Caixa e USP lançam plataforma para medir e reduzir CO₂ em habitações de interesse social

Ferramenta inédita e gratuita vai permitir comparar materiais, tipologias e soluções construtivas para diminuir emissões e reduzir custos

A Caixa Econômica Federal, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), lançou o BIPC (Benchmark Iterativo para Projetos de Baixo Carbono), uma plataforma que promete mudar a forma como o mercado imobiliário analisa e reduz a pegada de carbono de empreendimentos habitacionais. A iniciativa tem foco inicial nos projetos financiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida e se alinha ao compromisso do banco de incentivar práticas mais verdes no setor da construção civil.

O BIPC funciona como uma calculadora comparativa. A ferramenta permite que projetistas, incorporadoras e construtoras avaliem a quantidade de CO₂ emitida em diferentes soluções construtivas e identifiquem quais materiais e tipologias têm maior impacto ambiental.

A análise apresenta resultados instantâneos, permitindo que equipes técnicas simulem alternativas e escolham caminhos que reduzam emissões, consumo de insumos e custos de produção.

A plataforma será aberta ao público e, segundo seus criadores, terá uso básico gratuito. O objetivo é democratizar o acesso a dados técnicos de sustentabilidade e estimular uma mudança de cultura no setor. Além de apoiar o mercado, o BIPC servirá como subsídio para políticas habitacionais da Caixa, que pretende utilizar os resultados como referência para programas de financiamento de baixo carbono.

BIPC reforça o papel da engenharia como agente fundamental da transição para uma economia mais sustentável.
Crédito: Envato

Comparação automática e incentivo à inovação

Vanderley John, professor da Escola Politécnica da USP e coordenador do projeto, explica que um dos principais diferenciais do BIPC está na capacidade de realizar análises automatizadas, sem exigir cálculos complexos dos usuários. “A plataforma permite comparar o projeto com outros similares, tanto no consumo de materiais quanto no CO2 embutido. Tudo isto de forma automática, sem ter que fazer contas ou gastar tempo”, afirma o pesquisador.

A comparação funciona como uma espécie de espelho do mercado. Ao confrontar o desempenho de um empreendimento com base em centenas de projetos similares, os profissionais conseguem visualizar excessos de materiais, ineficiências e oportunidades de economia. Para John, essa transparência deve estimular melhorias contínuas. “Se a comparação mostrar que usam mais materiais por metro quadrado que prédios similares, elevando o custo, acredito que os profissionais poderão se sentir motivados a melhorar até atingir metas”, explica.

Ao reduzir materiais, o BIPC ajuda não apenas na descarbonização, mas também na produtividade. Outro benefício destacado por John é a possibilidade de obtenção de juros mais baixos em linhas de crédito associadas ao uso racional de insumos e à diminuição das emissões. A plataforma, portanto, fomenta um ciclo virtuoso: obras mais eficientes, menores custos e retorno econômico ampliado.

Sustentabilidade como eixo das políticas habitacionais

A inserção do BIPC no ecossistema habitacional brasileiro tem um propósito claro. A Caixa pretende utilizar a ferramenta para qualificar decisões e construir políticas públicas mais alinhadas a metas ambientais. Assim, o banco financiará empreendimentos considerando indicadores de sustentabilidade, priorizando projetos que apresentem menor pegada de carbono. Dessa forma, a plataforma se torna não apenas um apoio técnico, mas um instrumento de governança para orientar investimentos.

O impacto é especialmente relevante para o Minha Casa, Minha Vida, que concentra parte significativa da produção habitacional nacional. Com o BIPC, empreendimentos destinados à habitação social poderão adotar soluções construtivas mais inteligentes, eficientes e sustentáveis. A ferramenta também contribui para fortalecer a inovação tecnológica no setor, ampliando o uso de técnicas de baixo carbono e incentivando novos produtos e sistemas construtivos. “Esperamos que a ferramenta entre em uso experimental no primeiro trimestre de 2026. E, a partir do segundo semestre, a Caixa já comece a utilizá-la como ferramenta de financiamento.  Estamos confiantes de que os parceiros de software nos permitirão cumprir o objetivo de fazer do inventário de carbono, uma coisa rotineira e descomplicada para o benefício de todos”, assinala John.

Ao oferecer dados confiáveis e comparações diretas, o BIPC aproxima o Brasil das melhores práticas internacionais e reforça o papel da engenharia como agente fundamental da transição para uma economia mais sustentável. A iniciativa também sinaliza um movimento importante no mercado: a sustentabilidade deixou de ser tendência e se tornou critério decisivo em projetos, financiamentos e políticas públicas.

Entrevistado

Vanderley Moacyr John é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutor em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-doutorado no Royal Institute of Technology da Suécia. Professor da Escola Politécnica, coordenador da EMBRAPII CICS USP e do hubIC.

Contato
vmjohn@usp.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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