Especialista afirma que ferramenta é adaptável a qualquer segmento da economia e recomendado a pequenas e médias empresas do setor
Por: Altair Santos
O Ciclo PDCA, sigla em inglês para Plan-Do-Check-Act (planejar-fazer-checar-agir) está arraigado em algumas empresas, sobretudo nas gigantes nacionais e nas multinacionais. No entanto, ainda é visto como inovador em companhias de pequeno e médio porte, principalmente as ligadas à cadeia produtiva da construção civil. Para o consultor empresarial Everton Carsten, a aplicação do PDCA neste segmento depende do desenvolvimento de uma linguagem apropriada. Obtida a adaptação, entende o especialista, os resultados virão de acordo com a forma de se planejar e do envolvimento dos colaboradores com o sistema de qualidade. Confira na entrevista a seguir:
A aplicabilidade do PDCA na construção civil requer adaptações nos conceitos que integram esse modelo de gestão de qualidade?No caso da construção civil, qual é a demanda pelo Ciclo PDCA?
Com o apoio dos Sindicatos da Construção Civil, a filosofia da melhoria da qualidade começou a ser implantada nas construções e, consequentemente, a aplicação do PDCA para o desenvolvimento de projetos e processos ganhou corpo no setor.
Não vejo a necessidade de adaptação do PDCA para a aplicação na construção civil. O que é necessário é correlacionar a linguagem da construção civil com a do PDCA, pois é uma ferramenta que é totalmente adaptável a qualquer meio que utilizarmos. Basta compreendermos a sua forma e a sequência de funcionamento.
Hoje há muitos engenheiros procurando estudar o Ciclo PDCA?
Eu diria que é necessário que engenheiros tenham o pleno conhecimento, e também saibam aplicar o Ciclo do PDCA. Porém, a procura não é muito significativa, principalmente em relação aos treinamentos específicos de MASP (Método de Análise e Solução de Problemas), onde o PDCA é a ferramenta principal deste método.
A partir do PDCA, como é possível saber se um problema está sendo resolvido de forma correta?
O próprio ciclo do PDCA nos leva a este entendimento, de que o problema em questão está sendo resolvido de forma correta. Nos estágios de C – Check (verificação) e A – Action (Ação e Melhoria) temos condições de avaliar se as ações que foram planejadas e realizadas para a solução do problema foram as melhores. Havendo a necessidade de correção, nestes estágios poderemos verificar e já projetarmos melhorias que levem a soluções de problemas.
Até que ponto o PDCA permite saber se propostas ou novas ideias para um projeto irão funcionar?
No estágio P – Plan (Planejamento) podemos utilizar ferramentas que nos proporcionam informações para a tomada de decisão do melhor caminho a ser seguido. Esta é a visão japonesa, ou seja, devemos nos dedicar mais tempo para planejar, pois certamente a execução será feita de forma mais rápida e assertiva. Por isso, quanto mais dados e estatísticas forem utilizados no processo de planejamento, melhor será a nossa execução. Seja para o desenvolvimento de um projeto seja para a solução de um problema.
O Ciclo PDCA é o mais recomendado para pequenas e médias empresas, que precisam implantar mudanças sem desperdiçar recursos?
Certamente, o ciclo do PDCA é a melhor ferramenta para ser utilizado pelas pequenas e médias empresas para a realização de melhorias e também para obter a solução de problemas. Esta postura também impacta no uso de recursos, pois quando planejamos melhor as nossas ações o uso dos recursos é desenvolvido de forma mais adequada. Consequentemente, também teremos menor desperdício.
Desde a implantação do PDCA, até a percepção de que ele está trazendo resultados, há um intervalo de tempo definido ou depende de empresa para empresa?
A velocidade de aparecer os resultados depende de cada empresa, pois o envolvimento das pessoas conta muito neste processo. Quanto mais as pessoas se envolverem e se dedicarem em aplicar o Ciclo do PDCA, certamente teremos mais resultados.
A empresa que pretende implantar o PDCA precisa ter algum antecedente em gestão de qualidade?
Pela simplicidade e facilidade de aplicação do Ciclo do PDCA não é pré-requisito que a empresa tenha uma estrutura e ou conhecimento de qualidade. O que importa é que a empresa tenha o objetivo de melhorar o seu desempenho. É claro que se ela utilizar os conceitos e aplicar os benefícios que a qualidade proporciona, certamente haverá um melhor resultado.
O PDCA vale apenas para setores como diretoria, recursos humanos e marketing de uma empresa ou ele atinge o chão da fábrica também, disseminando-se na empresa?
O Ciclo do PDCA pode e deve ser aplicado em todos os ambientes da empresa, pois não há distinção de área e ou de cargo para o uso. Quanto mais pessoas utilizando, mais resultados positivos a empresa terá no desenvolvimento da sua cultura de qualidade e também no seu desenvolvimento perante o mercado.
Entrevistado
Everton Carsten é advogado e especialista em gestão empresarial, com certificações internacionais. Fundador e diretor da ECR Consultoria, atua em áreas como estratégia empresarial, liderança, controladoria e Finanças.
Contato: everton@ecrconsultoria.com.br
Crédito Foto: Divulgação