Carros elétricos demandam infraestrutura em empreendimentos e Brasil caminha para implantar normas para carregamento em garagens

Normatização traz previsibilidade, reduz riscos e viabiliza a disseminação da eletromobilidade nos projetos urbanos

Eletromobilidade é uma realidade irreversível e cabe à construção civil se preparar para esse novo cenário
Crédito: Envato

O avanço dos veículos elétricos no Brasil tem pressionado por uma regulamentação específica para a instalação de pontos de recarga em garagens de edifícios. Até agora, o país opera sem uma norma técnica unificada, o que gera insegurança para construtoras, síndicos e moradores. Agora, esse cenário está prestes a mudar.

“Estamos discutindo uma norma nacional que vai atualizar a regulamentação dos estacionamentos, incluindo a recarga de veículos elétricos. A expectativa é de que ela seja publicada até o início de junho”, afirma Márcio Severine, diretor de Infraestrutura da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). A norma está sendo desenvolvida em parceria com o Corpo de Bombeiros e outras entidades técnicas, e deve ser aplicada em todo o território nacional.

Segurança e responsabilidade técnica 

A elaboração da nova norma leva em conta episódios recentes de incêndios ocorridos durante o carregamento de veículos elétricos. Em São José (SC), em novembro de 2024, um incêndio destruiu parte de uma residência após a combustão de um carro elétrico em recarga. Em Presidente Prudente (SP), um veículo híbrido pegou fogo e danificou a estrutura de uma casa. Ambos os casos levantaram alertas importantes.

“Esses incidentes mostram que o carregamento precisa ocorrer em ambientes preparados, com sistemas de detecção de fumaça, sprinklers automáticos e ventilação mecânica, especialmente em garagens subterrâneas”, alerta Diogo Pellissari Nogaroli, engenheiro civil, especialista em segurança contra incêndio e diretor de operações da Nogaroli Engenharia

Entre os itens obrigatórios discutidos estão: uso de carregadores certificados conforme norma NBR IEC 61851-1, instalações elétricas adequadas à NBR 17019 e emissão de laudo técnico por profissional habilitado.

Impactos diretos na construção civil

Para os novos empreendimentos, a adaptação às futuras normas já é uma realidade em andamento. “Os lançamentos de médio e alto padrão já nascem com infraestrutura para recarga de carros elétricos. Não em todas as vagas, mas sempre com pontos dedicados”, afirma Marcos Kahtalian, vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR.

Segundo ele, esse diferencial está se tornando padrão em projetos comerciais e residenciais. Conforme avança o barateamento da tecnologia, a tendência é de que todas as vagas estejam prontas para receber recarga elétrica nos próximos anos.

Desafios para prédios antigos e gestão condominial

A norma também pretende orientar como condomínios existentes podem se adaptar à nova demanda. “Em edifícios mais antigos, será necessário avaliar caso a caso, considerando a capacidade elétrica e o tipo de sistema que será adotado. A instalação exige projeto técnico, ART e profissionais qualificados”, pontua Severine.

A recomendação para esses casos é instalar carregadores com controle de carga, interligados à nuvem, e fazer uso de softwares de balanceamento para gerenciar a distribuição da energia. “A solução caseira de puxar uma extensão da tomada comum é perigosa e pode comprometer a segurança do edifício”, alerta o diretor da ABVE.

Normatização abre caminho para padronização e segurança

A construção da norma traz um ambiente mais seguro para todos os envolvidos: consumidores, construtoras e gestores de condomínio. “Estamos num ponto de transição. A normatização traz previsibilidade, reduz riscos e viabiliza a disseminação da eletromobilidade nos projetos urbanos”, avalia Kahtalian.

Além de garantir segurança técnica, a adequação às normas valoriza os imóveis e amplia o leque de compradores. “Quanto antes os empreendimentos estiverem prontos, mais preparados estarão para o futuro”, assinala Nogaroli.

Tecnologia e valorização caminham juntas

Para o mercado da construção civil, a mobilidade elétrica representa uma oportunidade concreta de inovação. “À medida que os padrões forem consolidados e os custos reduzidos, a tendência é de que todas as vagas contem com essa estrutura. Em poucos anos, esse tipo de instalação será tão natural quanto uma vaga de garagem tradicional”, aposta Kahtalian.

Além da valorização do imóvel, os carros elétricos também contribuem para a redução de ruídos e de emissões nos ambientes internos, trazendo benefícios diretos para a convivência nos condomínios. Como resume Nogaroli: “A eletromobilidade é uma realidade irreversível. Cabe à construção civil se preparar para esse novo cenário com segurança, planejamento e responsabilidade”.

Entrevistados

Márcio Severine é graduado em Engenharia Elétrica e Administração de Empresas, com MBA pela University of Toronto e com pós-graduação em Comunicação Elétrica pelo Politecnico di Torino. Atualmente, é integrante do Conselho Diretor e diretor de Infraestrutura da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Marcos Kahtalian é vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR.

Diogo Pellissari Nogaroli é engenheiro civil, especialista em segurança contra incêndio, sócio e diretor de operações da Nogaroli Engenharia, sediada em Curitiba. Possui formação em gestão estratégica de negócios e atualmente cursa especialização em segurança contra incêndio pela INBEC.

Contatos
mseverine@mobilitastec.com
marcosk@brain.srv.br  
diogo@nogaroli.com

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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