Aposta é que haverá fusões no setor e que construtoras vão redescobrir as classes B, C e D para manter vendas aquecidas.
O mercado de imóveis no Brasil, que engloba construtoras, incorporadoras e imobiliárias, experimentará novos tempos em 2009. A crise do subprime, deflagrada nos Estados Unidos, vai mudar o foco do setor e realçar a lei do mais forte. Com isso, fusões serão inevitáveis e a tendência é que as classes B, C e D, que consomem produtos de R$ 70 mil a R$ 150 mil, ganhem a atenção do setor para que as vendas se mantenham aquecidas.
Quem visualiza esse cenário é Hugo Peretti Neto, vice-presidente de área técnica do SindusCon-PR, diretor geral da construtora Hugo Peretti & Cia e presidente da Ademi-PR. Para ele, o mercado sofrerá transformações, mas não haverá crise acentuada. O motivo é simples: o Brasil tem um déficit habitacional de oito milhões de moradias. Não tem como ser diferente. No Brasil há demanda para manter a construção civil em crescimento. Tenho certeza disto, analisa Peretti.
A readequação do mercado deve envolver principalmente os lançamentos e as vendas na planta. Alguns devem ser postergados, prorrogados para 2010 ou mais adiante. Haverá um reequilíbrio e isso será necessário para depurar o setor, avalia Peretti, que acha que as mudanças vão atingir principalmente aquelas empresas que abriram o capital na bolsa de valores. Essas vão ter problemas. Pelo menos no mercado que eu conheço, que é o de Curitiba, completa.
Peretti também aposta em fusões. Algumas empresas vão se associar ou ser incorporadas. Não da magnitude como ocorreu com os bancos, mas as mais capitalizadas podem englobar as menores, e com dificuldades financeiras. Isso pode ocorrer principalmente com as corporações que abriram o capital na bolsa, diz.
A médio e longo prazos, no entanto, as perspectivas do mercado imobiliário são altamente positivas, segundo Peretti. Desde que o mundo é mundo, em questão de investimento duradouro nada supera o imóvel. Seja em rentabilidade quanto em segurança. É um patrimônio da pessoa, da empresa, que juridicamente é mais seguro. Às vezes você pode ter uma rentabilidade maior em outros tipos de aplicações financeiras, mas o histórico dos últimos dez, quinze anos, mostra que o imóvel é imbatível, comenta Peretti.
A saída para manter o mercado aquecido, segundo o analista, é investir nas classes B, C e D. Estava aquecido o mercado dos empreendimentos classe A. Agora é hora de buscar um mercado mais realista, que envolva imóveis na faixa dos R$ 70 mil a R$ 150 mil, em bairros que estão passando por transformações de infra-estrutura, afirma Peretti. Ele cita como exemplo a região que cerca a Linha Verde – principal obra da Prefeitura de Curitiba. São bairros periféricos, que passam a estar muito valorizados. Quem investir ali vai ver a crise passar longe, aposta.