Conheça o conceito de cidades-esponja, criado por Kongjian Yu
Arquiteto chinês defendia a criação de áreas permeáveis para desacelerar o escoamento da água da chuva
No dia 24 de setembro, foi confirmada a morte do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores arquitetos do mundo e pai do conceito de “cidades-esponja”. Ele atuava como professor na Universidade de Pequim e liderava o escritório de arquitetura paisagística Turenscape, fundado em 1998 e considerado um dos maiores do mundo.

Crédito: Prefeitura de Curitiba
Um dos grandes pontos defendidos por Kongjian Yu, referência mundial no tema, é que a água deve ser vista como uma solução, e não como um problema, segundo Edson Villela, professor do UniBrasil Centro Universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo. “Nesse sentido, a aplicação de técnicas inspiradas no conceito de cidade esponja transforma espaços urbanos — como parques em Curitiba e em outras cidades — em verdadeiros sistemas de resiliência contra enchentes, conciliando infraestrutura, meio ambiente e qualidade de vida”, afirma.
O arquiteto chinês Kongjian Yu foi um dos grandes responsáveis por difundir o conceito de cidade esponja. “Seu trabalho ganhou força após uma grande enchente na China. Ele já defendia a criação de áreas permeáveis nas cidades, mas foi somente depois desse desastre que suas propostas passaram a ser ouvidas com mais atenção. Quando os governantes percebem resultados concretos e positivos — seja na China, no Brasil ou em outros países — eles tendem a adotar e ampliar essas soluções, seguindo esse legado. O conceito criado por Kongjian Yu mostrou que é possível integrar arquitetura, urbanismo, engenharia e participação popular para tornar as cidades mais resilientes. Esse diálogo entre diferentes saberes foi essencial para o sucesso da ideia” destaca Villela.
O que são cidades-esponja?
De acordo com Villela, o conceito de cidade esponja é bastante abrangente. “Ele propõe soluções para lidar com a drenagem urbana — um desafio que afeta não só o Brasil, mas cidades em todo o mundo. A ideia central é reter e desacelerar o escoamento da água da chuva, que, devido à impermeabilização do solo por calçadas e construções, escoa rapidamente para os rios, aumentando o risco de enchentes. Nas cidades esponja, essa água é absorvida e armazenada temporariamente em áreas verdes, parques e bacias de retenção. Além de controlar o volume, a vegetação ajuda a filtrar e tratar a água, permitindo que ela retorne gradualmente à natureza sem causar impactos negativos”, explica.
Em Curitiba, por exemplo, muitos parques foram planejados para alagarem de forma controlada. “Quando chove muito, essas áreas funcionam como bacias de retenção: acumulam a água temporariamente e permitem que ela retorne lentamente aos rios. O arquiteto chinês Kongjian Yu, propunha justamente isso: reter a água, usá-la de maneira inteligente e criar mais pontos de permeabilidade no espaço urbano”, pontua Villela.

Crédito: Turenscape
Os parques cumprem esse papel em grande escala, mas não é possível depender apenas deles. “Por isso, o conceito também envolve soluções de menor porte, como os jardins de chuva, que podem ser instalados em calçadas, ruas ou até em quintais residenciais. Esses espaços permitem que a água da chuva infiltre no solo, reduzindo o risco de alagamentos”, justifica Villela.
Outra estratégia é o uso de pavimentos permeáveis. “Eles funcionam bem em áreas menores, como estacionamentos de mercados ou pátios, permitindo que parte da água seja absorvida. Hoje já existem pavimentos feitos de cimento, borracha, fibras e até materiais reciclados. No entanto, é importante lembrar que eles têm limite de absorção: funcionam como uma esponja, que retém água até saturar”, destaca Villela.
O professor acredita que o conceito de cidade esponja precisa ser aplicado em diferentes escalas — pequenas, médias e grandes — combinando soluções como parques, jardins de chuva e pavimentos permeáveis para tornar as cidades mais resilientes às chuvas intensas.
Desafios para implantar o conceito em cidades
Do ponto de vista do poder público — que é o principal responsável pelo planejamento urbano — o primeiro obstáculo é o custo. “Grandes projetos de drenagem demandam investimentos significativos. Além disso, há o fator espaço físico: cidades consolidadas já estão ocupadas por construções, casas e edifícios, o que dificulta a implantação de soluções em larga escala”, pondera Villela.
Nesses casos, a saída está em intervenções pontuais e criativas. “Por exemplo, canteiros de avenidas, que muitas vezes são apenas faixas de concreto ou espaços com pouca vegetação, podem se transformar em áreas de absorção de água. Com planejamento urbano inovador, é possível multiplicar pequenos pontos de drenagem espalhados pela cidade, criando um efeito coletivo relevante”, sugere o professor.
No âmbito privado, também há responsabilidades. “Proprietários de casas e condomínios podem contribuir evitando a impermeabilização excessiva do solo. Muitas pessoas optam por pavimentar quintais e jardins para reduzir manutenção, mas isso aumenta o risco de alagamentos no próprio terreno. Manter áreas verdes e contato direto com a terra é fundamental para permitir a infiltração da água da chuva e reduzir a pressão sobre os sistemas de drenagem”, comenta Villela.
Assim, o conceito de cidade esponja não depende apenas de grandes obras. “Ele se constrói a partir da soma de pequenas soluções — públicas e privadas — que, juntas, formam um ecossistema urbano mais resiliente e sustentável”, opina o professor.
Curitiba e o conceito de cidade-esponja
Para Villela, um paralelo interessante pode ser feito com Curitiba. “Nos anos 1970, sob a liderança de Jaime Lerner, a cidade criou parques projetados para acumular a água da chuva e depois devolvê-la aos rios, reduzindo os riscos de enchentes. A diferença é que, enquanto o modelo curitibano focava apenas nos parques, a proposta de Kongjian Yu amplia esse raciocínio: em vez de soluções pontuais, a ideia é aplicar estratégias em múltiplas escalas, desde grandes áreas verdes até pequenos jardins e intervenções urbanas”, relata.
Lerner chamava isso de “acupuntura urbana” — pequenas transformações que geram grandes impactos no todo. “Da mesma forma, o conceito de cidade esponja mostra aos governantes que é possível enfrentar enchentes e alagamentos com soluções criativas, integradas e sustentáveis”, conclui o professor.
Entrevistado
Edson Villela é professor do UniBrasil Centro Universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo, mestre em gestão urbana e doutorando em urbanismo.
Contato
Assessoria UniBrasil Centro Universitário – pauta@acciocomunicacao.com
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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