A arquiteta romena Mariana Popescu foi incluída na lista dos 35 jovens inovadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) – edição 2019. Com bacharelado, mestrado e doutorado na Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, Popescu trabalhou na pesquisa que ela intitulou de “KnitCrete: cofragem de tecido tricotado para estruturas complexas de concreto” (do inglês, “KnitCrete: Stay-in-place knitted fabric formwork for complex concrete structures”). A inovação está no fato de que as estruturas criadas pela arquiteta dispensam fôrmas convencionais, podem ser curvas ou retas e permitem ser construídas em poucas horas, e em qualquer local.
Popescu desenvolveu algoritmos que convertem automaticamente o projeto de uma estrutura em um molde têxtil que pode ser tricotado por máquinas industriais em poucas horas. A arquiteta e sua equipe também desenvolveram um sistema que utiliza cabos de aço para manter o molde na posição correta, enquanto o concreto é derramado dentro dele. “O que fiz foi olhar para um suéter e ver que os materiais têxteis são perfeitos para fazer uma grande variedade de formas 3D. Já a construção tradicional utiliza madeira e outros materiais para construir fôrmas e despejar concreto. Isso limita as construções contemporâneas”, diz a arquiteta.
Sob o ponto de vista da praticidade, a criação da jovem romena é avaliada pelos pesquisadores do MIT como uma solução para projetos sob medida, que possa atender campos de refugiados, zonas de guerra e locais de desastres naturais, ou seja, para erguer estruturas que precisem de construção rápida. A invenção tem servido também para viabilizar obras de arte gigantes. Como a que homenageia o arquiteto espanhol-mexicano Félix Candela Outeriño, no Museu Universitário de Arte Contemporânea (MUAC), na Cidade do México. A peça mede pouco mais de 4 metros de altura, tem quase 6 metros de largura e pesa cerca de 5 toneladas.
Estruturas moldadas em tecido podem diminuir custo da industrialização de pré-fabricados
Batizada de “KnitCandela”, a obra de arte serviu como apresentação da tecnologia desenvolvida por Mariana Popescu. A malha foi fabricada em um tear na Suíça e transportada até o México. O tecido levou 26 horas para ficar pronto. No museu, foi esticado no formato estabelecido em projeto e depois revestido por uma mistura de cimento e água. Após o endurecimento, foi preenchido com concreto autoadensável reforçado com fibras. “Quando a arquitetura pede estruturas com geometrias complicadas, essa tecnologia é uma alternativa”, avalia a romena.
Popescu lembra ainda que estruturas moldadas através de malhas de tecidos podem ajudar a diminuir o custo da pré-fabricação industrializada do concreto. “As fôrmas para moldar o concreto só se justificam se elas forem usadas para uma grande quantidade de peças. Para elementos sob medida, normalmente se produz uma fôrma e depois ela deixa de ser reutilizada. Isso representa uma porcentagem grande no preço da estrutura. Além disso, produzir uma fôrma para projetos exclusivos e complexos também leva tempo. Com o KnitCrete surge uma solução mais rápida e com um custo bem menor”, finaliza a arquiteta.
Veja vídeo sobre como foi produzida a peça que está no Museu Universitário de Arte Contemporânea, na Cidade do México
Entrevistada
Arquiteta e doutora em materiais, Mariana Popescu, que liderou a pesquisa para a criação do KnitCrete
Contato: mariana.popescu@arch.ethz.ch
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330