Entre os vencedores estão projetos de renomados arquitetos brasileiros, como Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Ruy Ohtake e Paulo Mendes da Rocha
Por: Altair Santos
Quais casas construídas em concreto aparente são as mais bonitas do mundo? Sites especializados em arquitetura decidiram elegê-las, mostrando as virtudes do material. Foram eleitos, principalmente, os projetos que se destacaram pela inovação na fachada, valorizando concepções modernistas e brutalistas. Entre os que foram elencados estão consagrados arquitetos brasileiros, como Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Ruy Ohtake e Paulo Mendes da Rocha. Mas há também construções na China e na Austrália, mostrando que a versatilidade das estruturas de concreto está globalizada.
A eleição levou em consideração também a qualidade do concreto aparente. Obtido da mistura de cimento, agregados, água e, em praticamente todos os casos, aditivos químicos, o material requer cuidados especiais para cumprir a função de acabamento. A execução por mão de obra qualificada é fundamental para assegurar a aparência final desejada. A palavra que define uma obra bem construída em concreto aparente é uniformidade, além dos cuidados muito rigorosos com as fôrmas. Via de regra, não existe “conserto” para deslocamento ou abertura de fôrmas em concreto aparente. Para se atingir o equilíbrio é importante observar a granulometria dos agregados e a procedência do cimento, para não criar distorções de tonalidade.
Todas as obras escolhidas cumpriram esses requisitos. Como a casa eleita na China, onde inclusive o telhado é em concreto aparente. No projeto do escritório AZL Architects, do arquiteto chinês Zhang Lei, vidros e uma grande fenda que atravessa a estrutura garantem luminosidade ao interior da casa. O projeto chinês se assemelha com o da “casa Cubo”, construída na cidade de São Paulo e assinada pelo escritório MK27, do arquiteto brasileiro Marcio Kogan. Tanto na concepção chinesa quanto na brasileira, as casas se sustentam em pilares ocultos, valorizando a fachada.
Com um projeto menos brutalista, a Argentina também aparece na lista, com a casa assinada pelo escritório portenho Vanguarda Architects. Minimalista, a edificação localizada em Buenos Aires concentra-se em três materiais: concreto armado, vidro e madeira. O conceito é semelhante ao seguido pelo arquiteto australiano Matt Gibson, que concebeu sua casa de concreto em Melbourne. O que caracteriza esse projeto é que não se consegue identificar qual é a fachada da frente e qual é a fachada dos fundos – ambas em concreto aparente. O objetivo do arquiteto é passar a impressão que existem duas casas em um só terreno.
Retrofit
A Casa de 1969, assinada pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, foi restaurada em 2012 pelo próprio arquiteto. Por isso, entrou na lista das mais bonitas do mundo. Construída na cidade de São Paulo há mais de 40 anos, o que chamou a atenção foi a integridade da estrutura em concreto aparente. A restauração se concentrou na troca das janelas, no revestimento do piso e nas portas internas e externas. Outro retrofit que mereceu a indicação dos especialistas foi o da casa conhecida como Unidade Habitacional (Unité d´Habitation) de Marselha, na França, assinada por Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier. A residência, construída em 1949, é considerada a pioneira da arquitetura brutalista.
Referências mundiais no uso do concreto aparente, Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas e Ruy Ohtake não poderiam faltar na eleição. Entre suas obras, estão a casa conhecida como “Tenda Modernista”, na região serrana do Rio, desenhada em 1954 por Niemeyer, e a residência Olga Baeta, projetada por Vilanova Artigas em 1956, e que passou por restauração em 1998. De Ohtake, o projeto escolhido foi o da “Casa de Valinhos”, cujas curvas em concreto aparente se destacam entre as eleitas. Esses três arquitetos brasileiros inspiraram o espanhol Joaquin Torres a projetar a “Casa Verde, em Pozuelo de Alarcón, e que fecha a lista das dez mais bonitas do mundo em concreto aparente.
Entrevistado
Reportagem com base em eleição promovida pelo site Archdaily
Contato
http://www.archdaily.com/contact
- Arquiteto Matt Gibson projetou uma casa em que não se consegue identificar frente e fundos
- Unité d´Habitation de Marselha, assinada por Le Corbusier: pioneira da arquitetura brutalista
- Tenda Modernista: desenhada em 1954 por Oscar Niemeyer
- Residência Olga Baeta, projetada por Vilanova Artigas em 1956 e restaurada em 1998
- Casa de Valinhos, de Ruy Ohtake: curvas em concreto aparente
- Casa Verde, na Espanha: inspiração em conceitos desenvolvidos por arquitetos brasileiros
- Casa assinada pelo escritório portenho Vanguarda Architects aposta no conceito minimalista
Crédito Fotos: Divulgação AZL Architects/ MK27/ Vanguarda Architects e Matt Gibson