Brasil "ajeita" estradas, mas poderia recuperá-las

20 de abril de 2011

Brasil "ajeita" estradas, mas poderia recuperá-las

Brasil "ajeita" estradas, mas poderia recuperá-las 150 150 Cimento Itambé

Programa do DNIT restaura 59 mil quilômetros de rodovias, mas ABCP defende que, sem pavimento em concreto, CREMA é “operação tapa-buracos”.

Por: Altair Santos

Dos cerca de 170 mil quilômetros de estradas que há no Brasil, mais de 90 mil estão sob a responsabilidade do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). São as chamadas rodovias federais, para as quais, desde 2006, o governo desenvolve o programa batizado de CREMA (Contrato de Restauração e Manutenção). Na 1.ª etapa, foram investidos R$ 6 bilhões em 27 mil quilômetros. Na 2.ª fase, em licitação, mais 32 mil serão recuperados, com investimento estimado em R$ 16 bilhões.

Luiz Antônio Pagot: até 2014, 85% das rodovias federais estarão em perfeitas condições.

Segundo o recente relatório gerencial da pesquisa rodoviária CNT/2010, da Confederação Nacional dos Transportes, o CREMA tem trazido resultados. Na avaliação da malha rodoviária federal, o estudo apontou que 43,9% estão em perfeito estado. Já 32,9% aparentavam desgaste, mas sem buracos. Outros 19,8% tinham trincas ou remendos, mas sem buracos. Por fim, 3,2% apresentavam afundamentos ondulações e buracos e 0,9% estavam totalmente destruídos.

Segundo o diretor-geral do DNIT, Luiz Antônio Pagot, na 2.ª fase do CREMA será dada prioridade para combater um dos principais vilões das rodovias: a chuva. “As chuvas afetam pontos e não trechos inteiros de rodovias, mas as obras previstas no CREMA 2 devem amenizar esse impacto, pois elas preveem reforço do pavimento desde a sub-base, aumentando seu tempo de vida útil” explica.

Ainda de acordo com Pagot, com os investimentos previstos, 85% das rodovias federais brasileiras estarão em perfeitas condições de trafegabilidade até 2014.

Ronaldo Vizzoni: sem pavimento rígido, o CREMA se transforma em uma operação tapa-buracos.

Para a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), o problema do CREMA é que ele mantém o “status quo” das rodovias federais, ou seja, privilegia o pavimento em asfalto em trechos que, pelo volume de veículos que recebem e pelo grau de deterioração, deveriam optar pelo pavimento rígido. “Com isso, o CREMA se transforma em uma operação tapa-buracos, pois daqui a alguns anos, senão meses, o trecho que está sendo recuperado vai precisar ser restaurado de novo. O correto seria recuperá-lo com o pavimento em concreto”, avalia Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura da ABCP.

Para Vizzoni, boa parte das rodovias federais deveria receber uma “intervenção pesada” de pavimento em concreto. “Infelizmente, esse não é o espírito do CREMA”, avalia. No entanto, a partir de 14 de fevereiro de 2011, a ABCP ganhou condições de romper com esse paradigma das estradas brasileiras. Portaria publicada no Diário Oficial da União incluiu a Associação na comissão de trabalho do DNIT. O objetivo é criar procedimentos técnicos e econômicos para definir alternativas de pavimentação. A portaria também prevê a revisão do SICRO (Sistema de Custo Rodoviário) em pavimentação de concreto, considerando os novos procedimentos e equipamentos disponíveis no mercado.

A formação do grupo surgiu da necessidade de se estabelecerem diretrizes para o estudo comparativo entre as alternativas de pavimentação, levando em conta o tráfego, a capacidade de suporte, vida útil do pavimento e custo-benefício. A ABCP é a única entidade convidada a participar das duas comissões e está representada pelos engenheiros Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura; Marcos Dutra de Carvalho, líder especialista em pavimentação, e Fernando Cesar Crosara, gerente regional da ABCP Centro-Oeste. “A entrada da ABCP nesta comissão é um progresso incrível. Dela pode estar nascendo a solução definitiva para as rodovias brasileiras”, destaca Ronaldo Vizzoni.

Primeira etapa do CREMA restaurou 27 mil quilômetros de rodovias federais, segundo DNIT.

Trecho do Rodoanel Sul, em São Paulo; ABCP entra em comissão do DNIT para difundir pavimento em concreto.

Entrevistados
– Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes)
– Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura da ABCP

Currículos
Luiz Antônio Pagot
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná
Pós-graduado em Administração Financeira pela Fundação Getúlio Vargas
Oficial de operação da Marinha do Brasil
Ex-secretário de Estado de Infraestrutura do Mato Grosso
Contato: imprensa@dnit.gov.br

Ronaldo Vizzoni
Engenheiro civil e administrador de empresas pela Universidade Mackenzie (SP)
Pós-graduado em Marketing Industrial pela FGV
Atualmente, é gerente da área de infraestrutura e líder do projeto de pavimentação da ABCP
Contato: ronaldo.vizzoni@abcp.org.br

Créditos fotos: Divulgação/DNIT/ABCP

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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