Construtoras voltam a se valorizar no mercado de ações
Só em 2019, empresas listadas na Bolsa de Valores já captaram 4,4 bilhões de reais e seguem em viés de alta
As construtoras e incorporadoras que estão listadas na Bolsa de Valores experimentam nova valorização de suas ações. Levantamento da consultoria Alvarez&Marsal mostra que algumas empresas já alcançaram altas significativas em seus papéis, no período de 12 meses (novembro de 2018 a outubro de 2019). São os casos da Trisul (301,2%), da Helbor (105,63%), da Eztec (95,59%), da Even (78,23%), da Cyrela (65,97%), da Direcional (49,76%) e da Tenda (44,45%) – todas com sede na cidade de São Paulo-SP -, além da MRV (39%), de Belo Horizonte-MG. Só em 2019, essas empresas, somadas, já captaram 4,4 bilhões de reais na Bolsa.
As construtoras e incorporadoras mais bem avaliadas no mercado de ações se dividem entre as que atuam no segmento de edifícios de luxo e superluxo e as que têm suas marcas atreladas ao programa Minha Casa Minha Vida. Destas, apenas a Tecnisa não teve valorização de suas ações no recente período de 12 meses. A empresa registrou desvalorização de 18,54%, porém não afetou a percepção positiva do mercado. A análise é de que a construção civil está iniciando um novo ciclo, fruto da inflação controlada e dos juros baixos.
Otimistas, as empresas estão indo ao mercado de ações para captar mais recursos para seus empreendimentos. “O setor entendeu que o governo não irá mais subsidiá-lo e está buscando investidores. Isso demonstra maturidade”, revela relatório da Alvarez&Marsal. Dados da consultoria Economatica comprovam isso. A Trisul, por exemplo, viu seu valor de mercado saltar de 599 milhões de reais para 2 bilhões de reais. Capitalizada, a construtora espera fechar 2019 com 10 lançamentos e um VGV (Valor-Geral de Vendas) entre 900 milhões de reais e 1 bilhão de reais, contra 664 milhões de reais em 2018.
Empresas ligadas ao mercado imobiliário contrastam das que atuam na construção pesada
Já a Eztec é a que mais captou com ofertas de ações em 2019, entre as empresas da construção civil que operam na Bolsa. Foram 979 milhões de reais. Para o presidente da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras), Luiz França, a percepção do investidor é de que as ações dessas empresas estão relativamente baratas e podem se valorizar com os sinais de que o setor da construção civil está, finalmente, voltando a crescer. “O que tem sustentado as captações é a mudança do ponto de vista dos investidores institucionais, inclusive de estrangeiros, sobre o quadro econômico do Brasil. O ambiente está melhor no país e o mercado imobiliário vai tirar proveito disso”, afirma.
O sucesso das construtoras ligadas ao mercado imobiliário contrasta com os constantes prejuízos das empresas que atuam na construção pesada. Em três anos, as receitas do grupo que inclui Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, UTC e Constran diminuíram 85%. O principal motivo para essa contração é o envolvimento das construtoras no escândalo de corrupção trazido à tona pela operação Lava Jato. A receita das empresas citadas caiu de 71 bilhões de reais para 10,6 bilhões de reais, entre 2015 e 2018.
Entrevistado
Reportagem com base em relatório da consultoria Alvarez&Marsal, sobre o desempenho das empresas da construção civil no mercado de ações
Contato: info@amcapitalre.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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