Concreto é sinônimo de confiança para as seguradoras

13 de maio de 2009

Concreto é sinônimo de confiança para as seguradoras

Concreto é sinônimo de confiança para as seguradoras 150 150 Cimento Itambé

No Brasil, não há dúvidas: o material tem a preferência; no mundo, após o 11 de setembro, empreendimentos em estrutura de aço perdem terreno

Estruturas em concreto: estudo comprova que eles resistem mais aos incêndios

Estruturas em concreto: estudo comprova que eles resistem mais aos incêndios

Material consagrado na construção civil brasileira, o concreto armado ganhou ainda mais confiabilidade na engenharia internacional depois daquele fatídico 11 de setembro de 2001, quando houve o ataque terrorista às torres gêmeas de Nova York, nos Estados Unidos. Edifícios mais altos do mundo, à época, e construídos sobre estruturas de aço, eles não resistiram às altas temperaturas causadas pelas explosões, após os choques das aeronaves, e vieram abaixo.

A tragédia trouxe à tona o debate sobre qual material resistiria mais às altas temperaturas: o concreto ou o aço. Cerca de seis meses depois do atentado, dois pesquisadores da Universidade de São Paulo trouxeram luz à discussão. Um amplo estudo de Carla Neves Costa, mestranda da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e de Valdir Pignatta e Silva, professor-doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, comprovou a tese: o concreto é um material incombustível, possui baixa condutividade térmica, não exala gases tóxicos quando submetido ao fogo e suas estruturas são consideradas seguras em situação de incêndio.

A pesquisa partiu das normas NBR 14323 e NBR 14332, publicadas em 1999 e 2000, que tratam do dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio e da resistência ao fogo requerida para as edificações construídas com qualquer material estrutural. “Este trabalho teve por objetivo descrever o comportamento do incêndio por meio de modelos matemáticos simplificados e os efeitos da ação térmica nas estruturas de concreto armado”, definem os pesquisadores.

Com dados mais precisos e normas mais adequadas, as construções permitiram ao setor de seguros definir especificidades para o setor. Hoje se propaga a modalidade de seguro de riscos de engenharia. Ela envolve não apenas os sistemas construtivos, mas os processos de gerenciamento da obra, durante e após a sua execução. Especialista no assunto, Gustavo Adolfo Schlecht prega que uma obra bem construída tem uma boa chance de resistir mais a determinados sinistros, ressalvando que nenhuma construção está imune. “Acho que depende muito de como os processos de gerenciamento de risco serão executados”, diz.

No entanto, ele concorda que, pelo menos no Brasil, e pelo avanço tecnológico, o concreto como base de um sistema construtivo tornou-se mais confiável para as seguradoras do que o aço. “As estruturas em concreto têm tradição no país, enquanto as de aço ainda não são muito utilizadas. Também é sabido que o aço sofre mais em condições de grande aquecimento do que o concreto, por ser mais dúctil. Mas ressalto: tudo depende da intensidade do sinistro”, disse o engenheiro mecânico por formação, especializado em administração de empresas e gerenciamento de riscos e membro da ALARYS (Associação Latino Americana de Gerenciamento de Riscos).

Confira a entrevista:

O que abrange a modalidade riscos de engenharia?
Riscos de engenharia é uma modalidade de apólice de seguro disponível no mercado, que inclui os seguros relacionados com cobertura securitária para obras civis, instalações e montagens eletromecânicas, períodos de garantia, períodos de manutenção, enfim, tudo relacionado a estas obras.

No que os sistemas construtivos influenciam nos riscos de engenharia e sua relação com o seguro?
Quando você tem um projeto que tem várias fases, há várias condições para ter a performance completa deste projeto. Isso inclui as obras, as instalações e envolve empresas que prestam serviços, empresas de fornecimento de equipamentos e empresas responsáveis pelas instalações. Tudo isso tem o risco de se envolver em um acidente nesta obra. Então, esse seguro protege eventuais acidentes que possam ocorrer nestas operações de obras civis e instalações eletromecânicas.

Como está hoje a questão de seguro para engenharia? As construtoras já se preocupam mais com isso, tornou-se uma exigência do mercado ou ainda há certo descaso sobre o tema?
Percebe-se que muitos contratos firmados entre o contratante e a empresa prestadora de serviço ou construtora já mencionam a necessidade de se fazer um seguro na modalidade riscos de engenharia, ou seja, começa a ser uma exigência do cliente e é uma preocupação também das empresas. Principalmente das construtoras, que se preocupam em proteger o projeto em relação a um eventual acidente súbito e imprevisto.

Uma edificação em concreto tem mais chances de ser segurada por um preço menor, já que se trata de um material que enfrenta o sinistro do incêndio melhor do que o aço, por exemplo?
No Brasil, o que a engenharia civil mais tem experiência é com estruturas de concreto. As estruturas de aço, por exemplo, ainda não são muito utilizadas no país e já é comprovado que se trata de um material que sofre mais do que o concreto em condições de grande aquecimento, por ser mais dúctil. Então, claro que o seguro do concreto é mais confiável. Mas essa é uma questão muito técnica e relativa também, pois depende do impacto do sinistro sobre a obra.

Uma conclusão que se pode tirar é que se o construtor utilizar materiais de qualidade ele terá um seguro mais em conta para o empreendimento e oferecerá ao cliente a possibilidade de um seguro residencial também mais em conta. É isso?
Em termos. Pelo seguinte: você pode fazer uma obra tremendamente bem estruturada, com materiais de primeiríssima qualidade, mas não fazer um gerenciamento de riscos após a construção. Quer dizer, o uso que se vai fazer desta construção pode ser inadequada e isso pode provocar um sinistro de proporções grandes. Então, eu acho que uma construção bem construída tem uma boa chance de resistir mais a determinados eventos, mas ela também não é imune. Eu acho que depende muito de como os processos de gerenciamento de risco vão ser executados após esta obra.

Email do entrevistado: Gustavo Adolfo Schlecht: gustavoas@globo.com

Link para a íntegra do estudo “Estruturas de concreto armado em situação de incêndio”:
http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/wp-content/artigos/conc_fire_jornadas_brasilia.pdf

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação

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