Em 2016, setor cresceu 1,4% e movimentou R$ 350 bilhões, puxado por produtos voltados para melhorar a produtividade na construção civil
Por: Altair Santos
A química está cada vez mais presente nos canteiros de obra. Em destaque, os hiperplastificantes utilizados na produção de concreto, e que melhoram a hidratação, aceleram a cura, ajudam o material a emitir menos CO2 e reduzem o consumo de água em até 40%, em relação aos processos convencionais. Esses produtos lideram o segmento da indústria química voltado para a construção civil, o qual fez o setor crescer 1,4% em 2016, com faturamento de US$ 113,5 bilhões (perto de R$ 350 bilhões) segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Outra prova da relevância da construção civil para a indústria química é o crescimento da participação de grandes players do segmento no setor de obras. “A indústria química desempenha papel importante na formulação e na produção de matéria-prima utilizada na construção civil. Os produtos agregam qualidade e ganho de tempo na execução de obras, gerando alternativas mais sustentáveis”, afirma o diretor do portfólio de Infraestrutura da UBM Brazil, Renan Joel.
Além da participação das indústrias, o universo acadêmico no Brasil tem sido pró-ativo em pesquisas de produtos que ajudem a construção civil a produzir obras menos agressivas ao meio ambiente. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), Aldo Zarbin, as universidades brasileiras produzem 2% de todos os estudos envolvendo ciência química no mundo, o que coloca o Brasil em 15º no ranking das nações que mais publicam artigos acadêmicos. “No país, o número de publicações na área química cresce mais que a média mundial. Temos a oitava maior indústria química do mundo e a construção civil é um dos setores que mais atrai pesquisas”, diz Zarbin.
Espaço para crescer mais
O aprimoramento da indústria química voltada para a cadeia produtiva da construção torna cada vez mais crescente o uso de argamassas industrializadas, assim como estimula a construção industrializada do concreto. A ponto de as principais marcas internacionais da indústria química apontarem o Brasil como um dos mais promissores mercados mundiais nos próximos dez anos. “Observamos uma grande transformação no mercado de químicos para a construção, sobretudo nos segmentos de argamassa, pré-moldados de concreto e gesso. Hoje, os fabricantes oferecem produtos com valor agregado muito maior que anos atrás e o número de empresas aumentou exponencialmente”, destaca Leonardo Dias, gerente-geral de um dos players do setor.
O engenheiro químico Danilo Silva, especialista em sistemas construtivos, avalia que há mais espaço para crescer, pois a construção residencial ainda usa pouco o concreto usinado. “No setor habitacional, ainda existe um déficit habitacional significativo e uma infraestrutura precária, que precisa ser desenvolvida. O percentual de consumo de concreto dosado em central utilizado nas construções residenciais ainda é muito baixo. Predomina a cultura da autoconstrução, com o concreto produzido em obra e sem uso de aditivos. Porém, essa tendência começa a ser revertida aos poucos”, diz.
Entrevistado
Reportagem com base no estudo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) (via assessoria de imprensa)
Contato
abiquim@abiquim.org.br
Crédito Foto: Divulgação