Automação eleva produtividade no canteiro de obras
Uso de máquinas com alta tecnologia reduz sensivelmente o retrabalho, mas exige mão de obra cada vez mais qualificada
Uso de máquinas com alta tecnologia reduz sensivelmente o retrabalho, mas exige mão de obra cada vez mais qualificada
Por: Altair Santos
A gestão eficiente de equipamentos projetados para a construção civil aumenta a produtividade no canteiro de obras, principalmente quando se investe em automação de máquinas. É o que comprovam experiências realizadas por algumas das grandes construtoras do Brasil, que ao investir em tecnologia buscam também diminuir o custo e reduzir o impacto ambiental. Porém, para cada tipo de obra há um ganho específico, como explica Cláudio Afonso Schmidt, gerente de equipamentos na Construtora Norberto Odebrecht. “Em obras habitacionais, a automação substitui a mão de obra. Já nas de infraestrutura, os ganhos ficam por conta das menores perdas e maior precisão na execução dos serviços, devido aos grandes volumes envolvidos”, diz.
É o agronegócio quem inspira a construção civil a investir em “máquinas inteligentes“. O setor agrícola já se preocupa com o aprimoramento de equipamentos desde o final do século passado. A ponto de importantes universidades brasileiras estarem ligadas a pesquisas nesta área. Uma delas é a USP (Universidade de São Paulo) com o LAA (Laboratório de Automação Agrícola) que existe desde 1989. O objetivo é aplicar a tecnologia da informação ao agronegócio. “Se analisarmos o que ocorreu no setor agrícola nas últimas décadas, diria que a construção civil está andando a passos lentos. Estes sistemas permitiram que os gestores do agronegócio tivessem informações em tempo real para a tomada de decisão”, destaca Elson Rangel, líder da área de Pessoas, Organização e Engenharia da Odebrecht.
As recentes experiências com equipamentos totalmente ou parcialmente automatizados já permitiram às construtoras enumerar as seguintes vantagens:
• Redução no número de máquinas em operação, sejam os da própria empresa ou os alugados, devido à melhor utilização da frota
• Redução no consumo de combustível
• Uso correto dos equipamentos para cada tipo de trabalho
• Redução no desgaste e, consequentemente, no estoque de peças
• Melhoria da confiabilidade devido ao mapeamento das falhas redundantes
Para implantar inovações tecnológicas na área de gestão de equipamentos, as construtoras têm investido em sistemas de monitoramento interligado com ERPs, sistemas de controle de máquinas interligados com o planejamento da produção e uso de tecnologia móvel (GPS) para coleta de dados e integração com ERP. Há também a concentração de recursos em sistemas de monitoramento em tempo real das funções vitais da máquina, bem como ferramentas eletrônicas de diagnósticos, que permitem aos técnicos analisar falhas nos equipamentos. “A melhor gestão das máquinas aumenta a produtividade, pois diminui o retrabalho, eleva a precisão na execução dos serviços e reduz a influência de erros causados pelo fator humano”, avalia Cláudio Afonso Schmidt.
No canteiro de obras, hoje já é possível a automação de equipamentos como motoniveladoras com controle de nivelamento automático, rolos compactadores, pavimentadoras de asfalto e de concreto, além de plantas industriais com gestão automatizada de produção. “Existem casos em que a automação elimina completamente os operadores, como tem sido visto, com cada vez mais frequência, nas minas subterrâneas e em ferramentas de controle topográfico”, completa o gerente de equipamentos da Odebrecht, reforçando que todo esse aparato tecnológico requer menos mão de obra, mas com mais qualificação. “Os operadores destas máquinas precisam de conhecimento técnico e para treiná-los é bastante comum o uso de simuladores de operação.”
Os engenheiros da Odebrecht admitem que, apesar de todos os ganhos que a automação possa trazer à produtividade no canteiro de obras, não são todas as construtoras que estão investindo nesta área. Para eles, algumas esbarram nos custos e outras avaliam que a falta de maiores exigências técnicas na qualidade final dos serviços e produtos não estimula a busca de processos automatizados. Diferentemente do agronegócio, que, por causa da concorrência imposta por outros países, precisou se unir em torno da tecnologia e da inovação. “Neste ponto, o agronegócio é modelo para a construção civil”, sinaliza Cláudio Afonso Schmidt.
Entrevistados
Engenheiro mecânico Cláudio Afonso Schmidt, gerente de equipamentos na Construtora Norberto Odebrecht e engenheiro civil Elson Rangel, líder da área de Pessoas, Organização e Engenharia da Odebrecht
Contato: mecanicca@terra.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Marcelo Vigneron
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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