Na Feicon Batimat 2018, realizada em abril, na cidade de São Paulo-SP, a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) tornou público que passará a ser a signatária de um programa de reciclagem pós-consumo de embalagens de material de construção. O plano é encabeçar um projeto de política reversa a ser compartilhado com todo o setor de varejo. O primeiro segmento a entrar é o de latas de tinta. A meta é orientar o consumidor a fazer o descarte seletivo. No caso das latas de tinta, o objetivo é que, até 2021, 22% das embalagens deixem de ser destinadas aos aterros sanitários e que 55% das latas passem por processo reciclável.
No Brasil, são geradas anualmente 21 milhões de toneladas de embalagens pós-consumo, segundo dados mais recentes do ministério do Meio Ambiente. Desse total, apenas 30% são reciclados. O resto se transforma em lixo e acaba depositado irregularmente, gerando danos ambientais. A partir de 2010, com o surgimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), através da Lei 12.305/10, os segmentos industriais voltados para a produção de utilidades domésticas, agropecuária, têxtil, construção civil, descartáveis, infraestrutura, limpeza doméstica, eletroeletrônicos, veículos automotores, móveis e calçados assumiram compromissos para adotar políticas de logística reversa.
Porém, segundo Thais Fagury, presidente-executiva da Associação Brasileira de Embalagens de Aço (Abeaço), e que palestrou na Feicon Batimat, atualmente está claro que a indústria sozinha não dá conta de implementar políticas de logística reversa se não houver a participação de lojistas e consumidores. “Enquanto aos consumidores cabe a responsabilidade de seguir as regras de coleta seletiva, as indústrias devem recolher os resíduos e o varejo deve ceder espaço para ser um centro de recebimento das embalagens pós-consumo. Infelizmente, o varejo ainda não se entende como parte da política reversa”, lamenta Thais Fagury.
Adoção de logística reversa pode reverter em mais venda para o lojista
Ao se tornar signatária de um programa de reciclagem pós-consumo, a Anamaco espera ajudar a reverter essa realidade, no que se refere a embalagens de material de construção. O compromisso da associação é disponibilizar cem mil pontos de coleta em todo o Brasil, contando com o apoio das lojas associadas. Outra novidade é que a abertura de novas lojas voltadas para o varejo de materiais de construção passa a ser condicionada à apresentação de projetos de responsabilidade compartilhada sobre as embalagens pós-consumo. No entanto, acima de leis e assinatura de acordos, a Anamaco aposta no convencimento dos lojistas.
Como explicou Thais Fagury, em sua palestra, há muito benefícios que a adoção de política reversa pode trazer aos lojistas. Entre eles, o reforço da marca, o relacionamento com o cliente, a aproximação com a comunidade do entorno e, consequentemente, o aumento do fluxo no ponto de venda. “Quem vem para deixar uma lata ou uma embalagem plástica pode voltar com algum produto vendido na loja. Essa é a lógica que pode ajudar a disseminar a logística reversa”, conclui a palestrante.
Acompanhe a palestra de Thais Fagury
Entrevistado
Reportagem com base em palestra realizada na Feicon 2018, concedida pela presidente-executiva da Associação Brasileira de Embalagens de Aço (Abeaço), Thais Fagury
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