Taxa Selic em alta pressiona o setor da construção civil e desafia incorporadoras e fornecedores

Com crédito mais caro e consumo retraído, empresas apostam em inovação, gestão eficiente e planejamento rigoroso para manter a competitividade

A elevação da taxa básica de juros, a Selic, a 15% ao ano tem provocado impactos significativos no setor da construção civil no Brasil. Este é o maior patamar desde 2006, trazendo reflexos diretos sobre o custo do crédito e o ritmo dos empreendimentos e está sendo encarada com cautela por empresas e entidades representativas do setor. A dificuldade de acesso a financiamentos e o encarecimento dos materiais são alguns dos efeitos mais sentidos.

Expectativa para o segundo semestre é de sinais de alívio na política monetária para impulsionar novos investimentos e aquecer o mercado
Crédito: Envato


Para a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), a decisão do Comitê de Política Monetária tem consequências imediatas e negativas. “A elevação da Selic impacta significativamente o mercado imobiliário, tanto na ponta do consumidor quanto na cadeia produtiva. O crédito fica mais caro e o acesso à moradia é dificultado”, avalia o presidente da ABRAINC, Luiz França.

Além disso, o aumento dos juros compromete a retomada do setor e ameaça os programas de habitação social, como o Minha Casa Minha Vida, que dependem de condições de financiamento acessíveis para as famílias e de previsibilidade para as incorporadoras. “O crescimento sustentável do setor requer estabilidade econômica. A Selic em dois dígitos encarece os financiamentos e afasta investidores, além de pressionar os custos das empresas”, aponta.

Na área das incorporadoras, os desafios são complexos. Maria Eugenia Fornea, CEO da Weefor e diretora de Expansão da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (ADEMI-PR), destaca que a Selic elevada é hoje um dos maiores entraves à atividade no setor. “Além de reduzir a capacidade de compra do consumidor, ela dificulta a viabilização dos empreendimentos”, afirma.

Empresas recorrem a mercado de capitais

Com a forte queda na oferta de crédito via poupança, as incorporadoras têm recorrido ao mercado de capitais, onde as taxas efetivas chegam a ultrapassar 20% ao ano. “Isso encurta as margens e exige maior vigilância sobre o caixa, o cronograma e a estrutura de funding das obras”, alerta Maria Eugenia. Segundo ela, muitos projetos iniciados no ciclo de juros baixos estão sendo finalizados agora, com custos mais altos e ritmo de vendas mais lento, gerando pressão sobre os resultados.

O cenário também traz à tona o risco de descasamento entre custo e receita. “Esse risco está mais presente e deve seguir exigindo atenção dos agentes financiadores”, reforça a diretora da ADEMI-PR. Em meio a esse ambiente desafiador, a necessidade de planejamento estratégico e análise criteriosa de viabilidade torna-se fundamental para a sustentabilidade dos negócios.

Reflexos em toda cadeia produtiva

Para Márcio Korzeniewski, diretor da unidade MatCon da Soprano, empresa de material de construção, os reflexos da Selic alta são sentidos em toda a cadeia produtiva. “O crédito fica mais caro, tanto para empresas quanto para consumidores finais, o que pode desacelerar investimentos, reduzir o ritmo de obras e afetar negativamente a demanda por materiais”, afirma.

Diante desse cenário, ele explica que a empresa tem reforçado a eficiência na gestão de custos, priorizando soluções tecnológicas com melhor custo-benefício para atender a um mercado mais exigente.

A busca por inovação e diversificação de portfólio tem sido o caminho adotado por fornecedores que, assim como a Soprano, seguem atentos às flutuações do mercado e ao comportamento do consumidor. “A expectativa é de que os consumidores continuem priorizando soluções tecnológicas de qualidade, com bom custo-benefício e confiabilidade”, aponta Korzeniewski.

Para a ABRAINC, o momento exige atenção redobrada por parte do governo e diálogo com os setores produtivos. “É fundamental que as decisões de política monetária estejam alinhadas com as metas de crescimento, geração de emprego e acesso à moradia. Precisamos de estabilidade e previsibilidade para planejar e investir”, reforça França. De acordo com ele, o setor da construção é um grande indutor de desenvolvimento e gera efeitos em cascata em outras áreas da economia. Por isso, a política monetária precisa considerar esses reflexos para evitar uma desaceleração mais severa.

Apesar das incertezas, o setor mantém o otimismo para o segundo semestre. “Mantemos uma visão otimista para o setor imobiliário. Embora o crédito mais caro e restrito afete a demanda por financiamentos no curto prazo, a decisão de adquirir um imóvel vai além da taxa de juros do momento, já que envolve planejamento, capacidade de pagamento e, muitas vezes, a realização de um sonho de consumo”, observa França.

Segundo o presidente da ABRAINC, do ponto de vista estrutural, o setor segue apoiado em bases sólidas: incorporadoras capitalizadas, um déficit habitacional superior a 7 milhões de moradias e uma demanda superior a 11 milhões de novas unidades nos próximos dez anos, o que reforça o potencial de crescimento do setor.

Enquanto isso, empresas e profissionais do setor seguem se reinventando, com foco em inovação, gestão eficiente e solidez nas decisões. A construção civil, mais uma vez, mostra sua resiliência diante dos ciclos econômicos.

Entrevistados
Márcio Korzeniewski é engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, é diretor da unidade MatCon da Soprano.
Maria Eugenia Fornea é economista formada pela UFPR, engenheira civil pela PUCPR, especialista em Planejamento e Desenho de Cidades pela PUCPR e em Cidades Responsivas pelo Responsive Cities Institute. Mestranda em Gestão Urbana pela PUCPR, atua há mais de 15 anos no mercado imobiliário. É fundadora e atual CEO da incorporadora curitibana Weefor e do Instituto WF, e diretora de expansão da ADEMI-PR.
Luiz França é engenheiro civil, presidente da ABRAINC, vice-presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (CONSIC) da FIESP, além de liderar a França Participações e integrar diversos conselhos, como o do Banco Inter, Cury Construtora, RENAC e Conselho Consultivo da Associação Comercial de SP (ACSP).

Contatos
matheus@dinamicaconteudo.com.br (Assessoria de Imprensa)
mef@weefor.com.br
comunicacao@abrainc.org.br  (Assessoria de Imprensa)

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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