Concreto impulsiona avanço da energia eólica offshore
Tecnologia permite reduzir custos e ampliar conteúdo local na geração de energia limpa no mar
Com ventos constantes e águas rasas na faixa litorânea, o Brasil desponta como um dos países com maior potencial para o desenvolvimento da energia eólica offshore. A combinação entre recursos naturais favoráveis e inovação tecnológica tem colocado o país em posição estratégica para avançar nesse segmento — e o concreto ocupa papel de protagonista nesse movimento.
Segundo Sérgio Azevedo, CEO da Dois A Engenharia, o país reúne condições únicas para a instalação de turbinas em alto-mar.
“A exemplo do que acontece no setor onshore, as jazidas de vento no litoral brasileiro são de excelente qualidade. Não há tanta turbulência, e a constância dos ventos é muito melhor. O Brasil tende a ser um excelente país para a energia offshore, mesmo ela sendo mais cara que a onshore. São coisas distintas, mas temos que encarar como alternativas complementares para a geração de energia — e nos preparar o quanto antes”, afirma.

Crédito: Elisa Project | Esteyco
Azevedo destaca que, principalmente no Rio Grande do Norte e no Ceará, as condições geográficas favorecem a implantação de parques eólicos próximos à costa.
“O que encontramos no Brasil são águas rasas, entre três e cinco quilômetros da costa, com profundidade média de 13 a 20 metros. Isso permite que a instalação de uma turbina eólica offshore aqui seja cerca de 40% mais barata do que em qualquer outro lugar do mundo. É um diferencial competitivo que pode fazer com que o custo de geração de energia offshore no país esteja entre os menores do planeta”, sugere.
Tecnologia Elisa e o uso do concreto
A Dois A Engenharia, em parceria com o Senai, vem desenvolvendo protótipos com tecnologia Elisa, sistema que utiliza torres telescópicas de concreto e permite construir grande parte da estrutura em dique seco, no continente — reduzindo a necessidade de operações complexas no mar.
“O grande diferencial do sistema Elisa é que toda a fundação é produzida na terra. Produzimos, concretamos e montamos a torre diretamente na base, ainda em ambiente controlado. Depois, a estrutura flutua até o ponto de instalação e é submersa no local definitivo. Tudo é preparado no continente, dispensando o uso de grandes rebocadores e navios de alto custo”, explica Azevedo.
Esse processo, além de reduzir riscos e custos logísticos, aumenta o conteúdo local, já que depende menos de equipamentos importados, segundo Azevedo.
“O uso do concreto e a execução em dique seco permitem um projeto com muito conteúdo local. Fizemos esse acordo com o Senai justamente para viabilizar um modelo inovador, com dois protótipos sendo construídos próximo ao Porto Ilha, no Rio Grande do Norte.”
A torre telescópica também contribui para a estabilidade e facilita a instalação. Durante o transporte e a montagem, o centro de gravidade é mantido baixo, o que reduz o balanço da estrutura. O sistema pode ser monitorado remotamente, garantindo segurança e precisão em todas as etapas.
“Essa tecnologia dispensa navios de içamento pesado, o que elimina restrições ligadas à disponibilidade e às regras de uso de embarcações estrangeiras. É um avanço essencial para a escalabilidade da próxima geração de turbinas eólicas de grande porte”, acrescenta o executivo.
Perspectivas e desafios
Apesar do potencial, o setor de energias renováveis no Brasil enfrenta desafios conjunturais. Segundo o CEO da Dois A Engenharia, o sistema nacional sofre hoje com superoferta de energia, principalmente pela expansão da geração solar distribuída, e limitações de transmissão entre o Nordeste e as regiões Sul e Sudeste.
“Temos um problema de escoamento. O Brasil desenvolvido, industrializado, está no Sul e no Sudeste, e não conseguimos mandar toda a energia produzida no Nordeste para essas regiões. Isso tem gerado um desequilíbrio enorme no sistema interligado nacional”, pontua Azevedo.
Para ele, a solução passa por incentivar a industrialização no Nordeste e criar alternativas locais de consumo de energia, como data centers, sistemas de armazenamento e projetos híbridos que combinem diferentes fontes de geração.
“O Brasil desenvolveu uma tecnologia de concreto, fundação e execução de parques eólicos que é referência e até copiada em outros países. As fundações de concreto brasileiras são cada vez mais otimizadas, e acreditamos que essa solução é superior às metálicas, especialmente porque permite alcançar alturas maiores, entre 120 e 150 metros, onde estão os ventos de melhor qualidade.”
Na avaliação de Azevedo, a tecnologia 100% em concreto também se adapta melhor às condições locais.
“Para o ambiente salino brasileiro e para as águas rasas do nosso litoral, o concreto é a solução mais adequada. Além disso, os ventos offshore do país têm um fator de capacidade altíssimo, possivelmente entre os melhores do mundo. Isso nos dá confiança de que estamos no caminho certo”, conclui.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=y1HaokUSulw
Fonte
Sérgio Azevedo, CEO da Dois A Engenharia.
Contato
doisaengenhariasociais@gmail.com
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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