Como as mudanças climáticas impactam o saneamento?

Variações no clima afetam a infraestrutura física de saneamento e evidenciam a necessidade de planejamento

As chuvas intensas sobrecarregam as redes de esgoto e drenagem, enquanto as secas tornam a operação de estações de tratamento muito mais difícil.
Crédito: Envato

As mudanças climáticas devem se acentuar até 2050. De acordo com um estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado em 2024, secas, ondas de calor e tempestades podem impactar o abastecimento de água no país.

Ainda segundo o documento, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro são os Estados com mais risco de terem o seu abastecimento de água afetado por tempestades. Já o Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os Estados com maior risco de contaminação de águas superficiais (aquelas que se acumulam e escoam na superfície da terra, como rios, riachos, lagos, lagoas e pântanos) e impacto no sistema de esgotamento sanitário em tempestades. O Mato Grosso do Sul e Amazonas apresentam os maiores riscos de seu abastecimento de água ser afetado por ondas de calor. Por fim, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba possuem o sistema de abastecimento de água mais vulnerável a secas meteorológicas. 

“Essas variações climáticas não apenas afetam a infraestrutura física das companhias de abastecimento, mas também evidenciam a necessidade de planejamento estratégico baseado em cenários climáticos futuros. Para a população, estes riscos climáticos intensificam a desigualdade no acesso a serviços de saneamento básico de qualidade, especialmente em áreas urbanas periféricas e rurais, já que enfrentam dificuldades de infraestrutura”, informou o relatório “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento: Como tempestades, secas e ondas de calor impactam o consumo de água?”.

Desafios

Para Gustavo Leite, CEO da Ecossis Soluções Ambientais, as mudanças climáticas já estão pressionando muito os sistemas de saneamento no Brasil. “As chuvas intensas sobrecarregam as redes de esgoto e drenagem, enquanto as secas tornam a operação de estações de tratamento muito mais difícil. O que antes era exceção agora virou rotina. Isso compromete não só a eficiência dos sistemas, mas também a qualidade da água disponível para a população”, pontua.

Leite acredita que um dos grandes desafios é que a infraestrutura de saneamento das cidades foi, em sua maioria, pensada para um clima que já não existe mais. “Hoje, planejar soluções exige muito mais integração. Planos de Saneamento Básico, Planos de Bacia Hidrográfica, e outros instrumentos de gestão territorial são fundamentais para tornar as ações mais sinérgicas e sistêmicas. São eles que permitem enxergar o problema em toda a sua complexidade, porque o saneamento não pode mais ser tratado isoladamente — ele precisa dialogar com a gestão de recursos hídricos, com a ocupação do solo, com a preservação ambiental. E há as limitações orçamentárias e de capacidade de execução. Muitos municípios estão sem dinheiro para este projeto e acaba por restar apenas ações pontuais, paliativas ou de pequena escada, com o que “dá pra fazer”. Isso é um problema real e sério”, alerta.

Outro ponto muito crítico é o conflito de competências entre municípios, Estados e a União. “Quando falamos de água, de mananciais e de infraestrutura, o dano nunca respeita fronteiras políticas. Um município a montante pode impactar todo o sistema de abastecimento a jusante, e o atual modelo de gestão fragmentada dificulta demais a construção de soluções efetivas. Precisamos de um debate sério sobre como superar esses conflitos de atribuição, para que as ações sejam integradas e realmente funcionem no território. Entender que o dano é sempre coletivo, que a poluição ou a escassez da água em uma região afeta todas as outras, é um passo essencial. Sem essa visão mais sistêmica e cooperativa, vamos continuar apenas reagindo a crises, e não construindo um sistema de saneamento resiliente e preparado para os desafios que o clima nos impõe”, destaca Leite.

Uso de tecnologias para enfrentar problemas de saneamento

Atualmente, o enfretamento dos problemas de saneamento passa muitas vezes pela mensuração de dados dos rios e chuvas. Veja alguns exemplos:

  • Rede de telemetria para monitorar em tempo real a vazão dos rios e as chuvas. O Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo mantém uma rede com 500 pontos de medição;
  • Uso de gêmeos digitais para prover dados em tempo real de sensores. Na Inglaterra, a Thames Water implementou um projeto com gêmeos digitais, que mostram uma representação digital do estado atual de um sistema do mundo real. Isso permite a tomada de decisões orientadas por dados e a identificação proativa de problemas.

Entrevistado

Gustavo Leite é CEO da Ecossis Soluções Ambientais.

Contato: gustavo.leite@ecossis.com.br

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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