4º Encontro Nacional PPP destaca avanços da pré-fabricação em concreto
Evento reforça integração entre academia e setor produtivo, além de mostrar inovações
Nos dias 04 e 05 de junho, em Brodowski (SP), aconteceu o 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado, promovido pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC). O objetivo foi integrar a academia ao setor produtivo do pré-fabricado, reunindo indústrias, projetistas, fornecedores e universidades. O evento contou com quase 200 participantes, entre engenheiros, arquitetos, empresários, pesquisadores e estudantes.
“Desde a última edição, em 2013, não havia um evento que unificasse academia, indústria e projeto. A quarta edição do PPP permitiu uma visão sistêmica e alinhamento estratégico, promovendo debates fundamentais para a evolução da cadeia de valor”, destacou Íria Doniak, presidente executiva da ABCIC.

Crédito: ABCIC
Durante os dois dias, temas como Inteligência Artificial, Concreto Reforçado com Fibras, Ultra High Performance Concrete (UHPC), Construção Modular, novos materiais e soluções inovadoras em obras foram debatidos, promovendo troca de experiências e networking.
Integração essencial para inovação
Segundo Íria, a integração com a academia é vital para o avanço do setor, ao aproximar a indústria das pesquisas em desenvolvimento e direcionar os estudos às demandas reais do mercado. Essa colaboração fortalece a base normativa da construção industrializada no Brasil, considerada a mais completa da América Latina, além de impulsionar inovações tecnológicas e a formação de profissionais especializados.
“A ABCIC apoia ações em universidades e programas com as principais escolas de engenharia do país. Essa articulação é essencial para o desenvolvimento de soluções mais eficazes e sustentáveis, além de contribuir para a qualificação técnica da mão de obra”, ressalta.
A reinvenção da construção modular
Um dos destaques foi o painel do professor Eduardo Júlio, do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, sobre a construção modular pré-fabricada em concreto. Ele relembrou que esse sistema já teve momentos de auge, principalmente no pós-guerra, quando atendeu à demanda emergencial por habitação com rapidez e baixo custo. No entanto, fatores como a queda na demanda e episódios como o colapso do edifício Ronan Point, no Reino Unido, prejudicaram sua imagem.
Hoje, a crise habitacional é novamente um desafio global, não só entre populações vulneráveis, mas também na classe média. A pressão em cidades turísticas, a escassez de moradias estudantis e a necessidade de soluções emergenciais frente a desastres colocam novamente a construção modular em destaque.
“A abordagem atual é mais integrada. Projetos precisam ser agradáveis, flexíveis e duráveis. A arquitetura é crucial para garantir estética e adaptação. A engenharia evoluiu com melhorias em ligações estruturais, desempenho sísmico e resistência ao fogo”, afirmou Júlio.
Ele também destacou que conforto térmico e acústico tornaram-se exigências básicas, e que a sustentabilidade é prioridade — com análise do ciclo de vida, materiais ecoeficientes e redução da pegada ambiental do concreto. O uso de BIM (Building Information Modeling) permite projetar de forma integrada e eficiente. “Além disso, a automação é chave para enfrentar a escassez de mão de obra qualificada”, completou.

Crédito: ABCIC
Para o futuro, Júlio acredita que a construção modular pré-fabricada, com uso de concreto, madeira e aço, será essencial. “O Brasil tem grande potencial para liderar essa transformação. Vi no evento uma forte sinergia entre academia, indústria e prática profissional, o que cria um ambiente propício à inovação. A evolução para a construção modular não é apenas lógica — é necessária”, concluiu.
Arquitetura industrializada em foco
Outro painel de destaque foi o do professor Paulo Eduardo Fonseca de Campos, da FAU/USP, que abordou a Arquitetura Industrializada e a pré-fabricação em concreto. Campos destacou a necessidade de romper com estigmas antigos ligados à industrialização do pós-guerra, como rigidez e padronização excessiva.
“O cenário atual é diferente. A pré-fabricação evoluiu e pode agregar valor à arquitetura, desde que os profissionais estejam dispostos a se atualizar”, afirmou. Ele destacou o uso de concretos de alto e ultra alto desempenho, como o HPC e o UHPC, que permitem estruturas mais esbeltas e eficientes, além de materiais como o GFRC (concreto reforçado com fibra de vidro), usado na produção de painéis arquitetônicos e banheiros prontos.
Campos também falou sobre a digitalização da arquitetura modular, com o uso do BIM e o conceito de continuum digital, que une projeto parametrizado e fabricação digital. “A industrialização da construção não é mais uma opção, é uma necessidade diante do déficit de mão de obra. Os arquitetos precisam estar preparados, tanto na formação acadêmica quanto nos escritórios.”
Campos também comentou sua participação no programa Construa Brasil, do MDIC, que foca na industrialização da construção e trata de temas como capacitação, planejamento estratégico e reforma tributária.
O painel apresentou ainda exemplos de obras vencedoras do Prêmio Obra do Ano da ABCIC, de 2022 a 2024, que ilustram os avanços da construção industrializada no Brasil. Entre eles, o Shopping Trimais, os data centers da Scala e o projeto Arquipel, que empregam estruturas totalmente pré-fabricadas, painéis arquitetônicos e soluções modernas de contraventamento e estanqueidade.
Esses projetos demonstram como a inovação, o uso de tecnologia e o design arquitetônico caminham juntos na construção moderna, reforçando a viabilidade e o potencial da pré-fabricação em concreto para atender às demandas contemporâneas da construção civil.
Entrevistados
Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC).
Eduardo Júlio é professor Catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, Presidente do GPBE Grupo Português de Betão Estrutural, fib fellow e coordenador de diversos grupos de trabalho na federação, dentre eles o TG 6.12, PRECAST CONCRETE MODULAR BUILDINGS.
Paulo Eduardo Fonseca de Campos é professor Livre-Docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), onde coordenou o laboratório de fabricação digital FAB LAB SP e o Grupo de Pesquisa DIGI-FAB – Tecnologias digitais de fabricação aplicadas à produção do Design e Arquitetura Contemporâneos.
Contato
Assessoria de imprensa ABCIC – sylvia@meccanica.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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