Principal empreendimento para a Copa do Mundo de futebol de 2022 está com o cronograma avançado e deve ficar pronto três anos antes do previsto
Por: Altair Santos
Em 2010, quando o Catar foi eleito país-sede para a Copa do Mundo de futebol de 2022, foi anunciada, além das obras dos estádios, a construção simultânea de quatro linhas de metrô para atender 400 mil passageiros/dia. A pedra-fundamental do empreendimento foi lançada em 2012, com prazo para que ficasse pronto em 2022. Quatro anos depois, o cronograma já está antecipado e a obra tem nova data para ser totalmente inaugurada: 2019. A previsão é de que ao final de 2016 comecem a operar as primeiras duas linhas. Atualmente, nenhuma obra desta envergadura anda tão rápido.
Dois motivos fazem a construção do metrô do Catar avançar em velocidade espantosa: recursos fartos e um conjunto de empreiteiras internacionais especializadas em projetos e em execução de megaobras. O empreendimento está avaliado em US$ 24 bilhões (cerca de R$ 96 bilhões) e o consórcio reúne construtoras árabes, australianas e europeias (inglesas, italianas e alemãs). O conjunto de empresas foi escolhido por dominar a construção de metrôs escavados em terrenos com pouca estabilidade, como é o caso do Catar. O tipo de obra exigiu escavações mais profundas e volumes gigantescos de concreto.
São 25 tuneladoras – Tunnel Boring Machine (TBM) – operando simultaneamente, e atuando a profundidades entre 20 metros e 30 metros (quatro na Red Line North, cinco na Red Line South, dez para Green Line e seis na Gold Line). Elas escavam e já revestem o túnel com concreto jateado, para estabilizar o terreno. Em seguida, são aplicadas as aduelas pré-fabricadas de concreto para dar acabamento aos túneis. Em trechos abertos são utilizados superguindastes para assentar as peças, a fim de formar os corredores do metrô e, sobre as quais, serão construídas grandes avenidas.
Números superlativos
O volume de concreto empregado na obra é de 3,5 milhões de m³. Há 32 usinas operando 24 horas por dia, para produzir concreto de alto desempenho. Quatro fabricantes de cimento fornecem material para o metrô do Catar. O empreendimento está consumindo também 80 mil toneladas de aço. Mais um número superlativo é a quantidade de operários empregada na obra. Em 2016, quando a construção encontra-se no pico, são aproximadamente 5 mil trabalhadores. Já houve cerca de 600 mortes, que levaram o Catar a ser denunciado na OIT (Organização Internacional do Trabalho) por não cuidar da segurança dos operários.
As quatro linhas de metrô envolvem 76 quilômetros. O mais longo é o trecho que atravessa o Catar de norte a sul, conhecido como Red Line North e Red Line South. São 40 quilômetros, que contarão com 18 estações e que devem atender 280 mil passageiros por dia. A Green Line é o segundo trecho mais longo. Envolve 22 quilômetros, com 11 estações para atender 140 mil pessoas por dia. Já a Gold Line terá 14 quilômetros, com 11 estações e capacidade para 180 mil passageiros/dia. A estação de Msheireb será a principal do complexo do metrô, pois fará interligação com todas as quatro linhas.
O projeto do metrô não para após a Copa do Mundo de 2022. O Catar projeta uma quinta linha de 32 quilômetros até 2026, que será interligada a um trem de alta velocidade com 230 quilômetros extensão, e que também já está em construção.
Entrevistado
Qatar Rail, empresa que gerencia o consórcio do metrô do Catar (via departamento de comunicação)
Contato:
Info@qr.com.qa
Créditos Fotos: Divulgação/Qatar Rail
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330