Engenharia que salva vidas: obras hospitalares exigem precisão técnica e atendimento a normas rigorosas
Construções na área da saúde são guiadas por um conjunto extenso de normas e resoluções para garantir segurança e bem-estar
Mais do que levantar paredes, a construção de hospitais exige precisão técnica, sinergia entre normas rigorosas e um propósito claro: garantir a segurança e o bem-estar de quem cuida e de quem é cuidado. Projetar e construir um hospital é um desafio que vai muito além do concreto. Cada metro quadrado planejado pode impactar diretamente na vida de alguém.
Ao contrário de edificações comerciais ou industriais, os empreendimentos da área da saúde exigem um nível de controle técnico e normativo sem paralelo, unindo engenharia, arquitetura e tecnologia com foco na segurança e na funcionalidade. “Em uma sala de tomografia, por exemplo, há emissão de radiação ionizante, prejudicial ao ser humano em grandes quantidades. Por isso, é fundamental a contratação de um projeto de blindagem radiológica adequado e sua execução sem simplificações, garantindo que, ao final, a sala atenda aos testes necessários para emissão de laudos que comprovem a segurança”, explica Ricardo Paulin, engenheiro civil e coordenador de Engenharia do Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba).
Enquanto a tomografia exige blindagem contra radiação, a ressonância magnética impõe o desafio oposto: o bloqueio de interferências externas. “Na ressonância, utilizamos uma ‘Gaiola de Faraday’, com placas de aço silício nas paredes e no piso, que impedem a entrada de ondas externas e protegem portadores de marca-passo e outros aparelhos eletrônicos próximos”, detalha Paulin.
Normas que orientam projetos na área da saúde
O rigor técnico nas obras hospitalares é guiado por um conjunto extenso de normas e resoluções. Além das normas básicas da ABNT, como a NBR 6118 (estruturas de concreto), NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão) e NBR 9050 (acessibilidade), o setor precisa seguir legislações específicas de saúde.

Crédito: Celso Pilati
A principal delas é a RDC nº 50/2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabelece diretrizes para o planejamento físico de estabelecimentos assistenciais de saúde, abrangendo desde fluxos limpos e sujos até requisitos sanitários e de segurança. Somam-se ainda a NBR 7256 (instalações de gases medicinais), a NBR 15848 (climatização hospitalar), as normas de segurança contra incêndio e pânico e a NR-32, que trata da segurança dos trabalhadores da saúde.
“O hospital é um organismo vivo. Cada ambiente precisa ser projetado para garantir condições seguras e controladas, desde o ar que circula nas salas até o revestimento dos pisos, que precisam facilitar a limpeza e reduzir riscos de contaminação”, afirma o engenheiro.
Tecnologia, precisão e logística
O uso de concreto e outros materiais em obras hospitalares apresenta exigências especiais. No caso do Hospital INC, o concreto das bases das máquinas de imagem foi especificado em 30 MPa. Embora seja um concreto comum atualmente, a aplicação nesse caso, exigiu um estudo logístico detalhado para posicionamento e execução, garantindo assim a alta resistência, estabilidade e durabilidade que a obra necessita.

Crédito: Celso Pilati
Já nas salas de tomografia e raio-X, foi utilizada argamassa baritada, que possui em sua composição sulfato de bário, mineral de alta densidade que reduz a porosidade do revestimento, impedindo a fuga de radiação ionizante das salas de exame. “Foram utilizados cerca de 35 m³ de concreto, transportados internamente por caçambas içadas por guindaste. O acesso exigiu abertura na laje de cobertura, o que demandou planejamento logístico e segurança redobrada”, relata Paulin.
Por estar instalada dentro do Park Shopping Barigüi, somando cerca de 1.000 m², entre recepção, áreas de exame, setores técnicos e administrativos, a obra exigiu detalhes mais específicos de construção. O projeto contou com soluções de engenharia de alta complexidade, como o reforço da laje existente — necessário para suportar equipamentos de ressonância de até 4,5 toneladas — e a criação de uma sala acústica com estrutura em madeira, minimizando ruídos que poderiam interferir nas lojas vizinhas do shopping.
Cada etapa dessas obras representa o encontro entre engenharia e cuidado humano. “Mais do que um empreendimento técnico, a construção hospitalar é um trabalho que exige empatia e visão. Cada detalhe, do piso ao teto, precisa estar a serviço da vida”, conclui Ricardo Paulin.
Entrevistado
Ricardo Paulin é graduado em Engenharia Civil pela UniCuritiba, Engenharia de Segurança no Trabalho pela Faculdade Anhangüera, pós-graduado em Perícias e Avaliações pelo IDD e coordenador de Engenharia do Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba).
Contato
ricardo.paulin@hospitalinc.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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