O departamento de engenharia da Universidade de Tecnologia de Viena (TU Wien), na Áustria, desenvolveu uma fôrma hidráulica que permite acelerar a construção de pontes e viadutos de concreto moldados in loco. O equipamento foi inspirado no mecanismo de abre-fecha dos guarda-chuvas. De que maneira? Uma estrutura vertical oca recebe as armaduras de aço e se move até alcançar a posição horizontal em que a viga será construída. Quando o processo de alinhamento termina, as fôrmas são preenchidas com concreto para conceber a superestrutura da ponte.
O equipamento, que dispensa guindastes, foi testado pela primeira vez no trecho da nova rodovia que liga a Áustria à Hungria. Os engenheiros envolvidos com a tecnologia asseguram que ela garante mais agilidade na construção de pontes e viadutos com até 120 metros de comprimento. “A maneira tradicional de construir uma ponte pré-moldada acontece com a montagem de peça por peça. Neste caso, é necessário utilizar andaimes e pilares para sustentar as vigas. Com o novo sistema, construir pontes é muito mais simples, mais rápido, mais barato e gera menos impacto ambiental”, diz Johann Kollegger, do Instituto de Engenharia Estrutural da TU Wien.
O engenheiro civil explica como a nova tecnologia pode tornar mais ágil a construção de pontes e viadutos. “O processo de montagem do equipamento leva cerca de três horas e os elementos podem ser configurados entre dois a três dias, ao contrário das pontes convencionais, que levam meses para serem montadas”, destaca. Os primeiros testes foram realizados em 2010 e a tecnologia – garantem os pesquisadores da TU Wien – está totalmente desenvolvida e já foi usada na construção de duas pontes na Áustria, ambas na autopista conhecida como S7. A primeira em outubro de 2019, sobre o rio Lahnbach, com 100 metros de comprimento; a segunda em fevereiro de 2020, cruzando o rio Lafnitz, com 116 metros.
Sistema permite construir obras de arte de médio porte com vãos de até 72 metros
Cada viga construída com a tecnologia pesa cerca de 50 toneladas e permite vão de até 72 metros entre os pilares de sustentação. “Está provado que a tecnologia funciona perfeitamente. Esperamos sua consolidação na construção de pontes em todo o mundo”, prevê Johann Kollegger. Outra vantagem da estrutura é que o custo da manutenção é baixo. “A construção em si é extremamente sustentável e a manutenção dessas pontes também é menos complexa”, explica Andreas Fromm, diretor-administrativo da concessionária que administra a S7.
A construção das duas pontes custou 17,3 milhões de euros (cerca de 105 milhões de reais). Já o trecho de toda a rodovia está estimado em 700 milhões de euros (aproximadamente 4,2 bilhões de reais). As obras eram para ser concluídas em 2021, mas a pandemia de Coronavírus que também atingiu a Áustria adiou o cronograma para 2023. Outro desafio da obra de infraestrutura é a construção de dois túneis para vencer uma cadeia montanhosa na região, ambos com 3 quilômetros de comprimento. A S7 foi projetada para suportar tráfego de 29 mil veículos por dia, a fim de atender principalmente o turismo na região.
Assista vídeo que mostra a montagem de vigas para pontes
Entrevistado
Johann Kollegger, engenheiro civil e professor do departamento de estruturas da Universidade de Tecnologia de Viena
Contato
johann.kollegger@tuwien.ac.at
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330