Especialistas apontam caminhos para o futuro do concreto no Brasil para acelerar a descarbonização da construção
Workshop internacional discutiu ligantes avançados, concretos de baixo carbono, durabilidade e alto desempenho
Os principais pesquisadores mundiais em cimento e concreto reuniram-se durante o workshop internacional “Tecnologias Avançadas e Estratégias de Descarbonização para Concretos de Alta Performance”, que buscou discutir soluções práticas para uma construção mais sustentável. Organizado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), hubIC, Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e Poli-USP, o evento reforçou a importância de novos ligantes, aplicações de baixo carbono e sistemas avançados de desempenho e durabilidade para o setor.
Paulo Monteiro, professor da University of California (EUA), apresentou um panorama do estado da arte da tecnologia do concreto. Segundo ele, o material vive uma mudança profunda: deixa de ser visto apenas como solução resistente e econômica e passa a carregar uma exigência adicional, que é a redução de emissões. “Hoje projetamos misturas com três metas simultâneas: resistência, durabilidade e baixa pegada de CO₂”, afirmou.
Monteiro destacou que os avanços mais relevantes se concentram na redução do teor de clínquer, principal responsável pelas emissões de CO2 na produção do cimento. Soluções como argilas calcinadas (LC3), escórias, pozolanas naturais e fíler calcário reativo já possibilitam reduções de 25% a 45% nas emissões, sem comprometer a performance dos concretos. “O Brasil é pioneiro no uso de argilas calcinadas combinadas com fíler calcário, e as formulações desenvolvidas na Poli-USP estão mostrando resultados particularmente promissores”, disse.

Crédito: Divulgação
O professor também apontou avanços significativos na química dos aditivos, que vêm viabilizando concretos com maior fluidez, elevada resistência e aplicações inovadoras, como a impressão 3D. Segundo ele, a inteligência artificial deve promover um salto de eficiência no setor: “A aplicação de IA no controle em tempo real e na previsão de desempenho terá impacto profundo na forma como projetamos o concreto no futuro”, afirmou.
LC3 em pavimentação: desempenho superior e durabilidade aprimorada
Outra contribuição técnica relevante foi apresentada pela professora Keijin Wang, da Iowa State University (EUA), que abordou o desempenho do concreto para pavimentação com ligantes mistos inspirados no LC3. A pesquisadora destacou que combinações de cimento Portland, fíler calcário e argilas calcinadas, usando materiais regionais, já apresentam desempenho técnico consistente.
Segundo Keijin, em misturas com 20% a 30% de argila calcinada, o concreto do tipo LC3 desenvolve microestrutura mais densa e alcança maiores resistências em idades avançadas, o que reduz a penetração de umidade e íons agressivos, aumentando a durabilidade. Ela destacou ainda que, embora essas misturas demandem maior dosagem de aditivos superplastificantes e apresentem tempo de pega ligeiramente mais lento, o desempenho final supera o de concretos convencionais atualmente empregados em pavimentação.
A pesquisadora destacou ainda o primeiro caso prático de aplicação de um pavimento LC3, cuja mistura apresentoubom desempenho durante a execução com formas deslizantes e manteveaspecto superficial satisfatório após um ano de exposição às condições de inverno.
Entre as vantagens desse material, ela ressaltou a baixa emissão de carbono, a elevada resistência final e a maior eficiência na contenção da penetração de íons agressivos. Entre os desafios, estão a sensibilidade à cura e a limitada experiência em aplicações em larga escala, fatores que reforçam a necessidade de estudos adicionais.
Concreto reforçado com fibras: soluções para pavimentação avançada

Crédito: Divulgação
Já a pesquisadora Somayeh Nassiri, da University of California (EUA) destacou os avanços dos concretos reforçados com fibras (FRC) em aplicações de pavimentação e reabilitação de vias, tecnologia que vem sendo adotada de forma crescente nos Estados Unidos. Segundo ela, “o uso de macrofibras de aço ou sintéticas melhoram a capacidade pós-fissuração e contribuem para a redução da formação de trincas e fissuras”.
Ela também apresentou pesquisas envolvendo nanofibras de quitina e celulose, que, mesmo em dosagens baixíssimas (0,05% a 0,1%), promovem incrementos expressivos em resistência à flexão, tenacidade à fratura e mitigação da reação álcali-sílica.
A pesquisadora destacou ainda o potencial do uso de fibras recicladas de GFRP (Glass Fiber Reinforced Polymer) provenientes de pás de turbinas eólicas, agregando desempenho e sustentabilidade ao reaproveitar resíduos industriais. Porém, ela alerta que os métodos atuais de projeto ainda não capturam totalmente os benefícios do CRF, o que dificulta a justificativa de custos adicionais. “Precisamos de mais testes em campo e laboratório para quantificar os ganhos no ciclo de vida”, afirmou.
Em convergência, os especialistas reforçaram a importância de uma transição baseada em ciência, inovação e uso inteligente dos materiais. Tecnologias como LC3, concretos de alta performance, fibras avançadas e aditivos de nova geração apontam para um futuro no qual baixo carbono e o alto desempenho avançam de forma integrada. O workshop evidenciou que o Brasil reúne condições reais de liderança, tanto na pesquisa de microestrutura quanto na adoção de novos ligantes em escala industrial. Como sinalização ao setor, o debate apontou que para o cumprimento das metas globais de descarbonização, será preciso acelerar a implementação dessas soluções nos próximos anos.
Fonte
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Contato
daniela.nogueira@fsb.com.br (Assessoria de Imprensa)
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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