Calor extremo danifica asfalto de aeroportos no Reino Unido
Pavimento de concreto pode ser alternativa para evitar deformações na pista

Crédito: Envato
Durante o mês de julho, uma onda de calor assolou a Europa e, no aeroporto de Heathrow, em Londres, os termômetros chegaram a marcar 40,2 °C. Estas altas temperaturas fizeram com que dois aeroportos do Reino Unido tivessem que paralisar suas atividades devido a problemas relacionados a danos nas pistas de pouso de asfalto: o de Luton e na base aérea de Brize Norton.
Devido às altas temperaturas, um pequeno trecho da pista chegou a “levantar” no aeroporto de Luton. Este pedaço correspondia a um antigo reparo feito na superfície. Por conta disso, a pista ficou fechada por quase duas horas, gerando atrasos e desvios de voos.
De acordo com Alexsander Maschio, gerente regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), isso acontece pelo fato de que o asfalto é moldado em uma usina quente. “Ele é usinado a quente, em uma temperatura entre 70 °C e 80 °C, que ele fica moldável. Aí ele é implantado e vai resfriar. Só que quando chega em uma temperatura próxima a esta novamente, ele vai ficar em um estado de moldagem novamente. Quando há uma temperatura extrema de ambiente, por volta de 40 °C, a tendência é tê-lo novamente no estado de moldagem e ele começa a deformar. Ele vai deformar com qualquer tráfego que passa em cima. Isso acontece justamente porque o asfalto é flexível”, explica Maschio.
Aliado a esta característica do asfalto, há também a questão da carga dos aviões que circulam nas pistas. “Esta deformação aparece mais nestes casos, porque este tipo de veículo tem uma carga extremamente alta. São cerca de 200 toneladas em seis rodas. Por isso a deformação acaba acontecendo de uma forma rápida. Com o pouso de dois ou três aviões, já é possível ver deformação. Todos os pavimentos asfálticos sofrem este processo. No entanto, nas ruas a carga é bem menor, este problema demora mais a aparecer”, justifica Maschio.
Pavimento de concreto nos aeroportos
No entanto, com o pavimento de concreto, isso não acontece. “Como o próprio nome já diz, pavimento rígido, não há essa deformação com a temperatura. Tanto que ele é criado a frio, não é preciso esquentá-lo para construir. Portanto, não vai ocorrer este tipo de problema. Além disso, o concreto é mais claro e reflete mais os raios solares. Quando houver uma temperatura na casa dos 40 °C, e que o concreto estará próximo dos 75 °C, o concreto estará pelo menos uns 15 °C abaixo disso, isto é, por volta de 55 °C ou 50 °C. Obviamente, vai proporcionar mais conforto, além de não ter essa inconveniência da deformação, que é o grande problema”, destaca Maschio.
Segundo Maschio, existe um hábito no Brasil de trabalhar com o pavimento de concreto nas regiões de manobra, isto é, áreas que exigem mais esforços, que é a parte de taxi, cabeceira da pista. “Entretanto, para as pistas, ainda é raro usar pavimento de concreto no Brasil”, aponta Maschio.
No entanto, fora do Brasil, já é mais comum ver o uso de pavimento de concreto nas pistas de aeroportos. “No caso da Europa, por exemplo, em países como Bélgica, Alemanha e Holanda, praticamente todos os aeroportos são em concreto”, afirma.
Entrevistado
Alexsander Maschio é gerente regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
Contato
alexsander.maschio@abcp.org.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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