Tecnologia permite produzir estacas para sustentar supervigas do acesso rodoviário e ferroviário ao Porto do Açu, na região norte do Rio Janeiro
Por: Altair Santos
Os acessos rodoviário e ferroviário do Porto de Açu, na região norte do estado do Rio de Janeiro, tornaram-se referência para a construção civil voltada ao setor de obras de infraestrutura. Principalmente pelas inovações aplicadas no empreendimento. Houve um severo processo de industrialização, principalmente para que o cronograma pudesse ser cumprido. Com isso, a construção tornou-se um case sobre o uso de concreto centrifugado e a fabricação de supervigas.
A obra consistiu na construção de uma ponte ferroviária, uma ponte rodoviária e dois viadutos rodoviários. O volume total de concreto utilizado na estrutura chegou a 6.521 m³ e a metragem linear de estacas centrifugadas usadas para a fundação atingiu 10.171,40 metros. “A ponte rodoviária recebeu oito vigas de 36 metros cada uma. Já a ponte ferroviária recebeu 136 vigas. Foram usados 23 m³ de concreto em cada viga. “Um dos destaques desse projeto foi a adaptação do concreto protendido, passando de um sistema pós-tração para um sistema misto ou de pré-tração”, afirmou o engenheiro civil Gustavo Rovaris, que gerenciou a obra.
Além das supervigas, as estacas de concreto centrifugado também fizeram parte das inovações construtivas usadas no complexo viário do Porto de Açu. Essa tecnologia foi necessária porque o mar da região é considerado bastante agressivo. Além disso, são muitas as vantagens que o processo de centrifugação oferece. Ele permite variar a espessura da parede do elemento vazado – poste, estaca, coluna ou viga – e beneficia projetos com necessidades estruturais ou de durabilidade muito específicas.
Na centrifugação, o concreto é submetido a uma compactação de até 50 vezes a força da gravidade. Durante o processo, o material fresco e plástico é distribuído de maneira uniforme Como resultado, as distâncias entre os agregados e outras partículas sólidas são reduzidas e, parte da água – além de partículas finas de baixa resistência – são expulsas do concreto. Isso permite atingir alto grau de compacidade, dentre os diversos métodos de adensamento existentes.
Outro motivo que levou os projetistas a optarem por supervigas e por estacas centrifugadas de concreto é o alto tráfego que o complexo viário receberá. O corredor logístico foi dimensionado para transportar 200 milhões de toneladas por ano, com circulação de até 100 mil veículos por dia. Por isso, disse Gustavo Rovaris, investiu-se também na padronização das peças para cumprir os prazos. “Para aumentar a produtividade e reduzir os custos nas obras, é importante, ainda, a padronização”, enfatiza o engenheiro.
Entrevistado
Engenheiro civil Gustavo Rovaris, especialista em construção industrializada
Contato: cassolrj@cassol.ind.br
Créditos Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé