Recuperar obra inacabada é superar imprevistos

Equipe destacada para finalizar construção nunca sabe o que poderá encontrar nas estruturas do edifício e, normalmente, é preciso refazer o projeto.

Equipe destacada para finalizar construção nunca sabe o que poderá encontrar nas estruturas do edifício e, normalmente, é preciso refazer o projeto

Por:Altair Santos
Palácio das Araucárias, em Curitiba: acabamento exigiu materiais leves para não sobrecarregar estrutura.

No final de 2005, um edifício abandonado havia 20 anos teve sua obra reiniciada no Centro Cívico de Curitiba – região que abriga prédios públicos do governo paranaense, além da sede da prefeitura da capital. Inicialmente projetada para abrigar as várias varas cíveis da cidade, a construção passou por uma reforma conceitual e hoje é a sede de algumas secretarias governamentais. Inaugurado em 2007, com o nome de Palácio das Araucárias, o empreendimento é emblemático para a engenharia civil, quando se precisa exemplificar como é preciso estar preparado para imprevistos ao reativar uma obra inacabada.

Para dar vida ao “esqueleto”, a Thá Engenharia lançou mão de uma série de tecnologias que, ao mesmo tempo que recuperaram a estrutura de concreto, não a sobrecarregaram. Além disso, foi preciso considerar que o prédio fora abandonado por causa de problemas no projeto. Não havia, por exemplo, estudo do solo onde a construção se localiza. Isso causou desnivelamento das lajes e comprometimento dos pilares de sustentação, que chegaram a ficar com as ferragens aparentes. A solução foi construir uma estrutura auxiliar para o prédio e recuperar a antiga, substituindo barras de ferro e injetando concreto em algumas áreas.

Esqueleto do Palácio das Araucárias: abandonado por 20 anos, prédio tinha ferragens aparentes nos pilares de sustentação.

Revitalizados, os pilares receberam revestimento com ACM (Aluminum Composite Material) para protegê-los de infiltrações e outras patologias. A fachada, que estava fora do nível, foi revestida com granito preso a inserts metálicos. Com isso, chegou-se ao prumo sem expor o edifício à sobrecarga. Outra medida para poupar a edificação de peso excessivo foi retirar o piso de concreto, onde ele estava desnivelado, e substituí-lo por estruturas metálicas, além de construir as paredes internas no sistema drywall e valorizar o vidro na fachada. As limitações que a obra inacabada impunha levaram a Thá Engenharia a adotar conceitos hoje muito comuns aos prédios verdes.

Retomar a construção de prédios inacabados, porém, tem sempre um preço elevado. O resgate do Palácio das Araucárias custou R$ 30 milhões. “Recuperar significa mandar o prédio para a UTI. Ele será curado de uma série de anomalias e os remédios não saem barato. Então, esse tipo de obra sempre terá um acréscimo de custo, sem dúvida alguma”, explica Euclésio Manoel Finatti, vice-presidente administrativo do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Paraná (SindusCon-PR). Ele lembra que o setor está sempre atento às edificações inacabadas. “Isso gera desconforto e a recomendação às construtoras é que iniciem uma obra com a certeza de que ela será finalizada”, alerta.

Euclésio Manoel Finatti, do SindusCon-PR: prédios inacabados geram desconforto ao setor.

Nesse aspecto, em 1999 a construção civil brasileira sofreu um dos maiores impactos negativos, gerados pela falência da Encol. A empresa deixou 762 prédios inacabados em 64 cidades do país, causando prejuízo a 42 mil compradores. Mais de uma década depois, um bom número desses edifícios já foi entregue e outros estão em processo de retomada das obras. A maioria deles foi encampada por construtoras de pequeno e médio porte, que usaram os incentivos financeiros e fiscais dados pelo programa Minha Casa, Minha Vida para retomar as construções e alavancar seus negócios.

Vale lembrar que, no caso dos prédios inacabados da Encol, eles foram abandonados por falta de recursos e não por falhas nos projetos, o que tornou a recuperação muito mais em conta e com menos imprevistos. “De qualquer forma, um empreendimento parado sempre exige uma avaliação técnica. Não é recomendável retomar uma obra que ficou muito tempo parada sem a análise de um perito”, recomenda o engenheiro civil Euclésio Manoel Finatti.

Entrevistado
Euclésio Manoel Finatti, vice-presidente administrativo do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Paraná (SindusCon-PR)
Currículo
– Euclésio Manoel Finatti é engenheiro civil graduado pela PUC–PR e pós-graduado em Engenharia de Produção pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP)
– Também é graduado em Ciências Econômicas pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná
– É diretor e responsável técnico há mais de 26 anos da Braengel – construções e empreendimentos imobiliários Ltda
– Participa há 18 anos da diretoria do SindusCon-PR, do conselho deliberativo do IEP (Instituto de Engenharia do Paraná) e da Federação das Indústrias do Estado do Paraná(FIEP)
– Representa a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) no grupo de trabalho PAC/Trabalhadores da Construção Civil do ministério do Trabalho.
Contato: euclesio@braengel.com.br / braengel@braengel.com.br /www.braengel.com.br

Créditos foto: Divulgação / Júlio Covello / SECS

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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