COP30 destaca NET Zero do cimento e da habitação

Relatórios e coalizões reforçam inovação, neutralidade de carbono e parcerias público-privadas

Na COP30, realizada em Belém (PA), cidades foram destacadas como protagonistas da agenda climática global, com relatório da SB COP propondo transformação estrutural em energia, saneamento, mobilidade e habitação resiliente. A indústria do cimento, por sua vez, apresentou seu Roadmap Net Zero até 2050 com foco em eficiência, inovação e soluções baseadas na natureza. A Caixa também lançou a Coalizão pela Habitação Net Zero 2050 para descarbonizar a cadeia habitacional brasileira.

Confira os destaques e soluções propostas durante o evento:

Cidades Sustentáveis

Na COP30, as cidades — responsáveis por mais de 80% das emissões de CO₂, que concentram 57% da população mundial — foram destacadas como protagonistas da agenda climática. O grupo de trabalho Cidades Sustentáveis da SB COP apresentou relatório que propõe transformação estrutural em três áreas prioritárias: energia, saneamento e água; mobilidade urbana e logística; e habitação e infraestrutura resiliente.

O documento recomenda planejamento urbano baseado em dados, incentivo à construção sustentável, reformas de edifícios e uso de tecnologias verdes, além de zoneamento estratégico e soluções baseadas na natureza. A habitação adequada é apontada como essencial para justiça climática.

A metodologia classifica cidades em três arquétipos:

Grupo Azul: baixa maturidade e alta complexidade, foco em serviços básicos.

Grupo Amarelo: maturidade média, foco em eficiência e planejamento integrado.

Grupo Verde: alta maturidade e baixa complexidade, capazes de liderar inovação e economia circular.

Painel discutiu Roadmap Net Zero da Indústria do Cimento Brasileira.
Crédito: ABCP/SNIC

“Cada cidade tem um ritmo e um ponto de partida. As de baixa maturidade precisam primeiro garantir o básico, como saneamento, mobilidade e energia, antes de avançar em tecnologias de ponta. O desafio é oferecer caminhos graduais, mas contínuos, para todas. Precisamos de rotas diferenciadas que respeitem as condições locais e ampliem o impacto social das políticas públicas”, afirmou Nilson Sarti, vice-presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

No relatório, o setor privado é visto como catalisador de investimentos sustentáveis e de empregos verdes, em parceria com governos e sociedade civil.

Indústria do cimento na COP30

 Durante a COP30, foi apresentado o Roadmap Net Zero da Indústria do Cimento Brasileira, documento elaborado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

“A indústria brasileira do cimento tem uma longa trajetória de atuação em responsabilidade ambiental, social e econômica. Pouco depois de implementarmos o Roadmap de mitigação do setor em 2019, renovamos nosso compromisso com a descarbonização, lançando nossa proposta de neutralização de emissões até 2050. O novo Roadmap tem como base todo o ciclo de vida da cadeia do cimento apoiado no desenvolvimento de combustíveis e matérias-primas alternativas, eficiência energética, captura, estocagem e uso de carbono, além de Soluções baseadas na Natureza (SbN). Todo esse mapa do caminho incorpora fortemente tecnologia e inovação, com ativa participação da academia, agências de fomento e os diversos integrantes da cadeia da construção”, destacou Paulo Camillo Penna, presidente ABCP/SNIC.

O roadmap organiza a descarbonização em quatro pilares:

1. Reduções Diretas (30% do esforço total)

Envolvem emissões dentro da fábrica:

  • Clínquer – maior responsável por emissões (processo de calcinação).
  • Ações-chave:
    • Substituição de combustíveis fósseis por biomassa, resíduos urbanos (CDRU) e hidrogênio de baixa emissão.
    • Modernização dos fornos e aumento da eficiência térmica.
    • Redução do fator clínquer/cimento com aumento de adições, tais como: pozolanas, fíller calcário, escória, etc.

2. Reduções Indiretas (5%)

  • Ligadas à energia elétrica.
  • Meta: 100% eletricidade renovável até 2050.
  • Ganhos via eficiência energética e cogeração (WHR).

3. Desmaterialização (19%)

  • Construir com mais eficiência e melhorando desempenho.
  • Duas frentes:
    • Eficiência na produção do concreto (otimização de traços, redução de perdas no processo, uso de inteligência artificial).
    • Eficiência na construção (restruturação no planejamento e execução de obras, otimizar projetos, industrialização).
  • Tendência de migração do cimento ensacado para concreto industrializado.

4. Remoções e Compensações (46%)

Essenciais para neutralizar emissões residuais:

  • Recarbonatação natural do concreto (7%).
  • Soluções baseadas na natureza (SbN): reflorestamento, restauração.
  • CCUS (captura, utilização e estocagem de carbono) — necessário em larga escala pós-2040.
  • Metanização: contabilização das emissões de metano evitadas com uso de CDRU.

Além disso, o Roadmap também trouxe uma linha do tempo de transição para atingir o NetZero:

2020–2030 – Desenvolvimento

  • Modernização e eficiência industrial.
  • Ampliação do uso de combustíveis alternativos de baixa emissão.
  • Cimentos com menor fator clínquer.

2030–2040 – Preparação para o Net Zero

  • Desenvolvimento de soluções para hidrogênio.
  • Marco legal para SbN, reconhecimento da recarbonatação.
  • Projetos-piloto de CCUS.
  • Avanço em desmaterialização e eficiência energética.

2040–2050 – Neutralidade

  • Uso em larga escala de hidrogênio e CDRU.
  • CCUS implementado industrialmente.
  • Adoção de SbN respaldada por marcos regulatórios.

Coalizão Habitação Net Zero 2050

Caixa Econômica Federal lançou o programa Coalizão pela Habitação Net Zero 2050. Crédito: Beatriz Lobo/Caixa

Durante a COP 30, a Caixa Econômica Federal lançou o programa Coalizão pela Habitação Net Zero 2050. O objetivo é descarbonizar a cadeia habitacional brasileira até 2050, em alinhamento com o Acordo de Paris, a Declaração de Chaillot e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

A Coalizão pela Habitação Net Zero 2050 promove a união entre governos, empresas, universidades e sociedade civil para desenvolver soluções de moradia sustentáveis e inclusivas. A iniciativa busca fortalecer políticas e práticas voltadas à neutralidade de carbono, inovação tecnológica, eficiência energética, habitação acessível e resiliência urbana, com base na cooperação multissetorial e na centralidade das pessoas.

A iniciativa se baseia em cinco pilares:

  • Mobilização e Aplicação de Recursos
  • Ecossistema de Habitação Sustentável
  • Cidades Sustentáveis e Resilientes
  • Suporte a Eventos Climáticos Extremos
  • Transição Climática Justa

Parcerias público-privadas

Para Yolanda Tanikawa, engenheira civil, o evento não é apenas um marco diplomático, mas uma oportunidade histórica para repensar como planejamos, financiamos e executamos infraestrutura pública. “Diante disso, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) e as Concessões podem se tornar instrumentos capazes de transformar metas climáticas em resultados concretos, viabilizando investimentos sustentáveis e impulsionando a inovação no setor”, afirma.

Outra sugestão de Yolanda é a criação de mecanismos de incentivo para operadores e concessionárias que superem metas ambientais. “Modelos contratuais podem prever critérios de desempenho atrelados à eficiência energética, ao reuso de água ou à redução comprovada de emissões de carbono. Assim, a sustentabilidade deixa de ser um requisito burocrático e passa a ser um diferencial competitivo que estimula inovação e excelência operacional”, recomenda. 

Yolanda ainda traz como exemplo a PPP realizada em São Paulo para construção de novas escolas públicas. “Ela incorporou requisitos de eficiência energética e materiais sustentáveis, evidenciando que é possível unir metas sociais e ambientais em um mesmo contrato. O mesmo se observa em projetos de iluminação pública, saneamento ambiental e gestão de resíduos, nos quais indicadores de sustentabilidade começam a influenciar diretamente os resultados e a remuneração dos parceiros privados”, opina.

Fontes

Yolanda Tanikawa é engenheira civil, especialista em PPPs e Concessões pela FESPSP – London School of Economics. Atua desde 2007 na Vizca Engenharia e Consultoria com foco em estruturação de projetos, modelagem e gerenciamento de empreendimentos públicos e privados.

Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

Nilson Sarti, vice-presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CBIC.

Contatos

Assessoria de imprensa Yolanda Tanikawa – gabriel.soares@mention.net.br

Assessoria de imprensa ABCP/SNIC – daniela.nogueira@fsb.com.br

CBIC – imprensa@cbic.org.br

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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