Brasil mede o grau de inovação de sua indústria

17 de fevereiro de 2010

Brasil mede o grau de inovação de sua indústria

Brasil mede o grau de inovação de sua indústria 150 150 Cimento Itambé

Com incentivo governamental, construção civil se mobiliza para atingir o nível dos principais setores inovadores do país

Sete em cada dez reais investidos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no Brasil vêm do caixa das empresas privadas. No entanto, ainda se investe pouco em inovação no País. Os recursos equivalem a 1% do Produto Nacional Bruto (PNB), ante 3,17% no Japão e 2,61% nos Estados Unidos. Para aumentar esses investimentos e possibilitar maior competitividade internacional ao produto brasileiro é que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como o com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), retomou a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec).

Fernanda Vilhena, coordenadora da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec)

O levantamento engloba as empresas brasileiras com mais de 500 empregados. O resultado será divulgado em julho de 2010. A economista Fernanda Vilhena, responsável pela Pintec, destaca a importância da pesquisa no auxílio da elaboração de políticas públicas para o setor da inovação. “O governo utiliza a Pintec como uma referência para os indicadores de inovação e de P&D para elaborar políticas específicas”, disse. Ela lembrou, também, que a Pintec é fonte de vários trabalhos acadêmicos que pesquisam o fenômeno da inovação.

Estão sendo entrevistadas 16,3 mil empresas em todo o país, dos setores industrial, de telecomunicações, de informática e de P&D. Foram selecionadas aquelas que participam com mais de 1% do Valor da Transformação Industrial (VTI). Como a primeira pesquisa foi realizada em 2000, seguida de outras duas em 2003 e 2005, o levantamento atual pegará dados de 2006, 2007 e 2008. Na Pintec 2005, o Paraná possuía 10,4% das empresas industriais inovadoras do Brasil, com a segunda maior taxa de inovação (40,5) e representando 4,5% do total de gastos em P&D no país.

Ainda de acordo com a última Pintec, a taxa de inovação nas indústrias brasileiras se mantém estável em torno de 33,4%. A pesquisa investiga se as empresas lançaram produtos novos no mercado (com uma tecnologia inovadora) ou se utilizaram processos novos na produção. As questões incluem também os gastos efetuados no esforço inovador, pessoal ocupado em P&D, impactos da inovação, além de fontes de financiamento público ou privado; formas de proteção, como registro de patentes; cooperação e parceria; e obstáculos enfrentados no processo inovador.

Um panorama da inovação na construção civil

Segundo a Pintec 2005, os setores brasileiros com as maiores taxas de inovação no período foram o automobilístico, o de equipamentos de informática, o de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos e o de equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios.

A construção civil aparece discretamente no levantamento. Há um consenso de que, até então, a inovação não era uma prática comum na construção civil brasileira. Especialistas são categóricos ao afirmar que, apesar de responder por uma fatia significativa do Produto Interno Brasileiro (PIB), cerca de 16%, o setor ainda não se industrializou por completo, não deu um salto tecnológico significativo. “A inovação na construção civil começou a ser significativa a partir do final dos anos 1990, mas ainda está aquém do que de fato precisaria ser para melhorar os patamares de produtividade, reduzir custos, avançar na qualidade, segurança e impacto ambiental”, explica a engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, Maria Angélica Covelo Silva, diretora da NGI Consultoria e Desenvolvimento.

Construção Civil: setor corre atrás de outros segmentos da indústria para se equipar em processos inovadores

Mas o setor começa a mudar esse perfil, sobretudo por causa do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-Habitat), que envolve toda a cadeia produtiva da construção civil e conta com o apoio do Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CTECH). Criado formalmente em 1998, o PBQP-H investe em ações para qualificação de construtoras e de projetistas, melhoria da qualidade de materiais, formação e requalificação de mão de obra, normalização técnica, capacitação de laboratórios, aprovação técnica de tecnologias inovadoras, comunicação e troca de informações. A meta é o aumento da competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução de custos e a otimização do uso dos recursos públicos.

A inovação tecnológica na construção civil também começa a ganhar incentivo do governo federal. Além de estimular a participação das empresas do setor no PBQP-H, o Ministério das Cidades criou, em 2007, o Sistema Nacional de Avaliação Técnica (Sinat), que nasceu para avaliar as novas tecnologias a serem utilizadas no processo de construção. Com o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, também foi instituído o Sistema de Qualificação de Materiais Componentes e Sistemas Construtivos (SiMaC), no âmbito do PBQP-H. A função do SiMaC é avaliar e monitorar a fabricação de materiais e componentes para a construção civil, para elevar a qualidade, atendendo às políticas do Sistema Nacional de Metrologia (Sinmetro), em harmonia com o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC). De acordo com a coordenadora geral do PBQP-H, Maria Salette de Carvalho Weber, o SiMaC permitirá que o BNDES e a Caixa Econômica Federal tenham mais eficácia em cadastros para linhas de financiamento.

Mas no entender do Fórum Permanente das Relações Universidade-Empresa (UNIEMP), o governo poderia criar um organismo similar à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para a construção civil. “Em trinta anos de funcionamento, e atuando em várias frentes, a Embrapa foi responsável pela criação de novas tecnologias que proporcionaram um aumento expressivo da produtividade agrícola no Brasil. Se tivesse sido criada uma Embrapa da construção civil, certamente este setor também teria gerado e agregado progressos tecnológicos expressivos”, avalia o conselheiro do UNIEMP, Walter Cirillo. Para ele, a alternativa salutar, além das medidas já tomadas, seria a reunião de diferentes competências – empresas, universidades, institutos de pesquisa e entidades do setor -, visando à promoção de ações inovadoras na construção civil brasileira.

Entrevistados:
Fernanda Vilhena, coordenadora da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec): paulo.encarnacao@ibge.gov.br (Assessor de imprensa Paulo Encarnação, da Coordenação de Comunicação Social – IBGE)

Fórum Permanente das Relações Universidade-Empresa (UNIEMP): info@uniemp.org.br

Maria Salette de Carvalho Weber, coordenadora geral do PBQP-H: snh@cidades.gov.br

Vogg Branded Content – Jornalista responsável Altair Santos MTB 2330

17 de fevereiro de 2010

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