Temas que envolvem impressão 3D, realidade aumentada e produção de concreto cicatrizante 100% nacional foram mostrados na feira
Por: Altair Santos
O 5º Seminário de Inovação e Tecnologia da Construção (ITCon) foi um dos destaques da feira Construsul, que acontece anualmente em Novo Hamburgo-RS. Pesquisadores do itt Performance, da Unisinos, e da Feevale, selecionaram para o evento temas que envolvem inovações na construção civil, como impressão 3D, aplicação da realidade aumentada na arquitetura e na engenharia e novas tecnologias aplicadas ao concreto, como o desenvolvimento do primeiro material cicatrizante 100% nacional, em pesquisa no itt.
O ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) já desenvolve estudo semelhante, mas empresta metodologia aplicada fora do país, principalmente nas universidades de Delft, na Holanda, e Gante, na Bélgica. Recentemente, outros grupos de estudo passaram a pesquisar a aplicabilidade do concreto cicatrizante no Brasil. Entre eles, pesquisadores da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e da USP (Universidade de São Paulo). No itt Performance, quem está à frente dos trabalhos é a engenheira civil Fernanda Pacheco. Na entrevista a seguir, ela revela em que nível encontra-se a pesquisa:
Recentemente, dentro do 5º Seminário de Tecnologia e Inovação na Construção Civil, realizado na feira Construsul, a senhora palestrou sobre a pesquisa de concreto cicatrizante dentro do itt Performance. Como estão os estudos?
O itt Performance está lançando uma linha de pesquisa que abordará a confiabilidade dos mecanismos de autoregeneração do concreto. A pesquisa, com duração de pelo menos três anos, busca avaliar quais mecanismos têm maior propensão a resistir às agressividades nas estruturas de concreto armado.
Desde quando o itt Performance pesquisa concreto cicatrizante, e em que nível se encontra a pesquisa?
Está iniciando, e ela se encontra na fase de estruturação do plano de pesquisa.
As primeiras aplicações práticas devem ocorrer quando?
Esperamos que em seis meses possamos aplicar e avaliar a confiabilidade do produto.
No ITA, o engenheiro civil Emilio Minoru Takagi também desenvolve concreto cicatrizante. Há alguma diferença entre as duas pesquisas?
O engenheiro civil Emilio Takagi avalia o uso de aditivos cristalizantes. Também temos este objetivo, porém envolvendo ainda outros métodos e o nível de confiabilidade de todos eles.
No Brasil, os estudos sobre concreto cicatrizante estão em que estágio, comparativamente ao que é pesquisado fora do país?
No Brasil, existem núcleos de pesquisa avaliando as técnicas de reparo com os materiais nacionais. Em países como a Holanda, essas pesquisas são realizadas há mais de 10 anos. Assim, já foram identificadas lacunas como o elevado custo do nutriente das bactérias, por exemplo, o que tem sido contornado. Além disso, na Holanda a linha de pesquisa não envolve apenas materiais cimentícios, mas também polímeros.
Em que tipo de obra é mais recomendado o uso de concreto cicatrizante?
Todas as obras são sujeitas à fissuração, uma vez que tal dano tem inúmeras causas. Assim, é interessante utilizar a técnica em locais onde o ambiente é mais agressivo, como em grandes centros urbanos, áreas industriais ou zonas litorâneas.
Comparativamente ao concreto convencional, o metro cúbico do concreto cicatrizante pode ser quanto mais caro?
Não é necessariamente mais caro, pois o próprio cimento ou até mesmo pozolanas podem exercer a função de autocicatrização. Tais materiais já são empregados nos concretos. Por outro lado, se forem utilizados aditivos químicos ou soluções bacteriais, aí sim estaremos aumentando o valor do material.
Na Linha 4 do metrô da cidade do Rio de Janeiro foi usado concreto autocicatrizante (CAC). Autocicatrizante e cicatrizante são o mesmo material?
Na realidade, cicatrizante é o nome dado ao material que consegue reparar um dano em um elemento. Já a autocicatrização é quando o próprio material tem o poder de reparar seu dano, seja por meio de compostos adicionados ao concreto, para cumprir essa finalidade, ou através de materiais inerentes à composição do concreto, mas que também possuem tal capacidade.
Saiba mais sobre concretos cicatrizantes e autocicatrizantes:
http://www.cimentoitambe.com.br/concreto-de-pos-reativos-unisinos/
http://www.cimentoitambe.com.br/brasil-concreto-cicatrizante/
Entrevistada
Engenheira civil Fernanda Pacheco, graduada pela Unisinos e que atualmente é analista de projetos do itt Performance (Instituto tecnológico em desempenho e construção civil da UNISINOS [Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul]).
Contato
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Crédito Fotos: Aline Spassini/Unisinos, Construsul e itt Performance