Fórum Mundial debateu gargalos estruturais do Brasil

6 de abril de 2010

Fórum Mundial debateu gargalos estruturais do Brasil

Fórum Mundial debateu gargalos estruturais do Brasil 150 150 Cimento Itambé

Fórum Urbano Mundial focalizou déficit habitacional, atraso nas obras da Copa 2014 e problemas das grandes cidades

No final de março, o Rio de Janeiro sediou o 5º Fórum Urbano Mundial. Além de debater os problemas das cidades em todo o planeta, o FUM 5 focalizou também nos gargalos estruturais do Brasil. Déficit habitacional, atrasos nas obras para a Copa do Mundo de 2014 e problemas das regiões metropolitanas, como saneamento básico, foram os temas relevantes tratados no evento.

Sobre déficit habitacional, o FUM 5, que é um evento promovido pela ONU-Habitat (organismo da ONU voltado para habitação), avaliou como positivo o programa Minha Casa, Minha Vida, que se propõe a combater a falta de moradia para as famílias brasileiras. No fórum, o Ministério das Cidades mostrou números que apontam a redução do déficit de 6,3 milhões para 5,8 milhões de domicílios, segundo dados da Fundação João Pinheiro. O novo indicador mostra que 82% do déficit habitacional brasileiro está localizado nas principais áreas metropolitanas do país.

Para apontar soluções aos centros urbanos brasileiros, nasceu o projeto Cidade-Brasil, que é coordenado pelo arquiteto Renato Balbim e que, no FUM 5, ganhou a adesão de especialistas franceses. O objetivo do plano é conter a periferização das grandes cidades e possibilitar a ampliação do acesso à habitação pelo mercado formal. “No momento, temos 25 planos de reabilitação em áreas urbanas, com destaque para os projetos de Recife, Salvador e da Zona Portuária do Rio de Janeiro”, destacou Balbim.

O organismo Aliança das Cidades, através de seu diretor-geral William Cobbett, destacou o esforço do Brasil em enfrentar seus problemas estruturais. “Há uma vontade política incrível no Brasil, de liderança em iniciativas como a urbanização das favelas. Quais são os países no mundo que possuem um Ministério das Cidades?”, indagou.

Copa 2014

O FUM 5 debateu também o ritmo das obras para a Copa de 2014 e revelou que o cenário atual é preocupante, o que pode deixar o Brasil em uma posição difícil perante o mundo se houver atrasos. O alerta foi feito pelo presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia (Sinaeco), João Alberto Viol, durante palestra no fórum. “Em 2010, nós já deveríamos estar iniciando obras. A nossa pergunta é: onde estão os planos que vão possibilitar a realização da Copa do Mundo?”, argumentou.

O presidente do Sinaeco teme que a falta de planejamento atrapalhe a resolução de problemas estruturais das cidades brasileiras que vão sediar jogos da Copa, como trânsito engarrafado, sujeira, desordem e problema de infraestrutura nos aeroportos. “A Copa é uma oportunidade única para darmos um salto para a modernidade. Os olhos do mundo estarão voltados para nós e precisamos decidir se seremos vitrine ou vidraça”, alertou Viol.

Um dos gargalos do país está relacionado ao saneamento básico das cidades. Durante o FUM 5, o Ministério das Cidades divulgou o 4º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM). Os dados do documento revelam que o déficit em saneamento aponta para uma grande diferença entre o Brasil rural e urbano. Enquanto nas cidades a água tratada chega a 91,6% das famílias, no interior o índice é bem menor: 27,4%. O estado com maior oferta de água tratada é São Paulo, com 98,9% das residências atendidas. Na ponta oposta está o Pará, onde só 51,5% da população possui acesso ao serviço. A rede de esgoto também apresenta uma grande diferença entre campo e cidade, chegando a 80,5% nas áreas urbanas e a 23,1% nas zonas rurais. A proporção de famílias atendidas por ambos os serviços – água e esgoto – subiu de 62,3%, em 1992, para 76%, em 2008.

Para a ONU-Habitat, cinco aspectos são avaliados para se determinar a qualidade da moradia: acesso à água limpa, saneamento, qualidade dos materiais da moradia, densidade de habitantes por casa e segurança da posse. Segundo a ONU, 10,4 milhões de brasileiros passaram a ter acesso a esses cinco itens e deixaram de viver em condição de favelização durante a década passada.

Os números, no entanto, ainda estão longe do ideal. Em projeção feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil precisará de pelo menos 56,5 anos para reduzir à metade o atual déficit de saneamento básico. O economista Marcelo Néri, coordenador do estudo, disse que o investimento de R$ 40 bilhões até 2010 previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal é um bom primeiro passo, mas insuficiente. “Há um longo caminho entre o acesso ao recurso e o gasto. Não é fácil, por exemplo, um prefeito gastar bem os recursos. Esse é um problema geral, mas na área de saneamento é mais grave porque é algo subterrâneo, que as pessoas não têm consciência da importância. E afeta principalmente quem não vota: as crianças. Ou seja, é uma causa frágil e que precisa de participação da sociedade”, disse.

Email dos entrevistados: Ministério das Cidades: wuf5@cidades.gov.br e sonia.barbosa@cidades.gov.br

Jornalista Responsável – Altair Santos MTB 2330 – Vogg Branded Content

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