Como reter talentos na construção civil?
82% das empresas afirmam enfrentar dificuldades para contratar novos trabalhadores
A falta de profissionais continua sendo um obstáculo para a construção civil no Brasil: 82% das empresas afirmam enfrentar dificuldades para contratar novos trabalhadores, de acordo com a Sondagem da Construção, levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).
Em março de 2025, o índice alcançou o nível mais alto desde outubro de 2012. No segmento de serviços especializados, 70% das empresas relatam não conseguir encontrar profissionais disponíveis no mercado — o maior patamar desde o início da série histórica, em julho de 2010.

Crédito: Envato
“As empresas ficaram mais pessimistas neste início de ano, refletindo as dificuldades com a escassez de mão de obra qualificada, que vêm alcançando patamares recordes, e um crédito mais caro. Houve também uma desaceleração da atividade, que deve ser revertida, pois as indicações são de retomada das contratações de mão de obra, mantendo o mercado de trabalho pressionado”, afirmou Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE.
Para Bruna Siciliano, presidente do Grupo Siciliano Brasil, a construção civil apresenta um ponto de inflexão em relação a outras indústrias.
“Contratar, recrutar, capacitar e introduzir profissionais nos canteiros de obras é diferente do que ocorre, por exemplo, na indústria de mineração. No processo de contratação, recrutamento, seleção e inserção em uma frente de trabalho — seja numa fábrica automobilística ou em qualquer outro setor — a indústria da construção civil é única. Isso porque existem códigos de conduta, o Anexo 4 da Constituição, sindicatos e uma série de peculiaridades que envolvem o setor. Isso obriga o empregador a se adaptar às regras vigentes, seguindo a CLT. Além disso, a própria indústria da construção cria códigos de conduta específicos”, comenta Bruna.
Outra questão, segundo Bruna, é que hoje existe uma espécie de bolha no mercado imobiliário, com mais canteiros de obras espalhados por cidades como São Paulo do que a capacidade de mão de obra para atendê-los.
“Ela acaba não sendo suficiente. E o cenário se torna ainda mais problemático porque muitos orçamentos dessas obras, já em andamento, estão defasados. Quando se contrata um empreiteiro para executar serviços de impermeabilização, gesso ou qualquer outra etapa, a construtora, incorporadora ou gerenciadora trabalha com um orçamento que, muitas vezes, foi definido há dois ou até quatro anos. Esse valor já não reflete a realidade atual, especialmente diante das mudanças climáticas, que também aceleram esse processo”, afirma Bruna.
Como reter talentos?
Para Bruna, reter profissionais na construção civil exige ir além da remuneração. “Contratamos mentes criativas para reduzir a rotatividade e oferecer inovação aos projetos. Pagamos acima da média do mercado, temos plano de carreira e olhamos não só para o colaborador, mas também para sua família e rede de apoio. Isso transmite segurança, alinhada aos nossos pilares: proteger, desenvolver e incluir”, afirma.
Bruna destaca que a nova geração busca equilíbrio entre salário e qualidade de vida. “Por isso, a Siciliano, signatária do Pacto Global da ONU, inclui seus colaboradores em programas de capacitação da organização, reforçando políticas de ESG e direitos humanos. Como prestadores de serviço, nossos profissionais são prioridade. Além da CLT e do plano de carreira, oferecemos benefícios como descontos em farmácias, acesso a academias, atendimento médico remoto e parcerias para desenvolvimento horizontal e transversal”, explica.
Sobretudo, o investimento em qualificação da mão de obra também é importante. “A gente tem parceria com todos os nossos stakeholders, com os nossos principais fabricantes. Em 2025, em parceria com a Viapol, colaboradores participarão de treinamentos na fábrica de Caçapava, aprendendo sobre processos produtivos e aplicação de produtos. Com o Senai da Construção Civil, no Tatuapé, são oferecidos cursos como técnico em edificações, leitura de projetos e mestre de obras. Entre as iniciativas recentes, há um programa lançado com o Ministério do Trabalho para formar jovens aprendizes de 16 a 21 anos. Trabalhamos o letramento desses jovens e de suas famílias, preparando-os para o mercado e respondendo às demandas da geração Z”, conclui Bruna.
Entrevistada
Bruna Siciliano é especialista em construções saudáveis e sustentáveis, economia verde, soluções baseadas na natureza e descarbonização aplicadas a indústria da construção civil. Também é empreendedora e presidente do Grupo Siciliano Brasil, CEO Siciliano Ltda, Siciliano Tecnologia e Cofundadora da Siciliano Pro.
Contato:
tecnico@sicilianoltda.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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