Cronograma impede aeroporto do futuro até 2014

12 de janeiro de 2010

Cronograma impede aeroporto do futuro até 2014

Cronograma impede aeroporto do futuro até 2014 150 150 Cimento Itambé

Infraestrutura aeroportuária é uma das maiores preocupações no Brasil. Conheça o projeto que ajudaria a resolver esse gargalo

Até 2014, ano em que acontecerá a Copa do Mundo no Brasil, os aeroportos brasileiros deverão registrar um crescimento estimado de 51% no número de passageiros. Significa que, daqui a cinco anos, circularão pelos terminais aeroportuários cerca de 180 milhões de pessoas anualmente, segundo projeções da própria Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária). A expectativa de demanda faz acender a luz de alerta nos organismos que avaliam a infraestrutura nacional. Para eles, é urgente resolver esse gargalo, sob o risco de o país enfrentar um grande “apagão aéreo” antes mesmo de a Copa aterrissar no Brasil.

O governo federal tem consciência do problema e promete, neste ano, criar uma autoridade aeroportuária para gerenciar obras nos principais aeroportos brasileiros. Segundo o ministério da Defesa, serão investidos R$ 4,6 bilhões na infraestrutura dos terminais. No entanto, as obras só devem começar em 2011. Até lá, será preciso alterar a legislação. O ministro Nelson Jobim defende que a Infraero tenha o mesmo tratamento que a Petrobras, com dispensa de licitação, e que seja permitida a privatização de aeroportos. “O problema está aí e, com Copa ou sem Copa, precisamos solucionar os problemas de infraestrutura nos aeroportos”, diz Jobim.

Ricardo Guerra Florez

Ricardo Guerra Florez

A percepção dos especialistas é que o governo está acordando tarde para o problema. Para o arquiteto Ricardo Guerra Florez, a preocupação está com atraso de seis anos. Em 2004, ele ajudou a elaborar o projeto Aeroporto, Cidade, Metrópole: Políticas para uma gestão convergente, que propunha a reestruturação dos aeroportos de São Paulo. Se tivessem sido adotadas, as ideias teriam evitado o “apagão aéreo” de 2006 e 2007. Elas propunham um aeroporto para vôos domésticos no Campo de Marte, para desafogar Congonhas e devolver Cumbica à sua função original (os voos internacionais), e, além disso, previa a construção de um novo aeroporto na região do Grande ABC.

Esse novo aeroporto, infelizmente, não sairá do papel. Por dois motivos: o governo federal optou por reformar os aeroportos já existentes e porque não há mais tempo para uma obra desta envergadura. Ela precisaria pelo menos de 7 anos para entrar em operação plena, ou seja, para estar funcionando em 2014 a obra deveria ter começado em 2007. O aeroporto do futuro, como previa Ricardo Guerra Florez, seria erguido à sudeste do município de São Paulo, o mais próximo do Rodoanel, e seria concebido para suportar os crescimentos até pelo menos 2060. “Ele ocuparia uma área em região com inúmeras instalações industriais desocupadas e com transporte ferroviário já instalado e subutilizado. Seria construído dentro dos conceitos modernos de sustentabilidade, o que ajudaria a preservar a área, atualmente fortemente ocupada por invasões”, explica.

Pistas para grandes supersônicos

Pela localização estratégica, o aeroporto do futuro permitiria aproximações e saídas com menor sobrevoo e seria projetado para receber as futuras aeronaves de grande porte, com capacidade de voar com até 1.000 passageiros e grandes quantidades de carga aérea e velocidade supersônica. “Seria o mais importante e estratégico aeroporto brasileiro para conexões internacionais no eixo Sul/Sul, ligando o Brasil à África, à Austrália e ao Oriente”, define Ricardo Guerra Florez.

Isso demandaria a construção de pistas de rolamento com mais de 2.600 metros e largura mínima de 25 metros. Exigiria também o uso inédito na América Latina de concreto protendido aplicado pelo processo de Dywidag, para pavimentação de pistas de aeroportos. O sistema é o único que atende às exigências da tecnologia eletrônica dos novos aviões, com redução de custo de manutenção de juntas. Além de sistemas construtivos modernos, o aeroporto do futuro reuniria outros componentes necessários para obras desta envergadura, como:

– Dimensionamento para promover desenvolvimento social, urbano e econômico.
– Instalações concebidas e conectadas com o planejamento urbano das cidades.
– Conexão com transporte público de qualidade.

Aeroshopping

Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares em Maceió

Aeroporto Zumbi dos Palmares

Atualmente, no Brasil, a obra aeroportuária mais moderna está em Alagoas. No final de 2005 entrou em operação o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares. Com capacidade para 1,2 milhão de passageiros por ano, expansível para 2,5 milhões até 2014, ele segue o conceito de aeroshopping – uma combinação de terminal aéreo com espaço para 62 estabelecimentos comerciais de compras, lazer e arte.

Entre as inovações, o Zumbi dos Palmares conta com sistema de cogeração de energia, que permite uma forma de energia ambientalmente limpa, com a utilização de gás natural. Em sua central de água gelada existem dois grupos geradores movidos a gás natural, que fornecem energia elétrica para todo o aeroporto. Através do processo da cogeração, a água quente, utilizada para o arrefecimento dos geradores, assim como seus gases exaustos, são reaproveitados, gerando água gelada por meio de um chiller de absorção.

Além disso, é um dos poucos aeroportos do país totalmente climatizado, com sistema informatizado que regula desde a intensidade da iluminação e do ar refrigerado, até a velocidade das escadas rolantes. A pista, com 2,6 mil metros, permite voos Maceió-Londres, Maceió-Roma e Maceió-Cairo sem escalas ou conexões.

Entrevistados:
Arquiteto Ricardo Guerra Florez: fundacaorgf@gmail.com
Infraero: imprensa@infraero.gov.br

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Vogg Branded Content

12 de janeiro de 2010

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