Invento permite reúso de água residual do concreto

15 de outubro de 2015

Invento permite reúso de água residual do concreto

Invento permite reúso de água residual do concreto 1024 572 Cimento Itambé

Conhecida como planta medicinal nas regiões norte, nordeste e centro-oeste do Brasil, moringa oleifera é a base da pesquisa desenvolvida na UFG

Por: Altair Santos

A moringa oleifera é tratada em regiões mais pobres do Brasil como uma planta quase milagrosa. O poder nutricional das folhas e da vagem ajuda no combate à fome em estados do norte, nordeste e centro-oeste do país. Além disso, o caule é usado para a produção de artefatos de madeira, entre eles baquetas para instrumentos musicais. Mas é na semente que se concentra a fama da árvore de operar milagres. Mergulhada na água barrenta, ela consegue decantar as impurezas e tornar o líquido potável. Essa propriedade inspirou uma pesquisa na Universidade Federal de Goiás (UFG), que utiliza a moringa oleifera como coagulante para tratar a água residual do concreto.

Professor Heber Martins de Paula, do campus da UFG, em Catalão-GO: sementes da moringa oleifera agem como coagulantes naturais para decantar a água dos resíduos do concreto

Professor Heber Martins de Paula, do campus da UFG, em Catalão-GO: sementes da moringa oleifera agem como coagulantes naturais para decantar a água dos resíduos do concreto

Desenvolvido originalmente como tese de doutorado pelo engenheiro civil e professor da UFG, Heber Martins de Paula, o invento permite o reúso da água utilizada na lavagem dos caminhões-betoneira e de outras ações para se produzir concreto. “A pesquisa surgiu após visita a uma usina de concreto em Catalão-GO. O objetivo inicial era fazer a gestão da água, mas descobriu-se que o maior desafio seria tratar o grande volume de água residual, que chegava a 50% do que era efetivamente gasto para produzir concreto”, explica o especialista. Para otimizar o processo, Heber de Paula chegou a uma fórmula que utiliza coagulantes químicos associados a um coagulante natural, no caso a semente da moringa oleifera.

O tratamento remove até 99% da turbidez da água residual. Boa parte desta purificação se deve às reações causadas por elementos contidos na planta. “Existe uma proteína dentro da semente da moringa oleifera que consegue aglutinar partículas sólidas e formar flocos passíveis de sedimentação. A partir daí, consegue-se remover estes sólidos por propensão. O coagulante químico potencializa a ação da proteína contida na semente”, revela o professor da UFG. A experiência mostrou ainda que quanto maior a presença de resíduos na água mais eficiência tem o tratamento proposto pelo invento. Já o tempo de sedimentação pode variar de 15 minutos a 30 minutos, dependendo do grau de turbidez.

Sementes da moringa oleifera: árvore milagrosa também viabiliza práticas sustentáveis na construção civil

Sementes da moringa oleifera: árvore milagrosa também viabiliza práticas sustentáveis na construção civil

Pesquisa premiada pela CBIC
Foram usados, junto com as sementes da planta, o sulfato de alumínio e o cloreto férrico – dois coagulantes comumente utilizados no tratamento de águas superficiais para o consumo humano. “Quando entram em contato com a proteína produzida pela moringa oleifera, esses dois agentes conseguem potencializar a capacidade dela de realizar a coagulação dos resíduos presentes na água usada na produção do concreto”, diz Heber de Paula, cujo trabalho rendeu o 1º lugar, na categoria pesquisa, durante a 20ª edição do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade (promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Realizado em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde Heber de Paula concretizou seu doutorado, a pesquisa envolveu a participação de dez pessoas, entre professores, alunos e funcionários da usina de concreto de Catalão-GO – a Brasmix. Agora o estudo entra em uma nova fase. O objetivo é que o resíduo sólido gerado pelo tratamento da água possa ser utilizado como agregado na produção de blocos de concreto para fins não estruturais. “Além das descobertas práticas, a pesquisa serviu para mostrar que a universidade é um lugar ideal para se desenvolver estudos que levem a práticas sustentáveis dentro da indústria da construção civil”, conclui o professor da UFG.

Entrevistado
Engenheiro civil Heber Martins de Paula, professor-adjunto do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Goiás, no campus de Catalão-GO

Contatos
heberdepaula@hotmail.com
heberdepaula@ufg.br

Créditos Fotos: Divulgação/UFG

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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