Edifícios aquecem mercado de concreto protendido

Com escassez de obras de infraestrutura no Brasil, tecnologia se volta para outras áreas, como a de prédios altos
16 de agosto de 2018

Edifícios aquecem mercado de concreto protendido

Edifícios aquecem mercado de concreto protendido 724 543 Cimento Itambé
Em sua 4ª edição, o Seminário Latino-americano de Protensão aconteceu em Curitiba e bateu recorde de público (320 participantes). Crédito: SELAP 2018

Em sua 4ª edição, o Seminário Latino-americano de Protensão aconteceu em Curitiba e bateu recorde de público (320 participantes). Crédito: SELAP 2018

O ano de 2013 foi um marco para as obras em concreto protendido no Brasil. Foi quando se bateu o recorde em consumo de cordoalhas para protensão. Houve a venda de mais de 100 mil toneladas. Atualmente, esse volume encontra-se na faixa de 45 mil toneladas/ano. A queda ocorre porque a maior demanda por concreto protendido no país está nas obras de infraestrutura. Como elas se tornaram raras desde 2016, o consumo caiu. Mas o segmento que atua nesta área começa a explorar outro nicho que usa concreto protendido: o dos edifícios altos.

Segundo dados revelados no 4º Seminário Latino-americano de Protensão (SELAP), que aconteceu em Curitiba-PR, de 10 a 11 de agosto de 2018, entre 1997 e 2007 o mercado de protensão no Brasil vendeu 9,2 milhões de toneladas para a construção de edifícios, o que equivale a 7% da produção nacional, enquanto os outros 93% foram para obras de infraestrutura. Já, nos Estados Unidos, ocorre o inverso: no mesmo período, de 1997 a 2007, o país vendeu 82 milhões de toneladas de protensão para obras de prédios altos. “Hoje, o setor da construção de edifícios nos Estados Unidos consome mais de 80% do mercado de protensão”, explica o engenheiro civil Daniel Lopes Garcia, um dos palestrantes no evento.

Os Estados Unidos têm tradição no uso do concreto protendido em construção de prédios. O primeiro edifício norte-americano a usar a tecnologia foi erguido em 1950. No Brasil, os primeiros arranha-céus com essas características foram entregues em 1998. Entre os países latino-americanos, quem mais constrói edifícios altos usando concreto protendido é o Panamá. Pelas características geográficas do país, que é atingido por fortes ventos vindos dos oceanos Atlântico e Pacífico, somente a tecnologia que utiliza protensão consegue dar a estabilidade necessária aos prédios panamenhos, explica o professor-doutor Oscar M. Ramirez R., da Universidade Tecnológica do Panamá, que também palestrou no 4º SELAP.

Professor-doutor Oscar M. Ramirez R., da Universidade Tecnológica do Panamá, onde prédios altos usam somente a tecnologia de protensão. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Professor-doutor Oscar M. Ramirez R., da Universidade Tecnológica do Panamá, onde prédios altos usam somente a tecnologia de protensão. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Ponte sobre o rio Negro é marco da construção em concreto protendido

No Brasil, a maior obra em concreto protendido é a ponte Jornalista Phelippe Daou, que cruza o rio Negro, no Amazonas. Foram consumidos 138 mil m3 de concreto e 2.200 toneladas de aço para protensão. Já a primeira obra que utilizou protensão no país foi a ponte do Galeão, no Rio de Janeiro-RJ, construída ao longo de 1948 e inaugurada em 1949. Toda a tecnologia foi importada da França. Em termos de prédios altos, a principal obra que utiliza a protensão atualmente no Brasil está em Balneário Camboriú-SC. É o edifício Yachthouse Residence Club, projetado para ser o mais alto do país.

Segundo o grupo IDD, voltado ao ensino e à pesquisa nas áreas de engenharia civil e arquitetura e urbanismo, a “protensão é a técnica empregada para aumentar a resistência do concreto à tração e melhorar o seu comportamento. Significa incrementar uma compressão a mais no concreto, por meio de cabos de aço, de forma que o material tenha maior capacidade de resistir aos esforços de tração”. Para explicar a função do concreto protendido, os engenheiros costumam usar o exemplo dos livros dispostos em uma prateleira. Para que se mantenham em pé, eles precisam de uma força de compressão exercidas pelas laterais da prateleira ou por objetos que possam comprimi-los. O conceito é semelhante quando se aplica o concreto protendido em uma obra.

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Entrevistado
Reportagem com base nas palestr
as do 4º SELAP (Seminário Latino-americano de Protensão), promovido pelo Instituto Nacional de Estruturas Protendidas (INAEP) 

Contato: contato@inaep.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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