Construção 3D revoluciona setor com casas erguidas no próprio canteiro de obras e sistemas modulares

Startup americana construiu o maior edifício impresso em 3D do mundo, de dois andares, e ergueu uma casa impressa no Missouri

A nova fronteira da construção: casas impressas em 3D diretamente no canteiro de obras. Em um subúrbio de Moscou, uma casa de 38 metros quadrados foi erguida em apenas 24 horas, a um custo inferior a US$ 10 mil. O feito, protagonizado pela startup americana Apis Cor, chamou atenção do mundo para uma revolução silenciosa que está em curso na construção civil: a impressão 3D de estruturas habitacionais com concreto extrudado.

Diferentemente dos sistemas modulares ou pré-fabricados, a tecnologia permite que as paredes e elementos estruturais sejam impressos diretamente no local da obra, camada por camada, como em um grande “plotter de concreto”. A impressora, controlada por software, segue um modelo digital 3D que orienta a deposição do material, possibilitando a execução de formas complexas, com precisão, rapidez e mínimo desperdício.

“É uma mudança de paradigma. A impressão 3D permite geometrias mais livres, com economia de recursos e maior controle do processo”, afirma o arquiteto Orlando Ribeiro, vice-presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Paraná). “Ela reduz drasticamente o desperdício de materiais e é ideal para obras de baixo custo, personalizadas ou automatizadas”, complementa.

Casas construídas em 3D para pessoas em situação de vulnerabilidade social em Wilmington, na Carolina do Norte (EUA)
Crédito: Divulgação/Apis Cor

Concreto sob medida para um novo tempo

No centro dessa transformação está uma fórmula de concreto desenvolvida especialmente para o processo de impressão. O chamado concreto extrudado apresenta propriedades reológicas e mecânicas específicas, como alta coesão, pega rápida e tixotropia (capacidade de recuperar a viscosidade após o bombeamento), garantindo a integridade da estrutura desde as primeiras camadas.

É um material que precisa fluir com facilidade e, ao mesmo tempo, manter a forma ao ser depositado. Um equilíbrio técnico muito sofisticado”, explica Ribeiro. A precisão permite o uso exato da quantidade de concreto necessária, o que resulta não apenas em economia, mas também em menor impacto ambiental.

Brasil começa a explorar potencial da tecnologia

Apesar de ainda emergente no Brasil, a construção 3D já inspira iniciativas em universidades e empresas. O Instituto SENAI de Inovação, na Bahia, por exemplo, desenvolveu em parceria com uma startup local um projeto de habitações populares impressas, adaptadas às condições climáticas e aos materiais regionais.

Na USP e no ITA, pesquisas avançam no desenvolvimento de misturas e impressoras de grande porte, visando aplicações que vão desde casas sustentáveis até estruturas militares. Outro destaque é o InovaHouse3D, startup nascida na Universidade de Brasília (UnB), que projeta impressoras e misturas de concreto adaptadas à realidade nacional.

Já a UTFPR investiga o uso de resíduos industriais em formulações sustentáveis, combinando inovação com responsabilidade ambiental. Além do meio acadêmico, startups brasileiras vêm apostando na impressão 3D como solução para obras emergenciais e personalizadas. “Essa tecnologia tem enorme potencial para atender demandas habitacionais urgentes, com qualidade e eficiência”, avalia o arquiteto da AsBEA-PR.

Casas impressas em 3D pela APis Cor são construídas diretamente no canteiro de obras
Crédito: Divulgação/Apis Cor

Um futuro moldado em camadas

A Apis Cor, startup americana, continua a expandir seus projetos nos Estados Unidos, alcançando marcos significativos em sua jornada. A empresa construiu o maior edifício impresso em 3D do mundo, que é um edifício administrativo de dois andares. Além disso, imprimiu um edifício comercial em Boca Chica, Texas, que se tornou o primeiro edifício impresso em 3D com permissão comercial na América.

No âmbito residencial, a Apis Cor construiu uma casa impressa em 3D no Missouri, sendo esta a primeira casa da empresa a implementar paredes 3D comparáveis a paredes de blocos de concreto, projetadas e testadas pela própria empresa. Ela também é reconhecida por ter construído a “primeira” casa impressa em 3D, descrita como “pequena, mas poderosa” e a mais reconhecida do mundo. 

Em 2022, a empresa construiu a Eden Village, uma comunidade de pequenas casas com 31 unidades, projetada especificamente para fornecer moradia permanente e vitalícia para pessoas em situação de rua em Wilmington, Carolina do Norte (EUA). “Além disso, foi premiada em desafios da NASA voltados à habitação espacial. Seu portfólio é um indicativo de que a impressão 3D já não pertence apenas ao campo da experimentação e trata-se de uma solução viável, escalável e cada vez mais acessível”, assinala.

No Brasil, os avanços ainda ocorrem em ritmo moderado, mas o interesse cresce. “Estamos diante de uma tecnologia que não só transforma a forma de construir, como redefine o papel da arquitetura e da engenharia. É um caminho sem volta”, conclui Ribeiro.

Entrevistado
Orlando Ribeiro é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/PROPAR) e Doutorando em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/PROPUR). É atualmente vice-presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Paraná).

Contato
arq.orlandoribeiro@gmail.com

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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