A linha de trem Crossrail, a maior obra de mobilidade urbana da Europa, entrará em fase de teste em junho, durante a primavera no hemisfério norte. A previsão é da prefeitura de Londres. A obra é praticamente uma linha reta com 108 quilômetros de extensão, dos quais 42 quilômetros são percorridos em túneis. O trajeto corta a capital britânica de leste a oeste, interligando também cidades vizinhas à metrópole inglesa. A construção começou em 2008 e era para ter sido concluída em 2018. Escassez de recursos e lentidão em processos de desapropriações dilataram o prazo. O custo final da obra chega a 18,7 bilhões de libras (cerca de 130 bilhões de reais).
O projeto do eixo metroviário utilizou-se amplamente da construção industrializada do concreto. Uma das inovações usadas na obra foi a central de concreto sobre trilho, para dar agilidade à logística de distribuição do material nos vários canteiros de obras instalados no percurso da Crossrail. A composição de 465 metros, com capacidade para produzir até 50 mil m³ de concreto por mês, será utilizada em futuras obras no Reino Unido. Além de produzir o insumo principal para a construção da linha metropolitana, o trem serviu também para transportar parte das 250 mil aduelas de concreto usadas para revestir os túneis escavados.
Para a produção das aduelas foram consumidos 140 mil m³ de concreto. Cada elemento pesa 3,4 toneladas e no auge da produção a fábrica de pré-fabricados contratada para fornecer os segmentos chegou a fabricar 330 unidades por dia. Outra inovação na obra da Crossrail foi o uso de concreto com densidade de 3,6 t/m³ para a construção de uma laje de via flutuante (do termo em inglês, floating track slab [FTS]) sobre os 42 quilômetros de túneis – comparativamente, o concreto convencional pesa em média 2,4 t/m³. O objetivo é minimizar os impactos de ruído e de vibração na infraestrutura acima do solo. O trecho subterrâneo da linha de trem é o que cruza a área mais densamente povoada de Londres, cujas obras foram concluídas no final de 2020.
Obra propiciou a criação de uma escola para formar profissionais especializados em túneis
Com a etapa de engenharia finalizada, a Crossrail ficará cerca de 6 meses em operação-teste até ser liberada para o público – previsto para o começo de 2022. Quando entrar efetivamente em operação, a linha dará um upgrade em Londres, estimam consultores imobiliários. Além de gerar 300 mil novos empregos diretos e indiretos, a obra promete transformar os bairros de Ealing, Woolwich, Ilford e Romford, atraindo empresas e estimulando a construção de 90 mil novas residências, além de edifícios corporativos e centros comerciais. “Calcula-se que os novos empreendimentos possam ocupar uma área de 280 mil m², com investimento de 500 milhões de libras (cerca de 3,5 bilhões de reais)”, diz relatório da consultoria britânica GVA.
A Crossrail também deixa um legado para a engenharia britânica. Em 2011, no início do andamento das obras, foi criada a Academia de Túneis e Construção Subterrânea (TUCA, do inglês Tunneling and Underground Construction Academy). Entre engenheiros civis, operadores de equipamentos e operários da construção civil, a escola especializou mais de 15 mil profissionais em 10 anos. A academia não será descontinuada e seguirá formando trabalhadores para futuras obras no Reino Unido.
Entrevistado
Crossrail Ltd. (via assessoria de imprensa)
Contatos
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www.crossrail.co.uk
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330