórias de alto-forno, que aumentam a resistência a sulfatos, são mais eficazes para atender as demandas tecnológicas de projeção.”
Antonio Domingues de Figueiredo complementa seu comentário com a seguinte observação: “Cimentos com adição de metacaulim e sílica ativa também são interessantes, principalmente em túneis sob pressão de lençóis freáticos, pois o uso desse cimento na composição do concreto projetado ajuda no combate à lixiviação de hidróxido de cálcio.”
O professor da Poli-USP também reforça em sua palestra que, independentemente do tipo de cimento, é necessário que o insumo tenha excelente compatibilidade com os aditivos dispersantes usados no concreto projetado, assim como os aditivos aceleradores de pega e endurecimento.
Concreto projetado cumpre função estrutural e sua principal aplicação ocorre em túneis
Domingues de Figueiredo lembra que o concreto projetado cumpre função estrutural, e que sua principal aplicação está na estabilização de túneis. Mas há exceções, como a que ocorreu na Espanha, onde o material foi utilizado para construir a cobertura do restaurante do parque oceanográfico de Valencia. Neste caso, foi utilizado concreto projetado reforçado com fibras.
Independentemente da função que o concreto projetado irá desempenhar, o material deve atender aos requisitos da ABNT NBR 14026 (Concreto projetado – especificações). Outras normas também abordam esse tipo de concreto. “Recomendo usar todas”, destaca o professor da Poli-USP, que cita um exemplo: “Se for usado concreto projetado reforçado com fibra deve-se seguir as normas que citam concreto com fibras.”
Além da normalização, a mão de obra é outro requisito importante para que uma estrutura em concreto projetado seja bem executada. Quem opera o equipamento que lança o material é chamado de “mangoteiro”. “Não é qualquer um que pode ser ‘mangoteiro’. A qualificação e a segurança da mão de obra exigem experiência. Se um equipamento não está ajustado adequadamente pode causar acidentes graves. Além disso, a execução precisa ser feita com técnica, senão haverá desperdício de material e aumento de custo”, ressalta.
Quanto ao mercado desse tipo de concreto, Antonio Domingues de Figueiredo entende que as projeções são otimistas. As concessões de rodovias e ferrovias, além das novas licitações de metrô em capitais como São Paulo-SP, Salvador-BA e Belo Horizonte-MG, sinalizam que haverá aumento da demanda pelo material. “O Brasil tende a entrar numa fase de grandes obras de infraestrutura e o concreto projetado será muito utilizado”, finaliza.
Veja a palestra concedida à ABCP
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Concreto projetado: cuidados na elaboração e na aplicação”, concedida pelo professor da Poli-USP, Antonio Domingues de Figueiredo, à Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
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Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330