Escassez de terrenos e novas tecnologias reativam conceito de casas geminadas
Projetos têm conseguido bons resultados termoacústicos e arquitetônicos, o que volta a atrair empreendimentos classe A.
Projetos têm conseguido bons resultados termoacústicos e arquitetônicos, o que volta a atrair empreendimentos classe A para esse modelo de construção
Por: Altair Santos

A definição de casa geminada se dá quando duas ou mais habitações têm plantas baixas iguais, porém rebatidas, usando uma mesma parede como divisória. Hoje, esse tipo de construção não tem servido apenas para programas habitacionais, mas passou também a ser incorporada por construções de alto padrão. Um dos motivos é que novas técnicas construtivas permitiram resolver três dos principais problemas que levavam à rejeição da casa geminada: a iluminação e as questões acústicas e térmicas.
Segundo Gustavo Pinto, presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura no Paraná) boa parte dos projetos hoje já consegue compensar luminosidade e ventilação, além de reduzir satisfatoriamente o impacto termoacústico. “Desde que se execute a técnica adequada, trabalhando com paredes duplas e manta de isolamento, tem-se uma sensível redução destas desvantagens da casa geminada”, afirma. “Agora, se não usar a técnica adequada você passa a ter dificuldades”, completa.
Na opinião do arquiteto, a vantagem da casa geminada é que ela possibilita explorar ao máximo o potencial construtivo do terreno. “Ela permite concentrar a área edificada numa parte do terreno e libera outras para recreação, circulação e estacionamento”, diz. Por isso, cresce o número de projetos classe A de casas geminadas. “Em São Paulo, atualmente, no bairro do Morumbi, há muito projetos assim”, afirma.
A maioria das capitais brasileiras conta com legislação específica para construções geminadas ou aborda os padrões deste tipo de casa em seu código de posturas e obras do município. Já em algumas cidades do interior não há um regramento claro. Com as novas normas do Minha Casa, Minha Vida 2, há prefeituras obrigadas a legislar sobre o assunto. É o caso de Maringá, no noroeste do Paraná, que recentemente determinou que casas geminadas só poderão ser construídas em terrenos com, no mínimo, 400 m².
Para Gustavo Pinto, Curitiba é a cidade com uma das legislações municipais mais bem acabadas sobre casas geminadas. “Ela dá parâmetros muito claros de como você pode ocupar esse tipo de construção no terreno, mantendo a qualidade espacial mínima, principalmente das áreas comuns”, diz o arquiteto. Isso talvez explique o sucesso de construções geminadas na capital paranaense, principalmente sob a forma de sobrados.
Nada se compara, porém, em que se transformou a casa geminada na Inglaterra. O modelo hoje é um padrão cultural entre os britânicos. “Na Inglaterra, existem bairros inteiros com casas geminadas de quadra a quadra. Nos fundos, eles transformam tudo em área comum e em área de recreação. Isso é cultural e vem desde a revolução industrial, motivada também pela questão de ocupação, de eles terem menos áreas para construir”, afirma o presidente da AsBEA-PR, para quem os ingleses deixaram um legado para o mundo sobre construção de casas geminadas. “Eles desenvolveram projetos arquitetônicos interessantes e bem compatibilizados sob o ponto de vista hidráulico, elétrico e estrutural”, finaliza.

Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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