Engenheiro civil explica a importância da Avaliação do Ciclo de Vida na construção
Ricardo Couceiro Bento participou do Congresso Brasileiro do Concreto para falar sobre o tema
A conscientização das empresas em colocar a sustentabilidade como uma meta real é algo fundamental para que seja possível reduzir os impactos ambientais a médio e longo prazo. E a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é um procedimento que serve exatamente para mensurar e avaliar os impactos que um produto ou material causa no meio ambiente e, consequentemente, na saúde humana, ajudando na escolha das melhores opções.
O professor, doutor e engenheiro civil Ricardo Couceiro Bento é especialista no tema e promoveu um curso sobre o assunto no 64º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) de 18 a 21 de outubro, em Florianópolis. Ele conta que seu enfoque é nas estruturas de concreto armado, e que, apesar da metodologia já ser aplicada no exterior desde 1990, ainda há muitas dúvidas sobre a ACV.
Por isso, o Massa Cinzenta pediu para que o engenheiro explicasse alguns pontos básicos sobre a utilização da Avaliação do Ciclo de Vida na construção civil. Ele também é membro do Ibracon, da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), do Instituto de Engenharia e do GPBE (Grupo Português do Betão Estrutural).
Qual a importância da Avaliação do Ciclo de Vida para a construção civil? É algo obrigatório de se fazer?
Ricardo Couceiro Bento – As empresas necessitam reduzir os impactos ambientais resultantes de suas atividades. A construção civil é uma das grandes consumidoras de recursos materiais e energéticos, além de emissora de gases do efeito estufa.
A ACV é um procedimento sistemático para mensurar e avaliar os impactos que um produto ou material causa no meio ambiente e sobre a saúde humana, o que a torna o melhor procedimento para o diagnóstico e tomadas de decisão, para ser efetuada a melhoria de nossos produtos.
A ACV não é obrigatória, espera-se que em um futuro próximo seja ao menos incentivada pela sociedade, talvez por meio de liberação facilitada de créditos para a construção de quem a efetuar e aplicar melhorias embasadas nela.
É um processo demorado, como um todo? Quais são as fases de avaliação?
Ricardo Couceiro Bento – A adoção da ACV em edifícios e outras construções é uma tarefa complexa e tediosa. Uma construção incorpora centenas de produtos individuais, e em um projeto de construção pode haver dezenas de empresas envolvidas.
Além disso, o ciclo de vida esperado de um edifício é excepcionalmente longo, as fronteiras do sistema não são claras, etc. Assim sendo, a ACV, então, não pode ser realizada no setor da construção com o mesmo nível de detalhe como na indústria.
As fases de uma ACV são, primeiro, a definição de um objetivo claro e execução de um escopo, em seguida, a execução de um inventário. Posteriormente, é efetuada uma avaliação do impacto do ciclo de vida – essa fase tem a função de agregar os dados do inventário e apoiar a interpretação, que seria a fase final.
O sistema de avaliação foi se aperfeiçoando de qual forma, ao longo do tempo?
Ricardo Couceiro Bento – A ACV é normalizada por um conjunto de normas da série ISO 14040. O aperfeiçoamento tem sido feito com uma abordagem conceitual da complexa avaliação das estruturas, que é uma avaliação do ciclo de vida integrada (ACVI). Esta abordagem integra os principais aspectos da sustentabilidade:
- aspectos ambientais;
- aspectos econômicos;
- e aspectos sociais durante toda a vida da estrutura.
Como é feito o cálculo de indicadores de desempenho ambiental no Brasil?
Ricardo Couceiro Bento – Os indicadores ambientais são projetados para avaliar o impacto ambiental da tecnologia ou atividade. Tais impactos estão principalmente relacionados ao uso de recursos naturais (INPUTS do ciclo de vida) e à geração de resíduos e emissões (OUTPUTS do ciclo de vida).
No Brasil quanto no exterior, o desejável é que a indústria promova a execução de Declarações Ambientais do Produto (DAP). As DAPs sinalizam o compromisso do fabricante em medir e reduzir o impacto ambiental dos seus produtos e serviços e reportar esses impactos de uma forma transparente.
Com uma DAP, os fabricantes reportam dados comparáveis, objetivos e verificados por terceiros. Na falta desses [dados], o que ainda é predominante, temos estudos nacionais em desenvolvimento, que acabam utilizando valores com uma grande margem de variação.
Fontes
Congresso Brasileiro do Concreto
Ricardo Couceiro Bento, professor e engenheiro civil
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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