Durabilidade do concreto exige controle térmico rigoroso e formulações adequadas

Ações preventivas aplicadas por empresas especializadas, como Concrebras e Cimento Itambé, reduzem riscos de fissuração e evitam a formação da etringita tardia

A formação de etringita tardia, conhecida como DEF (Delayed Ettringite Formation), segue como um dos fenômenos mais estudados da patologia das estruturas de concreto. Seus efeitos podem comprometer a integridade e a vida útil das obras, especialmente quando não há controle adequado das temperaturas.

A durabilidade do concreto está diretamente associada ao controle da temperatura durante sua cura, especialmente em peças estruturais de grande volume. Embora a geração de calor seja inerente ao processo de hidratação do cimento, quando ultrapassa limites específicos, pode desencadear problemas graves, como a etringita tardia. Se a temperatura do concreto ultrapassa cerca de 65 °C, cria-se a condição ideal para a DEF, o que pode causar fissuras e comprometer a estrutura anos depois da obra.

Jorge Christófolli, gerente de Desenvolvimento Técnico da Cia de Cimento Itambé, afirma que concretos com potencial de desenvolver esse tipo de manifestação patológica recebem cuidados especiais desde a fase de formulação. “A empresa emprega modelos e algoritmos matemáticos para prever o comportamento térmico em elementos volumosos, garantindo que o pico de temperatura não exceda valores críticos. Se isso ocorrer, a estrutura pode sofrer expansões internas que comprometem sua integridade ao longo dos anos”, observa.

Em concretagens realizadas em clima quente, por exemplo, o risco se agrava porque o concreto em estado fresco já chega à obra em condições desfavoráveis, aumentando a possibilidade de fissuração e a perda de desempenho ao longo da vida útil. Nessas situações, medidas como resfriamento dos materiais e planejamento adequado são indispensáveis.

Concreto não deve ser tratado como matéria-prima padronizada, mas como sistema técnico complexo
Crédito: Envato

As práticas adotadas pela Concrebras, empresa do grupo, incluem formulações que conciliam resistência mecânica, módulo de elasticidade e relação água/aglomerante com a necessidade de reduzir o calor de hidratação. “Quando essas medidas não são suficientes, a empresa adota técnicas complementares, como o uso de gelo ou nitrogênio líquido durante a mistura, diminuindo significativamente o pico térmico. Os equipamentos de monitoramento instalados na obra asseguram que os limites estabelecidos no projeto não sejam ultrapassados”, informa.

Christófolli cita que o planejamento logístico também é determinante, envolvendo desde a velocidade de descarga dos caminhões até a programação da concretagem em dias consecutivos, quando o volume de concreto supera a capacidade da central.  Essa condição ocorre quando há concretagens de grandes volumes em centros urbanos e com restrição de horários de construção.

Para garantir a continuidade da peça estrutural sem a formação de juntas de concretagem, as camadas de interface entre o término de um dia e a retomada no dia seguinte devem ser estabilizadas, ou seja, o concreto recebe aditivos estabilizantes de pega, que mantêm o concreto no estado plástico na região de interface com o concreto subsequente. Essa condição permite que a união entre as camadas ocorra de maneia eficiente e homogênea.

Ele explica que a combinação entre uma formulação adequada — com o uso de adições especiais que reduzem o calor de hidratação —, controle térmico e o monitoramento, assegura a durabilidade das estruturas. Segundo ele, o sucesso de uma concretagem depende de uma preparação minuciosa. “Todas as medidas tomadas na fase de planejamento são fundamentais, porque garantem que a obra seja executada sem intercorrências e que a estrutura alcance o desempenho esperado, sem comprometer sua qualidade ao longo do tempo”, esclarece.

O especialista destaca que, sem esse cuidado, o risco de manifestações patológicas aumenta, especialmente quando a concretagem ocorre em condições climáticas adversas ou envolve grandes volumes de material.

Durabilidade como resultado de conhecimento técnico

A soma das estratégias aplicadas pela Concrebras evidencia que a durabilidade do concreto não depende apenas de sua resistência inicial, mas é alcançada por meio de engenharia avançada, controle térmico, monitoramento contínuo e cura adequada. “Instalamos equipamentos de monitoramento de temperatura para garantir que os limites térmicos não sejam ultrapassados. Esse controle é decisivo para assegurar desempenho e durabilidade”, afirma Christófolli.

A Concrebras faz uso integrado de adições especiais, como sílica ativa, metacaulim, gelo e nitrogênio, aliadas a análises que consideram todos os fatores intervenientes no comportamento térmico. “Esses materiais são fundamentais para reduzir o pico térmico durante o endurecimento do concreto, mas sua utilização exige precisão e estudos aprofundados”, reforça. Nas obras com alto volume de concreto, cálculos prévios do comportamento térmico são obrigatórios. A partir deles, a Concrebras determina ajustes necessários para manter a temperatura dentro dos limites.

Isso demonstra que o concreto não deve ser tratado como matéria-prima padronizada, mas como sistema técnico complexo, cuja durabilidade depende de decisões conscientes e controle rigoroso em cada etapa. O entendimento correto da DEF, da influência da temperatura e da necessidade de medidas preventivas transforma o concreto, não apenas em material de construção, mas em estrutura segura, durável e confiável.

Entrevistado

Jorge L. Christófolli é engenheiro civil graduado pela Faculdade de Engenharia São Paulo (FESP-SP), pós-graduado em Patologia das Construções pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Engenharia da Construção Civil pela UFPR. Recebeu o Prêmio Epaminondas Melo do Amaral Filho do Ibracon pelo Desenvolvimento do CAD (Concreto de Alto Desempenho). Participou no desenvolvimento do concreto CAD 90 (Recorde de fck no Brasil) e em obras como o Yachthouse By Pininfarina, em Balneário Camboriú (SC), com 81 andares, e do MON (Museu Oscar Niemeyer), entre outras obras importantes. Atualmente, é gerente corporativo de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé.

Contato
jorge@cimentoitambe.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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