Entre os setores que movimentam a economia mundial, a construção civil é apontada como um dos mais atrasados na implementação de novos processos e adesão a tecnologias inovadoras. A consultoria McKinsey & Company define o segmento como de “baixíssima digitalização nos canteiros de obras e com excessivos métodos artesanais”. Para mudar esse cenário, desde o ano 2000 começaram a surgir as chamadas construtechs. Passados mais de 20 anos, quais as perspectivas para essas startups da construção no Brasil e no mundo?
Em palestra online na 4ª edição da Semana Acadêmica de Engenharia, promovida pelo Instituto de Engenharia do Paraná, o doutor em engenharia civil Bruno Soares Carvalho fez um resumo de como o mercado das construtechs vem abrindo espaço na cadeia produtiva da construção civil. “O segmento de construtechs tem amplo mercado a ser desbravado na construção civil. Por ser um setor que ainda utiliza processos atrasados, para as construtechs isso significa oportunidade”, diz. O engenheiro ainda destaca que a construção modular é a principal alavanca a impulsionar as startups da construção civil.
A construção modular movimentou 82,3 bilhões de dólares em 2020, em todo o mundo. A previsão é chegar a 108,8 bilhões de dólares em 2025, o que garantiria crescimento médio de 5,75% ao ano. Já a construção civil tradicional tem previsão de crescer, em média, 3,2% ao ano no mesmo período (2020-2025). “As construtechs bem-sucedidas nessa área são as que conseguem mostrar ao mercado que têm um produto confiável e inovador, e que ao mesmo tempo possui preço competitivo. Do outro lado, o que o investidor busca é aumento de produtividade e redução de custos para sua obra”, revela Bruno Soares Carvalho.
Em 5 anos, surgimento de construtechs e proptechs no Brasil cresceu 235%
No Brasil e no mundo, as construtechs estão expandindo seus mercados através dos hubs de inovação, das incubadoras, das grandes empresas da construção e das big techs. Entre as 20 maiores startups da construção civil do mundo, duas são brasileiras: a catarinense Brasil ao Cubo, recentemente adquirida pelo grupo Gerdau, e a paranaense TecVerde. De olho nesse mercado, a Construtora Tenda anunciou em junho de 2021 a criação da construtech Alea. A startup nasce com aporte de 400 milhões de reais e o foco será a construção modular para atender o programa Casa Verde e Amarela.
De acordo com pesquisa da Terracotta Ventures – empresa de investimentos em negócios de tecnologia no setor de construção e mercado imobiliário -, o Brasil tem atualmente 839 construtechs e proptechs (startups do mercado imobiliário) ativas. Houve um crescimento de 235% em 5 anos, aponta o estudo, que mostra ainda que 95% dessas empresas que atuam em território nacional estão localizadas entre as regiões sul e sudeste do país. “Há um amplo espaço para que elas cresçam nos estados do nordeste e norte do país”, aponta Bruno Soares Carvalho, que também é fundador de uma construtech: a Oak Offsite Construções.
Assista à palestra “Construtechs: edificações offsite na construção civil”
Entrevistado
Reportagem com base na palestra online “Construtechs: edificações offsite na construção civil”, do engenheiro civil Bruno Soares Carvalho, durante a 4ª edição da Semana Acadêmica de Engenharia, promovida pelo Instituto de Engenharia do Paraná
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Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330