Surge um novo profissional nas empresas, cuja função é detectar problemas e apontar soluções.
Eles são disputados pelas empresas como um craque é pelos clubes de futebol. Mal concluem seus cursos, já estão recebendo propostas salariais que podem chegar a R$ 4 mil. Quem é esse profissional? Em seu crachá ele poderá ser definido como engenheiro de produção ou engenheiro multidisciplinar. Sua valorização se deve ao fato de que foi formado para detectar problemas e apontar soluções.
Em tese, na linguagem dos especialistas, esse profissional concilia o conhecimento da ciência aplicada com o viés administrativo e gerencial. Diz-se que ele é preparado para gerir o chão da fábrica, com capacidade de otimizar o ciclo de produção. A vantagem é que atua em várias áreas do conhecimento. Vai desde o sistema de produção, passando pelo direito e a ética, até o domínio de conceitos relativos à TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), diz o diretor do Centro Tecnológico da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), professor doutor Álvaro Guillermo Rojas Lezana.
A versatilidade deste profissional o faz ganhar outros mercados. O sistema financeiro, por exemplo, hoje está optando pelo engenheiro multidisciplinar em vez de administradores de empresa e economistas. Pelo conhecimento que têm de engenharia, eles demonstram mais habilidade para solucionar problemas complexos, resume Lezana, que batalha para resolver o déficit destes especialistas no mercado de trabalho.
Ainda há poucas universidades no Brasil que oferecem cursos de engenharia de produção. Como existe mais procura do que demanda, acaba que o país necessita importar profissionais desta área. Minha batalha é para difundir a profissão. Prova disto, é que a UFSC está para criar um curso em Joinville, onde vai tratar da área multidisciplinar, mas formando especialistas em engenharia da mobilidade (modalidade veicular e transportes), revela Álvaro Lezana, ele mesmo um exemplo de importação de mão-de-obra, já que nasceu no Chile.
A aposta é que as empresas cada vez mais vão buscar engenheiros com esse perfil. As tecnologias hoje incorporam aspectos de todas as áreas e o profissional deve saber lidar com esta complexidade, define o professor doutor da UFSC, que compara a nova profissão aos automóveis. Um bom exemplo é um carro. Cada vez mais a eletrônica embarcada aumenta, os motores começam a ser substituídos por propulsão elétrica, etc. A parte mecânica poderá ficar confinada, no futuro, apenas à casca. Ou seja, para mexer com eles, ou com qualquer outro negócio, vai ser preciso entender de tudo. Ser só da mecânica não cabe mais, sentencia.