Grande oferta de imóveis muda comportamento do investidor
Modalidades como o aluguel residencial já não são mais atrativas. Em compensação, fundos imobiliários despertam cada vez mais o interesse do mercado.
Modalidades como o aluguel residencial já não são mais atrativas. Em compensação, fundos imobiliários despertam cada vez mais o interesse do mercado
Por: Altair Santos
Tornar-se investidor em imóvel no Brasil requer cuidados. Não que seja um negócio de risco. Pelo contrário. No entanto, é preciso respeitar o que os especialistas em mercado imobiliário chamam de “inércia” deste tipo de investimento. A reação do dinheiro aplicado em imóveis não é igual à obtida quando se recorre a outros mercados, como ações e fundos de renda fixa, por exemplo. “A inércia é maior”, explica o economista Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).
Significa que se trata de um investimento de longo prazo. Imediatistas não devem recorrer aos imóveis, principalmente se a intenção é obter lucros com aluguéis. Apesar da rentabilidade do setor ter disparado na década passada, o investidor que tirou dinheiro do banco para apostar em aluguel teve mais decepções que alegrias. Em alguns casos, o retorno foi inferior ao da poupança ou perdeu para a inflação. O que explica isso é a grande oferta de imóveis, que passou a concorrer com o próprio investidor. “Isso ocorre especialmente em locais aonde determinadas demandas têm sido reduzidas com investimentos habitacionais”, diz Luiz Pompeia.
Enquanto no ano passado a compra de imóveis na planta chegou a valorizar mais de 50% em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, o aluguel, que segue regras mais rígidas de reajuste e normalmente acompanha o IGP-M, teve aumento de 11,32% em 2010 – perdeu para os fundos de renda fixa. “A compra de imóveis para locação deve considerar especialmente os segmentos não residenciais (escritórios, centros comerciais planejados, lojas, flats e condomínios de logística ou industrial). Via de regra, eles têm retorno mais rápido”, ensina o diretor da Embraesp.
Outro setor de interesse, para aqueles que podem aguardar de 5 a 10 anos, é o de terrenos. Mais precisamente grandes glebas, nos limites das cidades ou de regiões metropolitanas. São áreas que têm trazido expressivas valorizações, às vezes bem mais significativos que outros segmentos imobiliários. Investidores também têm escolhido a modalidade de fundos imobiliários, que oferecem risco menor por envolver um sistema de compra de cotas e capital menor se comparado à compra direta de um imóvel. “Os fundos escolhem produtos bem planejados, com boa localização e demanda garantida”, avalia Luiz Pompéia.
Casa própria
A Embraesp detecta que o investimento em imóveis ainda é um privilégio da minoria dos brasileiros. Dados apurados pela empresa mostram que quase 90% dos que aplicam dinheiro no mercado imobiliário o fazem para adquirir a casa própria. Por isso, o diretor analisa que o Brasil não corre nenhum risco imediato de sofrer com bolhas imobiliárias, como a que atingiu os Estados Unidos e países da Europa em 2008. “O mercado imobiliário no Brasil tem um cenário muito diferente. A grande maioria da população compra apenas um imóvel em toda sua vida”, aposta Pompéia.
Deste modo, o economista lista cuidados para fazer uma boa compra da casa própria:
1- Localização.
2- Tamanho da família.
3- Mobilidade urbana (vias de acesso e transporte público).
4- Infraestrutura do bairro (escolas, núcleos comerciais e de prestação de serviços).
5- Valor do imóvel compatível com a renda.
6- Condições de pagamento.
7- Custo do condomínio.
8- Tamanho da unidade.
Entrevistado
Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio)
Currículo
Consultor imobiliário e um dos fundadores da Embraesp, criada em 1973.
Contato: lpp@embraesp.com.br / embraesp@embraesp.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Embraesp
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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