Concreteiras dos EUA abrem guerra aos prédios de madeira

Setor pressiona Senado norte-americano a retirar incentivos fiscais que utilizam estruturas conhecidas como Cross Laminated Timber
28 de junho de 2018

Concreteiras dos EUA abrem guerra aos prédios de madeira

Concreteiras dos EUA abrem guerra aos prédios de madeira 1024 496 Cimento Itambé
Concreteiras dos Estados Unidos mostram força ao bloquear incentivos aos prédios de madeira. Crédito: NRMCA

Concreteiras dos Estados Unidos mostram força ao bloquear incentivos aos prédios de madeira. Crédito: NRMCA

Tramita no Senado dos Estados Unidos um projeto que dá incentivos fiscais para quem projetar e construir edifícios de madeira superiores a 25 metros de altura. A medida causou imediata reação da National Ready Mixed Concrete Association – NRMCA (Associação Nacional de Concreto Pré-misturado). Foi desencadeada uma campanha junto à comissão de agricultura do Senado norte-americano para que o projeto sequer seja avaliado. A alegação é de que o contribuinte não pode pagar por incentivos fiscais desta natureza, que ferem a lei de mercado dentro dos Estados Unidos. 

A NRMCA defende o veto ao projeto usando três argumentos. Primeiro, alega que construções em madeira vão incentivar a importação de matéria-prima de reflorestamento em detrimento da indústria concreteira norte-americana, o que pode desequilibrar o mercado da construção civil dos Estados Unidos. Segundo, sustentam que a madeira ajuda no equilíbrio entre emissão e sequestro de CO2, desde que ela não seja extraída da natureza. Por fim, avalia que a indústria de seguros age por trás do projeto, já que os riscos que envolvem a construção de prédios de madeira são mais elevados e, consequentemente, exigem apólices mais caras.

A NRMCA encomendou uma pesquisa ao Boston College, o qual fez cotações de seguro para hipotéticos edifícios de madeira e concreto para o relatório “Levantamento de Custos de Seguros para Edifícios Multifamiliares Construídos com Molduras de Madeira e Concreto”. O levantamento apontou que o risco para o construtor de prédios em concreto era de 22% contra 72% para o construtor de edifícios de madeira. A diferença de uma apólice para outra se dá por causa das maiores ameaças às estruturas em madeira, que são o fogo e a degradação do material.

Para o setor do concreto, estruturas de madeira trazem “custos ocultos” embutidos

Segundo o porta-voz da NRMCA, Kevin Lawlor, o estudo da Boston College mostra “os custos ocultos” que existem em edifícios de madeira. “No momento em que incêndios em edifícios residenciais se tornam recorrentes, a durabilidade do concreto resulta em uma diferença marcante em termos de custos de seguro. Os prédios em concreto possuem apólices menores porque o material não entra em combustão e suas estruturas são menos propensas a degradações ao longo da vida útil. Então, as taxas de seguro refletem essa durabilidade”, diz o dirigente.

Os que defendem prédios com estruturas de madeira alegam que as edificações têm baixo impacto ambiental, se comparado com o concreto, e podem ser construídos com mais rapidez. As estruturas utilizam a tecnologia conhecida como Cross Laminated Timber (CLT) [Madeira Laminada Colada Cruzada]. Independentemente das vantagens e desvantagens, a pressão exercida pelo segmento das concreteiras fez o Senado dos Estados Unidos recuar. O projeto deixou de ser tratado com urgência pela comissão de agricultura e já não tem mais prazo para ser analisado.

Veja vídeo que a NRMCA distribuiu aos senadores dos EUA

Entrevistado
National Ready Mixed Concrete Association – NRMCA (Associação Nacional de Concreto Pré-misturado)
(via assessoria de imprensa)

Contatos
info@nrmca.org
www.nrmca.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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