Como promover a segurança no canteiro de obras?
Estado de São Paulo registrou um aumento de 13,9% nos acidentes de trabalho no setor da construção civil
Em maio de 2025, a queda de um elevador de carga deixou três operários mortos na obra de um condomínio residencial no Butantã, na Zona Oeste de São Paulo. Tratava-se de um elevador de cremalheira, que despencou do 17º andar. O Estado de São Paulo registrou um aumento de 13,9% nos acidentes de trabalho em atividades da construção civil até março de 2025, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde.
Até março deste ano, 377 casos foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Em 2024, foram 1.390 casos de acidentes de trabalho no setor.
Normas de segurança para o canteiro de obras
De acordo com Haruo Ishikawa, membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP e vice-presidente de Capital-Trabalho do SindusCon-SP, a NR-18 é a norma que rege a segurança e saúde no trabalho na indústria da construção. “Ela passou por uma importante atualização, que começou com a publicação de uma portaria em 2020. Em 2022, a nova norma já estava em plena vigência. Mas, além da NR-18, há diversas outras normas regulamentadoras que utilizamos para garantir a consistência e a eficácia das ações de segurança no setor da construção civil”, pontua Ishikawa.

Crédito: Envato
Um exemplo é a NR-1, que trata das diretrizes gerais e incluiu, recentemente, aspectos relacionados aos riscos psicossociais. Ishikawa também cita a NR-5, que trata da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –, muito aplicada na construção civil.
“A NR-10, que aborda a segurança em instalações e serviços em eletricidade, é essencial para o setor. Já a NR-12 trata sobre segurança no trabalho com máquinas e equipamentos. Todas essas normas se complementam e estão, de certa forma, interligadas com a NR-18, contribuindo para a construção de um ambiente de trabalho mais seguro”, comenta Ishikawa.
Com relação à integração com às NBRs: Ishikawa explica que quando foi elaborada a nova NR-18, publicada na portaria do dia 10 de fevereiro de 2020, o foco era estabelecer o “o que fazer” para garantir a segurança do trabalhador. Já o “como fazer” — os métodos — foi deixado fora da norma e passou a ser tratado por meio das NBRs.
“A partir daí, começamos a desenvolver normas técnicas complementares. Um exemplo disso é a NBR do guarda-corpo provisório, que veio justamente porque esse é um ponto crítico no canteiro de obras, com muitos acidentes por queda. Muita gente começou a usar redes de proteção em vez de bandejas secundárias. Por isso, desenvolvemos duas NBRs: uma sobre os métodos de ensaio dessas redes (já que antes só havia uma norma estrangeira, da Espanha) e outra sobre a instalação correta das redes de proteção. Vale lembrar que, na nova NR-18, o uso da bandeja secundária deixou de ser obrigatório. Antes, ela era exigida a cada três andares, além da primária no primeiro pavimento. Agora, cabe ao profissional legalmente habilitado — o engenheiro de segurança, por exemplo — decidir a melhor solução técnica. Por isso, a rede de proteção tem sido amplamente adotada. Basta andar por São Paulo e ver que grandes construtoras estão utilizando redes em vez de bandejas. Elas são eficazes tanto para evitar a queda de trabalhadores quanto de materiais”, afirma.
Segurança do maquinário
Para Ishikawa, hoje, um dos maiores problemas enfrentados na construção civil é relacionado à locação e manutenção de equipamentos. “Não dá para dizer que seja o caso do acidente que aconteceu na obra da Raposo Tavares em maio — até porque, até o momento, não foi divulgado nenhum laudo pericial oficial. Tudo que se comenta está na esfera das suposições e do que saiu na imprensa. Mas, analisando situações semelhantes, os acidentes deste tipo geralmente têm duas causas principais: falta de manutenção adequada dos equipamentos; e operação incorreta, muitas vezes por profissionais não treinados o suficiente”, esclarece Ishikawa.
Seja uma grua, uma minigrua ou um elevador tipo cremalheira, todos esses equipamentos precisam de manutenções periódicas, conforme exige a norma. “Quando a empresa locadora não contrata uma assistência técnica confiável para fazer essas manutenções, os riscos aumentam consideravelmente. Infelizmente, isso ainda é comum”, alerta Ishikawa.
Já a operação de máquinas de içamento, como gruas e guindastes, exige operadores qualificados. “Para operar uma grua, o profissional precisa de 88 horas de curso, sendo 40 horas práticas. Já para guindastes, o curso deve ter cerca de 120 horas, com pelo menos 80 horas práticas. Operadores de equipamentos de guindar, em geral, precisam cumprir no mínimo 50% da carga horária em prática. E não podemos esquecer do sinaleiro amarrador, que é fundamental na operação. Ele é o responsável por preparar e sinalizar corretamente o transporte dos materiais — desde a laje até o ponto de destino. É uma das funções mais importantes no uso desses equipamentos”, comenta Ishikawa.
A orientação de Ishikawa para as construtoras é: “ao alugar qualquer equipamento, verifiquem com rigor a procedência da empresa, o histórico de manutenção, a capacitação dos operadores e acompanhem de perto a instalação. Tudo isso faz a diferença entre um canteiro seguro e um cenário de risco”.
Entrevistado
Haruo Ishikawa, membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP e vice-presidente de Capital-Trabalho do SindusCon-SP.
Contato
Assessoria de imprensa Seconci-SP – rafael.marko@seconci-sp.org.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
Vogg Experience
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.

Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
04/06/2025
Ponte Joinville: a maior obra de infraestrutura da cidade já avança sobre o rio Cachoeira
Iniciada em maio de 2024, a construção da Ponte Joinville segue em ritmo acelerado. A obra atingiu um marco importante ao alcançar as águas do rio Cachoeira, permitindo o avanço…
04/06/2025
Mercado imobiliário resiste à Selic alta e cresce 15% no primeiro trimestre de 2025
Apesar da taxa Selic ainda se manter em patamares elevados, atingindo 14,75% ao ano no início de 2025, o mercado imobiliário surpreendeu ao registrar crescimento de 15% nas…
04/06/2025
Convenção coletiva de trabalho é assinada em São Paulo
Para os salários superiores a R$ 7.818,84, o aumento será de R$ 469,13.Crédito: Envato A Convenção Coletiva de Trabalho relativa à data-base de 1º de maio foi assinada…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
